A história da restauração do prédio do antigo fórum

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Por Miguel Sanches Neto

A defesa do patrimônio histórico em cidades com desenvolvimento urbano é, no Brasil, quase sempre uma atividade de convencimento de organismos públicos, de investidores e da população em geral. Tendo assumido a Pró-Reitoria de Extensão e Assuntos Culturais da UEPG em setembro de 2006, quando o prédio do antigo Fórum de Ponta Grossa, que servira de sede do Museu Campos Gerais, estava interditado, enfrentamos problema grave. Transferido para um dos imóveis do Itaú, por meio de um acordo que Regina de Mello e eu havíamos iniciado uns anos antes com o Itaú Cultural, o edifício em que começou a interiorização da justiça no Paraná corria sério risco de ser descaracterizado.

Um grupo da universidade defendia a sua modificação, com uma reforma interna radical, para adaptá-lo às necessidades de atendimento ao público do Núcleo de Práticas Jurídicas. Com a ajuda do historiador Cláudio Jorge Guimarães, à época Diretor de Cultura da instituição, fizemos uma reunião com a presidente do Conselho Estadual de Patrimônio Histórico e a equipe da Universidade, em que foi abortada a reforma e se definiu por um projeto que valorizasse o imóvel e o centro histórico de Ponta Grossa.

Conseguimos com o reitor, professor João Carlos Gomes, recursos próprios da UEPG e fizemos uma licitação para os projetos de restauro e de ampliação do antigo Fórum, para que voltasse a ser a sede definitiva do Museu Campos Gerais, com condições adequadas de conservação do acervo, administração e frequentação pública. Uma empresa de Porto Alegre ganhou a licitação e fez um belo projeto, que tramitou no Patrimônio Histórico e teve a intervenção proposta aprovada. Naquele momento, a Caixa Econômica Federal dispunha de recursos para restauração de prédios de relevância histórica, e ganhamos parte dos recursos via Lei Rouanet.

Como não houve continuidade do repasse de recursos, e já não estando eu mais na administração da UEPG, apenas a parte mais emergencial da obra foi feita, permanecendo o prédio sem condições de uso pleno.

Em 2018, Everson Augusto Krum e eu elegemos o Museu como uma das áreas estratégicas de investimento em cultura. Criamos condições para a revitalização do prédio provisório, onde funcionara o Banestado, que teve sua área duplicada. Destaque-se aqui a parceria com a Receita Federal, nas figuras dos delegados Gustavo Luis Horn e Demétrius de Moura Soares, que doaram produtos para um bazar, permitindo várias melhorias no prédio. E também a união de toda a equipe, tanto da UEPG quanto do Hospital Universitário, para viabilizar esta revitalização, transformando o Museu em um espaço de cultura permanente, sob o comando do professor Niltonci Batista Chaves e com a curadoria de Patrícia Camera e Rafael Schoenherr, que deram outra feição para esta unidade que é hoje um instrumento ativo da cultura paranaense.

Em paralelo a isso, e graças à intervenção da pró-reitora da Proex, professora Clóris Regina Blanski Grden, sempre uma apoiadora atuante em todas as ações do Museu, e do juiz Antônio César Bochenek, conseguimos participar de um edital da Justiça Federal destinado à restauração e à manutenção de atividades culturais em prédios de importância histórica para o Judiciário. Com a Diretoria de Projetos da UEPG, com destaque para o trabalho do professor Paulo Vitor Farago, todo o grupo do Museu Campos Gerais, submetemos o projeto pela primeira vez, sem no entanto alcançar o êxito.

Bochenek e eu fomos a Brasília para entender a razão de nosso projeto não ter sido competitivo e tivemos uma longa conversa no Ministério da Justiça, o que permitiu uma reformulação da proposta, agora contemplada com 11 milhões de reais. Isso mesmo: 11 milhões de reais!

Quero aqui agradecer a todos que acreditaram na restauração e na revitalização do Museu Campos Gerais, de maneira especial ao doutor Bochenek, pelo permanente trabalho de apoio à Universidade, da qual é, sem dúvida, um defensor dedicado. Agradecer as equipes que trabalharam em todas estas fases e reafirmar que a restauração deste imóvel importante para os Campos Gerais e o investimento no nosso Museu têm um caráter didático: mostrar a todos que é fundamental manter vivos e em pé os prédios que contam a nossa história, e que o desenvolvimento imobiliário pode estar aliado à conservação. Este será o maior investimento em restauração de um prédio da história de Ponta Grossa, mais um presente da UEPG à comunidade paranaense.

 


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