Dia do Servidor: Com 44 anos de casa, Gary sente saudades da UEPG pré-pandemia

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Era uma terça-feira, 01 de julho de 1975, quando Gary José Chagas colocou os pés pela primeira vez na Universidade Estadual de Ponta Grossa como contratado. Nesse dia, o filho de uma professora e de um funcionário público decidiu seguir os passos dos pais como servidor do Estado do Paraná.

No Registro de Empregados 479, constam, entre outras informações, a idade – 21 anos, cargo – assessor financeiro, seção – reitoria. O Documento da Pró-reitoria de Recursos Humanos atesta o que muitos colegas já desconfiavam, Gary é o servidor mais antigo em atividade. Ostenta 44 anos de casa e há quem imagine que quando ele aqui entrou já estava de terno e gravata, sua marca registrada, dizendo “Oi, oi, meu querido. Oi, oi, minha querida”, frases carinhosas que traduzem a simpatia e o bom humor pelos quais é conhecido.

“A UEPG era ‘pequena’, com alguns funcionários e poucos professores. No primeiro dia de trabalho, fizemos um visita pela Universidade para conhecer como tudo funcionava”. Depois disso, Gary relata que já começou suas atividades no campus centro, desde sempre seu local de trabalho. Naquela época, diz ele, eram os mesmos blocos de hoje, que abrigavam os primeiros cursos da instituição. A diferença era a Praça Santos Andrade, em frente à fachada histórica, que era aberta e os carros podiam estacionar. “Às vezes aconteciam brigas porque um carro de funcionário trancava o outro, mas nada grave”, ri. Há anos a pracinha está fechada, com acesso apenas para pedestres.

Amigo dos reitores

Curitibano, Gary nasceu em 9 de setembro de 1954.  Aos 19 anos, veio para Ponta Grossa. Jovem, começou a trabalhar na assessoria jurídica a convite do reitor Professor Odeni Villaca Mongruel. Quatro anos depois, assumiu a chefia de gabinete do vice-reitor Waldir Silva Capote. Entre os anos de 1983 e 1987, foi Chefe de Gabinete do reitor Ewaldo Podolan. “Minhas memórias são ótimas, grandes pessoas conheci durante todos esses  44 anos, grandes reitores, grandes professores, mestres”, recorda.

Nos quatro anos seguintes, integrou a quinta gestão da Universidade, com o reitor João Lubczyk. Foi nessa época que ele e a servidora Jeanne Regina Morais trabalharam juntos. Ela, que hoje é Diretora Financeira da Pró-reitoria de Assuntos Administrativos, diz que Gary é um grande amigo, de casa. “Sempre foi muito educado, gentil e brincalhão com os companheiros de trabalho. Disposto a ajudar. Excelente profissional, leal e amigo de todos os reitores”.  Jeanne nutre por Gary um sentimento de irmã. “Ele sempre teve um sentimento filial para com meu pai”, diz carinhosamente.

Para Gary, o maior trabalho que realizou na UEPG, no início, foi o desmembramento do terreno do Centro Rural de Treinamento e Ação Comunitária (Crutac), em Itaiacoca. “Começamos legalizando a documentação no cartório, depois peticionamos ao juiz e juntamos toda a documentação”, explica.

Aluno da UEPG

Na década de 80, Gary passou a ocupar mais um lugar na UEPG, a carteira de estudante numa sala de aula no Bloco A. Cursou Direito e se formou em 1988. Apesar de graduado, Gary, não chegou a trabalhar como advogado, fez, segundo ele, apenas algumas separações e  inventários,  mas nunca cobrou pelo trabalho. Focou no trabalho como servidor público, na Universidade. “As minhas experiências na UEPG foram as melhores da minha vida pois eu vivo a UEPG até hoje, fiz amigos e me dei ao luxo de conhecer grande parte dos alunos no início pelo nome”, comenta.

Crav

Antes de chegar ao Centro de Recursos Audiovisuais (CRAV), unidade sob sua responsabilidade há 18 anos, Gary trabalhou na Diretoria de Assuntos Acadêmicos, antiga denominação da Pró-reitoria de Graduação. Foram 12 anos na DAAC.

O Crav atende praticamente todos os eventos da instituição com som e infraestrutura como transporte de praticáveis e púlpitos. Ele contextualiza que antes o Centro fazia fotos e filmagens, atividades que acabaram passando com o tempo para a Coordenadoria de Comunicação (CCOM – UEPG). “Nós tínhamos laboratório de revelação branco e preto. Fazíamos tudo”, relembra. Com a transição, os registros fotográficos do CRAV, desde a década de 70, foram destinados ao Museu Campos Gerais.

O fotógrafo, originalmente do Crav e agora lotado na Ccom, Maurício Bollete, diz Gary é uma das pessoas mais queridas e educadas que ele conhece. “Extremamente gentil e prestativo. Sempre de bom humor. Só me vêm coisas boas quando lembro dele”.

Longe da UEPG

Enquanto a vida não volta ao normal por conta da pandemia, ele se distrai com uma paixão antiga, os aquários. Desde os dez anos de idade, quando montou o primeiro aquário na casa da avó, é apaixonado pelo tema. “Em 2014, fui campeão de aquapaisasagismo no Paraná, classificado no campeonato internacional no Japão”. Além dessa paixão, tem outros, e mais importantes, amores, as três filhas, o filho de 10 anos e a esposa  Karine Chagas.

Com a suspensão das aulas, as luzes, o som e a alegria dos eventos cessaram. Depois de muitos meses, o “evento do dia” foi a segunda-feira, 26 de outubro, quando ele vestiu novamente o terno e a gravata com o brasão da Universidade e foi até o campus para fazer uma foto para esta matéria. A saudade bateu ainda mais forte. “A UEPG é minha vida porque nesses 44 anos eu só vivi a UEPG. Sinto muita falta de tudo. Não vejo a hora de voltar à rotina. Será muito bom”.

Redação: Luciane Navarro   
Entrevistas: Luciane Navarro e Gabriella de Barros 
Documentação: Julio César Prado
Pesquisa de imagens: Carlos Clarindo e Luciane Navarro 
Fotos: Arquivo CCOM, acervo pessoal e Mauricio Bollete

 


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