Primeiro indígena defende TCC no curso de Odontologia da UEPG

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“Somos existência da resistência. Nossos antepassados resistiram para que a gente existisse hoje, então vamos dar continuidade à nossa resistência”. Esse foi o recado de Renato Pereira, primeiro indígena a defender um trabalho de conclusão de curso em Odontologia na UEPG, para os colegas indígenas que estudam na universidade.

Nesta sexta (11), Renato, que é da etnia kaingang, defendeu o trabalho “Adaptação transcultural e tradução de material educativo em saúde bucal para língua Kaingang”. O trabalho orientado pelo professor Manoelito Ferreira Silva Júnior e pela professora Letícia Fraga foi aprovado pela banca, composta ainda pelas professoras Márcia Helena Baldani Pinto e Cristina Berger Fadel.

“Este é um momento histórico para a instituição. Fico muito orgulhoso, e quero que fique na história da UEPG, que o curso de Odontologia formou o primeiro indígena, e o nome dele é Renato Pereira”, comemora o kaingang. Essa também é a percepção do vice-reitor da UEPG, Everson Krum. “A conclusão do curso de Odontologia pelo primeiro aluno indígena é um marco histórico para a UEPG, pois é a concretização prática das políticas afirmativas que vêm sendo desenvolvidas pela universidade”, complementa. “O conhecimento adquirido na universidade retorna, a partir do Renato, para a comunidade onde ele vive”.

No trabalho de conclusão de curso, o acadêmico desenvolveu a tradução e adaptação de um material educativo sobre saúde bucal para a realidade das comunidades kaingangs. O objetivo foi, além da mera tradução, adequar as orientações ao contexto cultural indígena. Pensado inicialmente para atender às necessidades da comunidade Tibagy-Mococa, de onde Renato é oriundo, a cartilha ganhou proporções maiores e pode ser utilizada por mais unidades de saúde indígena. “O material educativo criado pelo Renato vai beneficiar não só sua comunidade, mas toda a população indígena”, elogia o professor Manoelito.

A professora Letícia, que representa a UEPG na Comissão Universidade para os Índios (Cuia), ressalta a importância do aluno indígena na universidade não só para ele, mas também para os professores e para a instituição. “O maior aprendizado da minha convivência com os alunos indígenas é de pensar coletivamente as coisas. A vida é assim: as coisas se sobrepõem, se integram. E os povos indígenas no Brasil vivem isso”, destaca. “Eu não tenho dúvidas sobre a capacidade dos estudantes indígenas. Mas essas pessoas precisam ter oportunidades, espaço e pessoas dispostas a ouvir”.

A trajetória de Renato no decorrer do curso foi acompanhada e apoiada pela Klabin, empresa brasileira produtora e exportadora de papéis para embalagens com unidades industriais no Paraná, localizadas em Telêmaco Borba, Ortigueira e Rio Negro. A companhia arcou com os custos dos materiais utilizados pelo estudante durante todo o desenvolvimento do curso. Além de Renato, a Klabin apoia outros 32 estudantes de cursos de graduação e de capacitação em diversas instituições, como parte integrante de seu Plano Básico Ambiental Indígena (PBAI), uma das condicionantes para o licenciamento da unidade Puma, em Ortigueira. “Temos o compromisso de contribuir com o desenvolvimento local e entre as nossas principais frentes para isso estão o incentivo à educação. Iniciativas como essa estão em linha com a nossa Política de Sustentabilidade e com os Objetivos do Desenvolvimento Sustentável, da ONU”, afirma o gerente de Responsabilidade Social e Relações com a Comunidade da Klabin, Uilson Paiva.

Texto e fotos: Aline Jasper |  Colaboração: Klabin

 


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