Grupos e servidores atuam no cuidado dos cachorros que vivem na UEPG

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Cumprimentar os cachorros que vivem no Campus da Universidade Estadual de Ponta Grossa (UEPG) é ato quase obrigatório para alguns alunos, professores e servidores da instituição. Para que os moradores de quatro patas mantenham saúde e bem-estar físico em dia, integrantes da comunidade universitária auxiliam no cuidado e proteção dos bichinhos. O trabalho, sem fins lucrativos, demonstra um sentimento: o amor pelos animais.

Lucia Helena Garrido, do Laboratório de Produção de Medicamentos, começou o trabalho de cuidado dos cachorros do Campus há 14 anos, quando ainda fazia mestrado na UEPG. No início, ela fornecia somente a alimentação. “Agora, os cuidados são mais expressivos, para além da alimentação com ração todos os dias da semana. Agora estamos em torno de 4 a 5 pessoas voluntárias, administrando remédios, antipulgas e agendando exames”. Lucia faz parte do Grupo Fauna, ONG de defesa dos direitos animais e ambientais em Ponta Grossa. A atuação depende da ajuda da comunidade para os atendimentos veterinários.

Quando chega o inverno, o grupo é rápido na compra de cobertores e na arrecadação de papelões. “Quando algum deles não está bem ou aconteceu algum abandono, sempre entram em contato conosco e, na medida do possível, acabo encaminhando para a clínica veterinária”, explica Lucia. Quando a idade chega, os cuidados com os cachorros se intensificam. “Todos os cães idosos me marcam bastante, principalmente os que falecem aqui no Campus. Todos ficam com várias dificuldades, principalmente de locomoção e maior sensibilidade ao frio”, adiciona.

Marilis de Lara trabalhou por 27 anos como professora do Colégio Agrícola e também tem lembranças marcantes com os cachorrinhos da UEPG. “Quando o Lobo, nosso cão comunitário do Bloco da Educação Física, quase perdeu a visão por briga, o levei no veterinário e hoje está super bem”, relembra. Marilis atua no Grupo Fauna e no Grupo Dogs da UEPG e atua com animais há mais de 20 anos. “Eu levo ração, medicamentos, cobertores, papelões. Quando possível, levo em clínicas para tratamentos e castração, por isso tenho inúmeras lembranças marcantes com eles”, ressalta.

O cuidado de Silvania Chiezi Mendes com os cachorros da UEPG iniciou em 2015 e, desde então, a servidora da Pró-Reitoria de Pesquisa e Pós-Graduação cuida da Cotoca e da Mãezinha, que vivem no portal. “Comprei uma casinha pro negão quando ele era vivo e para sua companheira, a Cotoca, ou Rajada como muitos a conhecem”, conta. Negão faleceu no ano passado, mas durante a vida teve alimentação, petiscos, exames e antipulgas dados por Silvania. “Ainda cuido da nova moradora, que foi abandonada no Campus e estava prenha, a Mãezinha”. O nome fez jus à cachorra, que teve oito filhotes, “e graças a ajuda de vários cuidadores, foram muito bem cuidados, alimentados e todos receberam um lar. A Mãezinha já foi castrada e continua em Uvaranas. Agora bem alimentada, esperta e mais sociável”, explica.

Trabalho contínuo

Mesmo feito com amor, a rotina rende momentos tristes, segundo Lucia. “Como o abandono de idosos, que já aconteceu várias vezes. Nesse último abandono, estamos ainda procurando por lar temporário ou adoção”, conta. Cuidar dos animais é responsabilidade social: “Eu fico um dia com um cachorro e me apaixono. Uma pessoa fica 10 anos e abandona por ter ficado velho. Isso eu nunca vou entender”.

Cuidar dos animais implica na diminuição do sofrimento. “Enquanto sociedade, temos que minimizar o sofrimento, seja de qual ser vivente que for. E os cães comunitários, além de serem amparados por lei, precisam de nós. E a UEPG, como instituição, assumiu a responsabilidade de proporcionar segurança à eles”, ressalta. Lucia gosta dos animais e criou um vínculo com os cachorros que vivem na UEPG. “Ração, antipulgas, sempre da melhor marca, vermífugo e, claro, biscoitinhos para agradá-los, como faço com os meus, em casa”.

Para Silvania, cuidar dos cachorros da UEPG é saber que eles não serão mais abandonados. “Nenhum deles está aqui por escolha, mas porque aqui encontraram alimento, abrigo e carinho”, pontua. A servidora enfatiza que o trabalho também é feito na Fazenda Escola, com cães e gatos que vivem por lá.

O trabalho é árduo e contínuo, de acordo com Marilis. “Mas o amor e o bem estar deles nos recompensa. Nos unimos para cuidar dos nossos comunitários, pois devido aos inúmeros abandonos, e também a extensa área do Campus, não é uma tarefa fácil”, explica. O Grupo Fauna também atua na educação e conscientização nas escolas, para evitar o comércio de animais e abandonos. “Acima de tudo, estamos munidos de leis de proteção, em que podemos cuidar deles no Campus e temos apoio nesse trabalho tão valioso. Eles são especiais, amigos, amorosos, mas também indefesos e precisam muito da nossa ajuda e proteção”, ressalta.

A comunidade interna e externa pode ajudar o Grupo Fauna aqui e o Grupo Dogs da UEPG aqui.

Apoio

A Prefeitura do Campus (Precam-UEPG) apoia as iniciativas das organizações que atuam na instituição, fiscalizando e proporcionando espaços seguros de cuidado. O órgão designou locais adequados para fornecimento de água, ração e casinhas de abrigo. Em casos de possíveis ataques de cães externos que frequentam o espaço da Universidade, a Precam atua junto ao Poder Municipal e aciona o zoonoses para recolhimento e castração dos animais.

Texto: Jéssica Natal | Fotos: Fábio Ansolin


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