A arte de cuidar: na semana da enfermagem, UEPG homenageia profissionais

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Terça-feira, 07 de fevereiro de 2023. Era um dia normal de trabalho e a técnica de enfermagem Gilce Antunes chegou ao Campus Central da Universidade Estadual de Ponta Grossa (UEPG) perto das 8h. Passou pela guarita da vigilância, onde Zuli Sawcsuk já trabalhava desde bem cedinho, e a cumprimentou. Ninguém diria que no fim da manhã, uma salvaria a vida da outra. Na Semana da Enfermagem, o abraço carinhoso de agradecimento dado pelas colegas de trabalho se estende a todos os enfermeiros e técnicos de enfermagem que atuam nos Hospitais e Ambulatórios da Universidade e no curso de Enfermagem.

Nem era para Gilce estar ali, naquele dia. “Eu ia tirar férias em fevereiro, mas pedi para minha chefia para antecipar para janeiro”, lembra. Era 11h40, logo antes do horário de almoço, quando um aluno de Serviço Social entrou no Ambulatório avisando que havia alguém caído no jardim em frente à UEPG. “Passei a mão nos equipamentos e me mandei”. Chegando lá, Zuli estava caída, em parada cardiorrespiratória. Enquanto as pessoas ao redor ligavam para o Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu), Gilce começou a manobra de reanimação cardiopulmonar (RCP).

Normalmente, em uma manobra do tipo, dois profissionais de saúde se revezam a cada dois minutos nas compressões torácicas, procedimento que exige força e é cansativo. Mas nesse caso, Gilce estava sozinha e a ambulância levou cerca de quinze minutos para chegar. “Me senti tão insegura, parecia que eu era tão pequena ali, com aquela vida na minha frente e eu pensava ‘meu deus, eu não vou conseguir’. Pedi pra deus que me ajudasse”. O esforço valeu a pena – e a experiência de anos trabalhando em hospitais foi um diferencial para garantir a sobrevivência de Zuli.

“Segundo os cardiologistas que me acompanharam no hospital, foi um milagre eu ter sobrevivido e um segundo milagre eu ter ficado sem sequelas”, conta a vigilante. Quando a ambulância chegou, ela foi entubada, precisou de mais duas reanimações até chegar ao hospital, onde ficou por duas semanas, uma delas na Unidade de Terapia Intensiva (UTI), com as complicações da parada cardiorrespiratória e de uma pneumonia aspirativa. Agora, faz o acompanhamento médico para descartar completamente as probabilidades de sequelas e para manter o tratamento.

Zuli ganhou uma chance de conhecer a pequena Melina, que nasceu em 10 de abril. “Como que eu ia morrer sem conhecer minha neta? A sensação é de que ganhei um presente de Deus”. A gratidão é o sentimento que fica marcado no abraço carinhoso entre Zuli e Gilce. “Se não fosse por ela, eu não estaria aqui agora”.

Arte de cuidar

“Eu não me vejo fazendo outra coisa”. A declaração é de quem ama profundamente a rotina da enfermagem e se dedica, todos os dias, a cuidar de outras pessoas. Nos Hospitais da UEPG, a Ângela, o Marlon, a Ana Maria e a Maria Elisângela são alguns dos enfermeiros e técnicos de enfermagem que trabalham para prestar assistência aos pacientes. Todos os dias, centenas de vidas são salvas pelo trabalho e pelo cuidado de cada um destes profissionais.

Do alto da experiência de 20 anos na profissão, a enfermeira Ângela Maria de Souza já pode dizer que pensa na formação de novos profissionais para assumir cargos de gestão e para garantir a melhor assistência possível aos pacientes. Ela, que coordena as UTIs Neonatal e Pediátrica do Hospital Universitário Materno-Infantil (Humai), encontra prazer na assistência direta ao paciente, mas também na coordenação de uma equipe comprometida e dedicada. “A minha paixão de enfermeira é saber que consigo trabalhar com outras profissões, com respeito e sabendo que cada um tem sua função”, declara. “O resultado final é o paciente ir embora sem sequelas ou com o mínimo de sequelas”.

A função de coordenadora diminui o contato direto da enfermeira com os bebês internados na UTI, mas o carinho ao pegar no colo os pequenos pacientes denuncia que cada oportunidade de voltar à assistência é recebida com alegria. “Nossa missão é entregar de volta o bebê para a mãe, que confiou a nós seu maior amor”.

“Quem mais está presente durante as 24 horas do dia, quem mais manipula o paciente é a equipe de enfermagem”, explica Angela. Essa também é a percepção do enfermeiro Marlon Sebastião Krol. “Nós estamos aqui para atender às necessidades do paciente”, resume Marlon. Ele explica que não só as necessidades físicas, como se manter limpo, seco e confortável, mas também emocionais, de acolhimento, espirituais. “A enfermagem interliga todas as outras profissões, e é fundamental na equipe multiprofissional”.

O enfermeiro assumiu a coordenação dos leitos de UTI Adulto do HU-UEPG no pico da pandemia de Covid-19, em 2021. Foi um desafio, mesmo para quem já conhecia bem o hospital e as rotinas da UTI. “Eu gosto muito da assistência ao paciente, tanto que quando me chamam para puncionar uma veia ou fazer algum procedimento, vou correndo”, lembra. “Mas sei que hoje, na posição que estou e com a experiência que eu tenho, preciso assumir essa posição de gestão”.

Em plena pandemia de Covid-19, a demanda por hemodiálise, procedimento que realiza a filtragem do sangue, nos leitos de UTI aumentou significativamente. Uma das profissionais responsável por realizar esse procedimento é a técnica de enfermagem Ana Maria Esteves, que atua no HU-UEPG há dez anos. Para ela, o cuidado de pacientes críticos na UTI é, ao mesmo tempo, apaixonante e motivador.

“É aquele que pega na mão, conversa. Se o paciente está com medo, você que dá segurança. Eu acho que a enfermagem é uma das profissões mais próximas do paciente”, define Ana Maria. Para a técnica e graduanda em enfermagem, a maior realização no trabalho cotidiano, mesmo que cansativo, é poder conversar, ter contato diário com os pacientes e saber que faz a diferença no conforto de alguém que está internado no hospital.

Na mesma moeda, a vida e a morte. Na trajetória profissional da técnica de enfermagem Maria Elisângela Alves Machado, ela já passou pelo cuidado aos pacientes críticos na UTI e pelo auxílio aos nascimentos na Maternidade. “O que estimula a levantar cedo, a vir trabalhar, é saber que nós fazemos acontecer”.

Longe de ter uma visão romantizada da profissão, ela explica que nem sempre tudo são flores: às vezes, tem sujeira, sangue, pessoas difíceis de lidar, lágrimas, perdas. Mas, ainda assim, é um trabalho gratificante. “É muito bom trabalhar com a felicidade das pessoas que têm seus bebês aqui na maternidade, e também é uma honra trazer um alento para quem não tem um desfecho tão feliz”.

“Nossa profissão é uma bênção na vida das pessoas”, classifica Maria. E é graças ao cuidado, amparo e carinho dos profissionais da enfermagem que vidas são salvas todos os dias.

Texto e fotos: Aline Jasper


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