Professores refletem impacto de projeto para curso de Bacharelado em Geografia

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Quase três mil quilômetros rodados, reuniões, mapeamentos geográficos e muita experiência. É assim que o curso de Bacharelado em Geografia, ligado ao Setor de Ciências Exatas e Naturais da Universidade Estadual de Ponta Grossa (Sexatas-UEPG), vive uma nova fase. Por meio do projeto de extensão para construir projetos de desenvolvimento urbano e regional em municípios do Paraná, o curso oferece formação prática para acadêmicos. A iniciativa que começou em 2021 já rendeu frutos: em 29 de julho, os alunos e professores envolvidos conquistaram o Prêmio de Extensão Universitária do Conselho Regional de Engenharia e Agronomia do Paraná (Crea-PR) de 2023.

A UEPG foi a única estadual do Paraná a receber o primeiro lugar no 30º Fórum de Docentes e Discentes, organizado pelo Crea, em Curitiba. O evento abordou temas de tecnologia, empregabilidade e empreendedorismo. A Universidade obteve o primeiro lugar na modalidade Agrimensura. “Eu fiquei muito emocionado. O evento valorizou a Geografia, algo que ainda não havia visto. Foi muito emocionante receber este reconhecimento”, comenta o professor coordenador do curso de Bacharelado em Geografia, Márcio Ornat. No projeto, atuam alunos e professores do  Departamento de Geociências; Departamento de Economia; Centro de Educação Empreendedora; Departamento de Direito das Relações Sociais; Departamento de Química; além do Curso de Bacharelado em Geografia.

Trabalho

A extensão é o meio pelo qual o ensino e pesquisa acontecem. O professor Márcio Ornat sabe bem o que significa esta afirmação. O que começou como uma disciplina agora é um projeto de extensão, voltado municípios com Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) médio e baixo no Paraná, por meio da elaboração e revisão dos planos diretores participativos. “Compartilhamos o conhecimento adquirido na UEPG para elaboração dos planos diretores, com caminhos alternativos que atendam aos interesses e necessidades das comunidades”, conta o professor.

O planejamento é trabalhar nos municípios de Cerro Azul, Doutor Ulysses, Guaraqueçaba e Laranjal. Com os planos diretores, os municípios conseguem captar recursos, empréstimos e financiamento. O trabalho também contribui para a reflexão crítica de concepções e práticas do planejamento urbano e regional, segundo Márcio. “Todo mundo ganha, a prefeitura, os alunos e os moradores. Nós ganhamos muito porque os municípios são literalmente laboratórios pra gente”, destaca. 

Ação

Atualmente, a equipe que compõe a ação extensionista está envolvida na elaboração dos mapas temáticos municipais e a sistematização das leituras comunitárias. Um dos destaques é Doutor Ulysses, conforme conta Ornat. “A cidade estava irregular junto ao Sistema de Financiamento de Ações dos Municípios do Estado do Paraná, desde o ano de 2017, pelo fato de que desde este ano o município deveria ter revisado o seu Plano Diretor”. Com o trabalho da UEPG, a cidade agora consegue mais investimentos do Estado. “Em junho, o município foi considerado apto a acessar recursos de empréstimo. Dependemos agora da aprovação pelo Paranacidade do projeto de pavimentação, drenagem urbana e iluminação pública com lâmpadas LED”, conta. 

Além do aprendizado, o projeto deu aos alunos mais orgulho por serem bacharéis em Geografia, conforme conta Andrea Tedesco, professora do curso e pró-reitora de Planejamento.Hoje nós olhamos nossos alunos resolvendo problemas da sociedade, que é aquilo que eles vão fazer quando se formarem.  E esse projeto melhorou muito a autoestima dos nossos alunos”, comemora. A revisão de planos diretores é um campo vasto e rentável de atuação profissional, segundo a professora. “Valorizamos o curso e demos aos alunos a possibilidade de se prepararem para algo que é extremamente rentável para os profissionais depois de formados”, conta.

Os alunos são os protagonistas da ação extensionista, juntamente com docentes e discentes da pós-graduação, que atuam como facilitadores, propositores e articuladores entre ciência geográfica e sociedade. A experiência foi desafiadora para a estudante de Bacharelado em Geografia, Judite Bueno de Camargo. “No início, me pareceu não somente uma proposta inovadora, mas bastante desafiadora. Aplicar os conhecimentos que adquiri no decorrer da graduação foi sem dúvida de grande valor, me mostrou a importância da minha profissão e do compromisso que temos com a sociedade”, relembra.

Judite participou desde as primeiras reuniões do projeto. “Sempre conversávamos para tentar sensibilizar a população (adultos, crianças e adolescentes), para que participassem efetivamente deste processo. Meu trabalho é também coletivo, desde o início até onde está agora”, reflete. Para Márcio Ornat, todos aprendem e ensinam com a experiência. “Todo mundo interage uns com os outros, nós e a comunidade. Estamos fazendo pesquisa, ensino e extensão ao mesmo tempo”, finaliza. 

Texto: Jéssica Natal | Fotos: Jéssica Natal e divulgação

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