Museus da UEPG levam cultura, história e ciência à Primavera dos Museus

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Encantamento. Em cada atividade proposta pelos Museus da Universidade Estadual de Ponta Grossa (UEPG), na Primavera dos Museus, só se via olhares repletos de deslumbramento. Entre 19 e 23 de setembro, o Museu Campos Gerais (MCG) e o Museu de Ciências Naturais (MCN) integraram as atividades do evento nacional coordenado pelo Instituto Brasileiro de Museus (Ibram), que teve como tema em 2023 “Memórias e Democracia: pessoas LGBT+, indígenas e quilombolas”.

O objetivo da Primavera dos Museus, que chega à sua 17ª edição, é promover, divulgar e valorizar os museus brasileiros, aumentar o público visitante e intensificar a relação dos museus com a sociedade. Para o diretor do MCN, Antonio Liccardo, promover atividades diversificadas, oficinas e cursos é parte do papel desses espaços. “Os museus têm tudo para para alcançar a sociedade com mais incisão, com mais consistência, e esses cursos e oficinas fazem isso”, avalia.

O diretor do MCG, professor Niltonci Batista Chaves, ressalta que a programação foi alinhada com o debate proposto pelo tema deste ano. “O museu que a gente quer não é um local de objetos estáticos, mas sim um espaço de produção de conhecimento. Foi com esse pensamento que elaboramos as atividades que compuseram a nossa Primavera dos Museus”, exalta o diretor.

A história e a ciência na prática

Uma grande caixa, com quatro gavetas, chamava a atenção de uma turma de 6º ano do Ensino Fundamental do Centro de Atenção Integral à Criança e ao Adolescente (Caic-UEPG). A escola fica ao lado do Museu de Ciências Naturais, mas a maior parte da turma ainda não conhecia o espaço. A aluna Izabely Martins de Araujo estava animada com a perspectiva de conhecer fósseis, animais e colocar em prática os conhecimentos da sala de aula. Na visita ao acervo do Museu, ficou boquiaberta com os fósseis de pteurossauros. “Eu aprendi muitas coisas”, comemorou, orgulhosa. “Essa atividade é muito interessante, porque eu gosto de Ciências”.

A atividade de que Izabely participava era a oficina “Paleontólogo por um dia”, ministrada por Gabrieli Goltz, Ana Paula Meira e Marilise Meister, na tarde de quarta-feira (20). Além de conhecer mais sobre os fósseis e sobre como trabalham os paleontólogos, as crianças puderam, na prática, escavar seus próprios fósseis nas gavetas do equipamento de suporte pedagógico desenvolvido pelo arqueólogo Moacir Elias dos Santos. “A ideia principal era trazer informações novas e despertar a curiosidade com relação à ciência. Acho que isso é o mais importante”, conta.

Para a professora do Caic, Viviane Christine Martins, a animação dos alunos foi um presente. “É difícil, nessa idade, abstrair os conteúdos. Então, quando eles veem de forma concreta, o aprendizado é muito mais fácil”, explica.

“É quase como voltar no tempo”. Para a aluna da Licenciatura em Geografia da UEPG Marcela de Andrade Medeiros, que participou da oficina de experimentação em cerâmica arqueológica tupiguarani, as atividades da Primavera dos Museus trouxeram novos conhecimentos e habilidades e renovaram o interesse no Museu, onde ela já atua como monitora. “Observar as amostras dentro do Museu é uma coisa. Outra é perceber o processo de fazer a cerâmica na prática. É algo totalmente novo”.

A programação do MCN começou na terça (19), alinhada à Mostra de Laboratório de Ensino em Ciências e Biologia, e seguiu com oficinas para públicos diversos, cada uma voltada para uma faixa etária ou grupo de interesse. Na quarta (20), aconteceu a oficina “Paleontólogo por um dia”, com alunos do Caic; na quinta, “Experimentação em cerâmica arqueológica Tupiguarani”, ministrada por Carla Silvia Pimentel, Moacir Elias Santos e Alison Diego Leajanski; e no dia 23, Susete Wambier Christo, Augusto Luiz Ferreira e Seth Wiens Marques ministraram a oficina “Moluscos à solta – explorando os efeitos das espécies exóticas na conservação da biodiversidade”.

História e Diversidade 

Para celebrar o tema da Primavera dos Museus deste ano, o Museu Campos Gerais (MCG) promoveu palestras e oficinas entre os dias 19 e 22 de setembro, ministradas por convidados com formação na área da museologia e atores culturais ligados à memória, com foco na diversidade. A programação do MCG também integrou o Terceiro Colóquio do Programa de Pós-graduação em História (PPGH), da UEPG. As atividades ocorreram no Auditório Pinheiro Machado, na sede atual do museu, e reuniram pesquisadores e públicos diversos para debater o papel socioeducativo dos museus e o seu potencial para proporcionar reflexões relacionadas a memória e diversidade. 

O evento iniciou com a palestra “A glória do meu quilombo: a importância de Carolina Maria de Jesus”, ministrada pela atriz Ligiane Ferreira, criadora e intérprete do espetáculo de mesmo nome, no dia 19. A abertura oficial do evento ficou a cargo da professora Caroline Pacievitch, da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), que abordou o tema “20 anos de ensino de História”. Na sexta-feira, 22, o professor Jezulino Lúcio Mendes Braga, da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) fechou a programação da Primavera dos Museus no MCG com a palestra “Convites para uma educação em museus”. 

“Todas as discussões desenvolvidas nas oficinas, palestras e sessões de debate me auxiliaram a entender alguns temas importantes para a área da minha formação e  nos atualizar de debates pertinentes nesse campo”, comenta a pesquisadora Mirielen Machado, mestranda pelo PPGH. Para ela, é necessário entender e dar novos significados ao espaço dos museus, de maneiras a aumentar o interesse das pessoas sobre os potenciais que eles oferecem.

Visita da Seti

O assessor especial para museus da Secretaria Estadual de Ciência, Tecnologia e Ensino Superior do Paraná (Seti), Renê Wagner, visitou os Museus da UEPG durante a Primavera dos Museus e participou de algumas atividades. Ele destaca que o debate desta edição dialoga com os objetivos de museus universitários. “O tema diversidade está na concepção atual do que entendemos como museu. É um aspecto de riqueza cultural essencial na busca por uma sociedade melhor”, exalta o assessor.

Em sua passagem pela Universidade, Renê se reuniu com o reitor, professor Miguel Sanches Neto, para apresentar projeto de compartilhamento de informações entre museus do estado por meio de plataforma digital. O projeto “Conectando Memória e Inovação: IA para Museus e Centros de Documentação do Paraná”, da Rede Estadual de Museus e Centros de Documentação Universitários (Remup), investirá na digitalização dos acervos estaduais e os disponibilizará no portal Paraná faz Ciência, da Seti, onde ficarão disponíveis para visitantes e pesquisadores.

Participaram da reunião o coordenador do projeto, professor Edson Armando, do Departamento de História da UEPG; o diretor do MCG, Niltonci Chaves; e o presidente da Fundação de Apoio ao Desenvolvimento Institucional, Científico e Tecnológico da UEPG (FAUEPG), Sinvaldo Baglie; e Claudia Rejane Almeida Santos, assessora de gestão documental da Seti.

Texto: Aline Jasper e Gabriel Miguel | Fotos MCN: Aline Jasper | Fotos MCG e Gabinete da Reitoria: Gabriel Miguel

   


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