Projeto com apoio da UEPG realiza inventário de sítios arqueológicos com pinturas rupestres nos Campos Gerais

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O Grupo Universitário de Pesquisas Espeleológicas (Gupe), que conta com apoio da Universidade Estadual de Ponta Grossa (UEPG), iniciou um novo projeto para pesquisar a riqueza arqueológica dos Campos Gerais. Desde março deste ano, o Grupo realiza o inventário se sítios arqueológicos com pinturas rupestres, na Área de Proteção Ambiental (APA) da Escarpa Devoniana. Denominado ‘PG Rupestre’, o projeto também atua com educação patrimonial.

“A APA dos Campos Gerais, atrelada ao imenso patrimônio espeleológico, com potencial para novas descobertas, faz desta região um hotspot da arqueologia nacional e Ponta Grossa possui uma fração importante deste patrimônio”, explica Henrique Simão Pontes, membro efetivo do Gupe. Segundo o professor do Departamento de Geociências da UEPG, poucas medidas eficientes foram adotadas para garantir a proteção efetiva dos ambientes. “O projeto está gerando dados e informações que podem orientar ações de fiscalização e conservação dos sítios arqueológicos, subsidiar protocolos para ações de manejo e embasar decisões do Conselho Municipal de Patrimônio Cultural”, destaca. Um dos exemplos que o professor usa para futuras ações é a inclusão dos sítios arqueológicos no inventário municipal de patrimônio cultural e o tombamento de sítios relevantes ou em risco de degradação.

Trabalho

O PG Rupestre teve início em março de 2021, com objetivo inicial de inventariar 25 sítios arqueológicos até então conhecidos pela equipe do projeto. Após observações realizadas no entorno de alguns locais, novas ocorrências foram descobertas. “Atualmente há 50 sítios, sendo que 25 são achados inéditos, resultado dos esforços realizados durante os oito primeiros meses do projeto PG Rupestre”, comemora Henrique. A equipe realiza mapeamento espeleológico com trena laser e aplicativo para obtenção de dados e desenhos durante o trabalho de campo. Ao todo, a equipe do projeto, composta por sete pessoas, já topografou 35 sítios.

“A emoção de achar um novo local com pinturas é imensa. Além de ser um novo registro científico, é mais uma prova de que os povos originários habitavam e percorriam por diversas áreas de nossa região”, comemora a professora colaboradora do projeto, Laís Luana Massuqueto. Por conta da umidade, o suporte rochoso onde as pinturas estão desenhadas passam por processos de intemperismo e precipitações minerais. “Muitas pinturas estão sendo perdidas naturalmente. Outro impacto negativo são pichações e rabiscos por cima das pinturas, o que pode mostrar uma falta de conhecimento sobre a importância deste patrimônio” alerta Laís.

Além do mapeamento dos abrigos, o grupo ainda realiza caracterização das pinturas rupestres de cada sítio, por meio de levantamento fotogramétrico, com tratamento das imagens a partir do programa ImagemJ. “As técnicas de realce permitem observar detalhes e até mesmo novas figuras, que antes eram imperceptíveis”, conta Henrique. Atualmente, o projeto está desenvolvendo a etapa de inventário, que envolve a caracterização dos sítios arqueológicos e o mapeamento dos abrigos.

O projeto pretende finalizar o inventário dos sítios arqueológicos até março de 2022. “A partir do início de 2022, entraremos na fase de fechamento do relatório de inventário dos sítios arqueológicos e iniciaremos a fase de educação patrimonial”, completa Henrique. O projeto pretende elaborar cartilhas educativas,  painéis interpretativos, oficinas de capacitação com professores e servidores de órgãos ambientais e culturais e oficina educacional, para adolescentes do Centro de Socioeducação Regional de Ponta Grossa.

O Projeto tem patrocínio da Águia Florestal e AP Winner; em parceria com Arqueo Trekking e Planalto Arqueologia e Patrimônio; apoio do Geossítio Buraco do Padre; e incentivo do Programa Municipal de Incentivo Fiscal à Cultura (Promific), Prefeitura Municipal de Ponta Grossa – Fundação Municipal de Cultura e Conselho Municipal de Política Cultural.

Texto: Jéssica Natal | Fotos: Divulgação


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