Nei Arruda: Os caminhos da UEPG que o levaram à vida de atleta

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O servidor da Universidade Estadual de Ponta Grossa, José Claudinei de Arruda, conquistou o terceiro lugar na Fantasma Night Run, corrida de 10km realizada em abril, no Estádio Germano Kruger, em Ponta Grossa. O pódio conquistado por Nei, como é chamado carinhosamente pelos colegas e amigos, é o terceiro no campeonato, corrida em que ele compete na categoria de 50 a 54 anos. Na categoria geral, Nei ficou na 38ª posição.

Nei trabalha na Pró-Reitoria Administrativa de Assuntos Administrativos (Proad) e começou sua trajetória no esporte em 2008. Segundo ele, o incentivo para correr veio da necessidade de locomoção para o trabalho. “Eu, pra falar a verdade, não tinha paciência pra esperar o ônibus, então eu vinha da minha casa, 8km andando. Um dia eu pensei ‘eu vou experimentar ir correndo’ e aí foi”, relembra. Depois de começar, Nei conta que se encontrou no esporte. No ano seguinte, participou de sua primeira competição e já conquistou pódio. “A minha primeira corrida foi em junho de 2009, do 13º Batalhão de Infantaria Blindada. Nessa primeira corrida, eu já fui o 5º colocado na minha categoria. Foi um tempo razoável para iniciante”, avalia.

A corrida do Fantasma já teve três edições, em 2018, 2019 e agora, pós pandemia, 2022. Nelas, Nei conquistou o 1º, 2° e 3° lugares, respectivamente. A colocação no pódio ser abaixo das anteriores se deve ao aumento do nível da competição, segundo Nei. “Eu tenho três treinos por semana: na terça-feira eu tenho treino de ritmo de corrida, na quinta velocidade e no domingo resistência, a gente chama de longão. Por exemplo, se na terça eu faço treinos ritmados, na quinta eu faço treino de tiro e no domingo é treino de longão, de uma hora e meia pelo menos, pra aumentar minha resistência”, explica.

Nei treina no caminho de casa para a UEPG. Não é difícil vê-lo pelas avenidas de manhã, rumo ao trabalho. Ele mora na Vila Liane. Da casa dele até a UEPG  são 8km, distância que ele aumenta para 10km, em trajeto mais longo. “Eu vou pelo Centro pra sair lá na Avenida Balduíno Taques, passo pela BRF pra chegar na Avenida Carlos Cavalcanti até o Campus. Eu sempre faço com que dê 10km ou mais o meu treino”. Para manter a rotina, é necessário organização e muita disciplina. Duas vezes por semana, ele se organiza para, no dia anterior, deixar uma mala com roupas na UEPG que serão usadas no trabalho do dia seguinte, após a corrida.

O atleta acorda às 5h, para sair de casa às 6h30 e correr. Chega na UEPG às 7h30, toma banho, põe a roupa e começar a trabalhar às 8h. “Essa é a rotina desses dois dias da semana”, relata o corredor. O comprometimento segue também nos fins de semana, mesmo em dias frios. “No domingo, que é o outro dia de treino, eu acordo às 5h. Domingo, feriado, não importa, eu acordo às 5h pra correr. Sempre. Pode até estar inverno, eu já saí casa pra correr marcando -2ºC. Só quando chove que eu mudo pro dia seguinte, porque na chuva é mais perigoso, por causa dos carros”. Além disso, Nei sempre busca melhorar: “Estou treinando corretamente agora. Consultei uma assessoria de corridas e eles me passaram uma planilha de treinos que é a ideal, com objetivo de evoluir. Como a gente comenta lá, ‘a sua melhor versão’, então eu quero minha melhor versão de atleta”.

No dia 12 de junho, será realizada a primeira etapa do Circuito Ponta Grossa, uma competição em quatro etapas. Esse é o próximo objetivo de Nei, que está treinando e já melhorou o seu tempo de corrida desde a competição do Fantasma. “Eu bati meu recorde pessoal nos 3 km. Eu consegui fazer 3km em 10min26s. Isso na minha concepção é espetacular, uma média de 3min25s por quilômetro. Sendo que a minha média normal sempre foi 4min20s. Quase um minuto abaixo da média”, conta orgulhoso. Nei conta que vai correr para ganhar, e que já tem outros projetos: “Eu vou estar motivado que eu quero ganhar, né. Quero ser o campeão da categoria e quero também voltar a correr a São Silvestre. Eu já fui em quatro edições da São Silvestre, 2011, 2012, 2013 e 2017. Lá em São Paulo, são 15 quilômetros”.

Nei é ambicioso, o que começou como uma maneira de chegar ao trabalho, hoje, mais que um esporte, é sua paixão, o objetivo que o move e anima a competir. “A gente costumava brincar com os amigos, porque quando eu comecei eu ia só pra participar da prova, daí eles perguntavam assim ‘e aí, vai correr?’, e eu respondia ‘não, vou participar da prova. Os caras vão correr’. Agora não, agora eu vou correr! Vou disputar, vou competir, é competição mesmo, buscar pódio sempre”, enfatiza. A paixão e dedicação pelo esporte são quase palpáveis quando você conhece o Nei, no seu celular, ele traz pendurados vários amuletos: medalhas de Santo Antônio e Nossa Senhora que expõem sua fé, um pingente de sapato, simbolizando o seu grupo de corrida; e um bonequinho comemorando, lembrando a ele o prazer da vitória. Tudo isso reforça uma frase de Usain Bolt que Nei repete como sua filosofia de vida: “Eu nunca duvido de mim”.

Novos hábitos, nova saúde

Desde que iniciou a prática da corrida, Nei percebeu que sua saúde, energia e qualidade de vida melhoraram. “Espetacular, sabe? Eu posso correr uma hora e meia como eu fiz hoje cedo, eu tomo banho, trabalho normalmente, não sinto cansaço, não sinto dor. Chega a noite, durmo tranquilamente a noite toda, tenho um sono, como dizem, reparador, tranquilo e sempre tenho um alegre despertar”.

As competições são uma motivação não só para continuar os treinos e a prática esportiva, mas uma recompensa e um reconhecimento pelo empenho e dedicação, principalmente quando o pódio é conquistado. “A satisfação é pelo esforço recompensado, porque a gente se esforça muito. Como se diz, a gente tem que perder algumas coisas pra ganhar outras, não é de graça. Não vem assim, não é só dizer ‘ah, eu vou correr lá’. Correr não é só você sair correndo, existe todo um preparo bem antes”, conta. Com 53 anos, Nei se sente no auge. “No auge da minha boa forma, saúde, disposição, equilíbrio”, avalia.

“O exercício físico não é questão de opção, todo mundo precisa. Se você não consegue correr, você caminha, se você não consegue caminhar, você faz uma ginástica laboral, mas faça alguma coisa, se mexa”, aconselha. E quando não tem tempo? “Acorde mais cedo, que você tem tempo, ou vá dormir mais cedo. Eu recomendo. sim, gostaria até que tivesse um grupo de corredores na UEPG, por que não?”, sugere.

 

Texto: Cristina Gresele  |  Fotos: Cristina Gresele/Acervo Pessoal


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