Lama/UEPG e parceiros inauguram Agroindústria de Milho Crioulo

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Mais de 200 pessoas celebraram no dia 23 de outubro a inauguração da Agroindústria de Milho Crioulo, na Comunidade da Guaiaca, em São João do Triunfo. A coordenação da Agroindústria ficará a cargo da AS-PTA, ONG que assessora e auxilia a articulação dos agricultores na região, e os beneficiários diretos serão os agricultores camponeses das cooperativas e associação; Coafitril (São João do Triunfo), Cafepal (Palmeira), Cofaeco (São Mateus do Sul) e Apep (Palmeira). A produção é realizada sem contaminação, com eventos transgênicos e, em um segundo momento, a agroindústria auxiliará outras cooperativas de agricultores camponeses produtores de milho crioulo.

A implementação da agroindústria foi viabilizada pela união de várias instituições. Com terreno cedido pela Prefeitura de São João do Triunfo e com Projeto aprovado junto à Fundação Banco do Brasil (parceria entre AS-PTA, Coafitril, Cafepal, Apep, Cofaeco e o Laboratório de Mecanização Agrícola da Universidade Estadual de Ponta Grossa – Lama/UEPG) viabilizou-se a construção e compra de alguns equipamentos, contando também com o apoio da Superintendência Geral de Ciência, Tecnologia e Ensino Superior do Estado do Paraná (Seti) através de custeio e bolsas de Edital Universidade Sem Fronteiras, executado pelo Lama/UEPG.

O evento foi a materialização da conquista daqueles que preservam a biodiversidade através da manutenção de variedades crioulas de milho, na região Centro-Sul do Paraná. Apesar das dificuldades de manter as variedades de milho, o Coletivo Triunfo, que é formado por diversas organizações ligadas à Agricultura Familiar, vem promovendo a conservação da Agrobiodiversidade através de feiras e festas de sementes crioulas, bancos comunitários de sementes e a valorização das guardiãs e guardiões de sementes, que são os protagonistas.

Com capacidade operacional diária de 1000 kg de milho, a agroindústria pode processar e empacotar farinha, quirera e canjica, além separar o gérmen, componente com alto teor de proteína. Com a venda de derivados de milho crioulo objetiva-se remunerar o cuidadoso trabalho dos agricultores camponeses, de conservar as variedades de milho crioulo.

O Engenheiro Agrônomo Guilherme Mazer, bolsista do projeto Rede de Agroecologia, explica que “a legislação brasileira de sementes limita a comercialização de sementes crioulas e impede que os agricultores e agricultoras as vendam. Coletivamente foi definido protocolo de campo para garantir a pureza do milho crioulo destinado à agroindústria, trabalho que será recompensado no valor dos derivados do milho”.

A importância da agroindústria para as organizações da região foi ressaltada na fala da Dona Terezinha Skrzcezkowski, agricultora da Comunidade Invernada de Rio Azul: “É uma batalha diária. Na nossa comunidade o teste de transgenia deu resultado negativo, com a certificação das sementes como puras, tivemos aumento da procura, e agora com milho já transformado estamos muito felizes”.

O Técnico André Jantara, da AS-PTA, comentou a função coletiva do empreendimento: “Precisamos entender que sem agroecologia não temos alimentos sustentáveis e de qualidade, e sem semente crioula não temos agroecologia. Essa unidade de beneficiamento não é de nenhuma organização específica, mas sim, de todas as famílias agricultoras que lutam há anos pela preservação das sementes crioulas”.

Texto e fotos: Divulgação LAMA


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