Ambulatório de Reabilitação da UEPG desenvolve guindaste para tratamento de pacientes

Compartilhe

Ficar de pé. Tarefa simples para a maioria das pessoas, ela pode se tornar difícil para quem é recém recuperado de uma longa internação. Com o objetivo de auxiliar no tratamento desses pacientes, o Ambulatório de Reabilitação da Universidade Estadual de Ponta Grossa (UEPG) desenvolveu um guindaste que ajuda no ato de ficar em pé e fazer exercícios. O equipamento ainda é um protótipo e será utilizado pelos profissionais e residentes do ambulatório.

A ideia do guindaste nasceu na oficina de Carlos Luciano Santana Vargas. O ex-reitor da UEPG é engenheiro civil e, junto com seus dois filhos, usou o conhecimento da engenharia para auxiliar na saúde. “A Juliana Schleder [coordenadora do Programa de Residência Multiprofissional em Reabilitação] comentou conosco que a equipe do ambulatório precisava de um equipamento para poder sustentar na reabilitação dos membros inferiores”, explica. Pai e filhos foram até o ambulatório e analisaram o equipamento existente para fazer uma adaptação. “Vimos que não dava para fazer uma adaptação naquele equipamento, porque ficaria meio inseguro. Aí resolvemos fazer um novo”.

O grupo pesquisou e, em conversa com a equipe de fisioterapia do ambulatório, desenvolveu o guindaste. Com 3 metros de altura, 1,2m de largura e 2m de comprimento, o equipamento vem com um cinto para elevação e duas hastes para apoio. O paciente é erguido por meio de uma manivela, que puxa o gancho amarrado à cinta. Para o trabalho, são necessários três terapeutas – um para controlar a velocidade da esteira e outros dois para trabalhar o posicionamento adequado e a postura do paciente, além de auxiliar no movimento dos membros inferiores.

Juliana Schleder conta que a ideia do guindaste surgiu depois que a equipe recebeu pacientes que ainda não conseguem ficar em pé. “Muitos não têm força o suficiente para realizar os movimentos. Por isso nós pensamos em fazer um equipamento que diminuísse o esforço do paciente e possibilitasse o movimento de caminhada”, explica.  A partir do momento em que o paciente consegue realizar o movimento e vai ganhando força nos membros, a equipe diminui o auxílio do guindaste estimula a caminhada independente.

O coordenador de Desportos e Recreação da UEPG, Leandro Vargas, desenvolveu o guindaste junto ao pai e ao irmão focado nos aspectos ergonômicos do projeto. “Pensamos em um equipamento que pudesse atender pessoas de diversos tamanhos, homens e mulheres, e que também tivesse alguns cuidados ergonômicos, no sentido do transporte desse equipamento”. O guindaste pode ser usado livremente no ambulatório, pois possui rodinhas de sustentação. O paciente pode ser levado até a esteira ou fazer exercícios em outro local.  “Essas duas formas de se trabalhar com o equipamento podem facilitar bastante no atendimento”, enfatiza.

Parceria multidisciplinar

Unir os conhecimentos de engenharia, educação física e fisioterapia, pensando da reabilitação de pacientes também no contexto pós-pandemia, é um dos pontos positivos vistos por Luciano Vargas. “As coisas trabalham em conjunto. A saúde depende muito de equipamentos, de tecnologias, de sistemas e isso precisa ser somado. Podemos somar as necessidades das pessoas com a experiência profissional. Assim produzimos e também aprendemos”. O trabalho de construção do guindaste foi totalmente voluntário. “O que nos que levou a colaborar foi no sentido de ajudar tanto a Universidade, quanto as pessoas nesse momento difícil de pandemia.  Nós fizemos por um décimo do que custaria se fosse comprar um novo”, destaca.

“A gente sempre tem que pensar que os pacientes são um todo, tem a parte física, a da fala e a parte mental”, ressalta Juliana. O ambulatório conta com fisioterapeuta, psicólogo, fonoaudiólogo, profissional da educação física, enfermeiro, nutricionista, médica fisiatra e profissional do serviço social. A equipe ainda tem os residentes do programa de reabilitação, de saúde do idoso e de saúde mental. “O bacana é que nós conseguimos fazer discussões clínicas multidisciplinares sempre que necessário. Todo mundo trabalha com o objetivo de recuperar o paciente e não estamos encontrando dificuldades”, comemora.

Para Leandro, o trabalho conjunto está sendo importante para o tratamento de pacientes. “Nós já estávamos trabalhando quando o ambulatório ainda estava no Hospital e isso isso fortalece com a vinda do ambulatório para o Bloco de Educação Física. Foi muito importante essa troca, tanto para desenvolver o equipamento, quanto para outras iniciativas aqui dentro”, completa.

Texto e fotos: Jéssica Natal


Compartilhe

 

Skip to content