O nome do projeto é complexo: “Microtomografia na caracterização do sistema poroso de solos sob integração lavoura-pecuária”, mas traz à tona uma emoção simples, a alegria. O professor Luiz Fernando Pires, do Programa de Pós-Graduação em Física da Universidade Estadual de Ponta Grossa, comemora a aprovação da proposta de pesquisa pela Comissão Nacional de Energia Nuclear (CNEN), do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovações.
A aprovação se deu a partir do Edital 01/2022 da CNEN, que concede bolsas de pós-graduação, por 24 meses, aos projetos aprovados. No projeto caso da pesquisa do professor Pires, José Valdirino Gaspareto receberá uma bolsa de mestrado. A conquista veio depois de dois anos de tentativas. Sem a bolsa, ele, que reside em Piraí do Sul, teria dificuldades para se manter. Gaspareto relata que buscava ingressar no mestrado e, embora tenha sido selecionado nas duas oportunidades, não tinha a bolsa de estudos, recurso fundamental para sua permanência e manutenção em Ponta Grossa. “Agora com a bolsa, finalmente, eu vou poder dar sequência aos meus estudos”. O benefício vai complementar outros já existentes no Programa de Pós-Graduação em Ciências – Física da UEPG.
Contribuição
Na CNEN, o projeto aprovado está vinculado à área de Tecnologias Nucleares no Meio Ambiente. O professor Pires, que desenvolve pesquisas na Linha Técnicas Nucleares e Convencionais no Estudo da Estrutura do Solo, destaca que a proposta tem caráter multidisciplinar porque abrange a física, a agricultura e a conservação ambiental. “O objetivo é que os resultados do estudo possam contribuir para a conservação do meio ambiente e, ao mesmo tempo, para uma boa produtividade da área”.
José Valdirino Gaspareto esclarece que o projeto busca entender como sistemas de integração lavoura-pecuária podem ocasionar mudanças na estrutura do solo. “O trabalho vai analisar a qualidade do solo e verificar se os sistemas empregados podem causar danos à estrutura ou não. Podemos gerar dados que permitam um uso mais racional do solo, com menores impactos ambientais”, detalha. Diferentes tratamentos serão analisados, por exemplo, um com uma determinada cultura, sem a entrada do animal, sem o pisoteio, e outra área, com outra cultura, e presença do animal.
No estudo, serão analisadas 40 amostras de solo, coletadas na região de Castro. O processamento será realizado na UEPG. Ter equipamentos para o desenvolvimento do projeto integralmente na instituição é um dos aspectos importantes para aprovação. “Neste sentido, nós conseguimos, via CT-Infra, adquirir um microtomógrafo, que está instalado no Complexo de Laboratórios Multiusuários (C-Labmu)”. Adicionalmente, o pesquisador lembra que o PPG tem capacidade computacional de processamento dos dados gerados pela microtomografia das amostras. “Na conclusão do estudo, utilizaremos computadores de alta performance para extrair dados das imagens qualitativas e quantificar muitas propriedades”.
Cronograma
Sobre o desenvolvimento da pesquisa, o pós-graduando explica que vai cursar as disciplinas obrigatórias e optativas do programa de pós-graduação, realizar uma ampla revisão de literatura, preparar as amostras de solo e fazer medidas experimentais para uma caracterização prévia das amostras. “Vamos efetuar a varredura das amostras no tomógrafo; realizar toda a etapa de pré-processamento e processamento das imagens; quantificar diferentes propriedades morfológicas e geométricas do sistema poroso do solo; realizar análises estatísticas dos dados; qualificar e defender a dissertação”, enumera.
O amanhã
Para o estudante, esta é uma oportunidade de ampliar os horizontes. “As trocas e as discussões com os professores e demais participantes do grupo de pesquisa contribuirão para o desenvolvimento de um olhar mais crítico”. O mestrado é um caminho para aprofundamento na área e nas discussões sobre determinado tema de interesse de Gaspareto. “Uma vez na pós-graduação, eu me vejo participando do processo de produção, submissão e publicação de artigos”. Com isso em vista, ele comemora a conquista como porta de entrada no mundo acadêmico e profissional. “A obtenção de uma pós-graduação se tornou um diferencial. Diante de tanta concorrência, vislumbro um futuro acadêmico promissor com várias portas se abrindo nacionalmente e internacionalmente”.
Na mesma linha
Esta é a segunda vez que o professor é contemplado com bolsas da CNEN. Em 2011, foram aprovados dois projetos de pesquisa resultando na implementação de uma bolsa de mestrado (beneficiária Sabrina Passoni) e uma bolsa de doutorado (beneficiária Jaqueline A.R. Borges). Ambos os trabalhos resultaram em publicações científicas e em um trabalho de cooperação internacional com o Richard Heck da Universidade de Guelph (Canadá), onde a estudante de doutorado Jaqueline Borges, na época, desenvolveu parte de seu trabalho de tese com auxílio da Capes (PDSE).
Gaspareto lembra da sua trajetória ao lado do professor, na mesma linha de pesquisa. Ele conta que trabalhou com imagens de tomografia na iniciação científica, com os professores Luiz Pires e Jocenei Teodoro de Oliveira, que na época era doutorando. “Ele atuou como meu co-orientador. É importante frisar que na iniciação científica também fui bolsista do CNPq, pelo período de 18 meses”.
Texto: Luciane Navarro Fotos: Fábio Ansolin