“Tenho orgulho do meu jaleco”: No Dia do Zelador, conheça a história da Ely

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Se tudo está limpo e organizado no Bloco M da Universidade Estadual de Ponta Grossa (UEPG), é porque Ely Heloisa Silva de Oliveira e seus colegas chegaram primeiro. Servidora há 25 anos na instituição, ela não esconde a satisfação de trabalhar na limpeza e conservação dos corredores e salas de aula. No Dia do Zelador, comemorado nesta sexta-feira (11), Ely conta sobre como o trabalho na limpeza a ajudou a criar suas duas filhas: “Tenho orgulho desse meu jaleco!”.

O dia começa cedo. Antes das 6h da manhã, Ely já está a postos. Veste as luvas, pega a vassoura e começa a varrer as salas, corredores e banheiros. “Gosto dessa rotina de acordar cedinho porque já me acostumei. São 25 anos fazendo a mesma coisa, né, então faz parte da minha vida”, sorri. O sorriso é nítido na rotina da servidora. Nas fotos que guarda da sua trajetória na instituição, as risadas são constantemente registradas. “Sempre fui muito feliz aqui”, descreve.

Ely já atuou em outros locais na UEPG. Quando chegou na instituição, em 1997, ficou por uma semana no Campus Central. Depois, atuou no Bloco L e no prédio da Reitoria. Em 2012, Ely se mudou para o Bloco M. “Gostei muito de trabalhar na Reitoria, meus colegas eram muito companheiros. E aqui também está bom, tem uma turma nova comigo, estou gostando bastante”, descreve enquanto esfrega a parede de uma sala.

O jaleco tem um peso na vida de Ely. “Os alunos são bem legais aqui, eles gostam de fazer amizade com a gente. Mas tem alguns que nem olham no nosso rosto. Veem esse jaleco e não entendem a importância do nosso trabalho”, adiciona. Apesar da desvalorização por parte de alguns alunos, Ely mostra que sua história na instituição é marcante. “Se você passar por algum bloco e ver flores artificiais, fui eu que fiz”. Além da conservação e limpeza da UEPG, Ely vendia e arranjos de flores para professores e servidores. “Eu deixava meus trabalhos no balcão e muitos vinham e compravam, até expus meus trabalhos em feirinhas de artesanatos na UEPG”, relembra.

Durante a pandemia, a servidora foi afastada, por ter 60 anos, diabetes e pressão alta. O retorno ao presencial aconteceu em agosto do ano passado, quando já estava vacinada com as duas doses contra a Covid-19. “Não vim trabalhar presencialmente por segurança, mas minha vontade era continuar trabalhando”. O cuidado com a saúde não parou. “Tenho três netos que me lembram sempre que preciso me cuidar. Faço isso por amor a eles”, relata. O amor à família transparece com um brilho no olhar quando Ely conta das filhas. “Criei minhas duas filhas sozinha, sem depender de marido. Sustentei elas com o salário da UEPG”. Ely era balconista de loja e parou de trabalhar quando se casou. “Eu me separei, entrei na UEPG e não parei mais de trabalhar. Toda a minha vida foi feita com o trabalho de zeladora, não tenho vergonha do meu jaleco, pois é graças a esse emprego que sustentei a minha casa”.

Depois de limpar a sala 48 do Bloco M, Ely sai pelos corredores e cumprimenta os colegas. Durante a realização desta reportagem, a servidora mostrava, alegre, que teria sua história mostrada. “Vou ficar famosa”, dizia. Para demonstrar a importância do trabalho de um zelador na conservação de um patrimônio público, Ely é enfática. “Se não for a gente chegando antes para a limpeza, tudo estaria bagunçado, então nossa função é muito importante. Tem gente que tem vergonha de ser zelador, mas eu tenho orgulho. É com esse jaleco que construí a minha história”, finaliza.

Texto: Jéssica Natal | Fotos: Jéssica Natal e Arquivo Pessoal


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