Artesãos indígenas e quilombolas representam 15% dos alunos da Bolsa Qualificação Cultural

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Dos 8.261 profissionais da cultura aprovados no programa Bolsa Qualificação Cultural, 1.205 (14,6%) são trabalhadores de comunidades tradicionais paranaenses, como indígenas e quilombolas. O programa realizado pela Universidade Estadual de Ponta Grossa (UEPG), em parceria com a Secretaria da Comunicação Social e da Cultura (SECC), via Superintendência-Geral da Cultura, contou com uma força-tarefa para tornar as inscrições mais amplas e inclusivas.

Como parte das atividades da força-tarefa, técnicos da UEPG e da Superintendência Geral de Diálogo e Interação Social (Sudis)  auxiliam os participantes a acessar as aulas e as avaliações. Anteriormente, os técnicos percorreram municípios do interior do Paraná para auxiliar com as inscrições no programa.

No total, são 1.205 alunos de comunidades tradicionais. Desses, 523 estão recebendo o apoio da força-tarefa. Os outros 682 fizeram suas inscrições de forma autônoma. As comunidades abarcadas pelo programa são dos municípios de Adrianópolis, Curitiba, Campo Largo, Piraquara (Região Metropolitana de Curitiba); Nova Laranjeiras (Centro-Sul); Mangueirinha, Palmas (Sudoeste); e Ponta Grossa (Campos Gerais).

A força-tarefa

O acesso às comunidades foi realizado por técnicos da UEPG e da Sudis, que fizeram a ponte entre as equipes auxiliadoras e os agentes culturais das comunidades tradicionais. Para Carlos Willians Jaques Morais, pró-reitor de graduação da UEPG e coordenador do Programa Bolsa Qualificação Cultural, a pandemia potencializou mais de uma forma de ensino a distância, com diversas possibilidades de levar conhecimento aos alunos. No programa, isso foi concretizado pela atuação da equipe, que da parte da UEPG, contou com 20 facilitadores que atuam no Núcleo de Tecnologia e Educação Aberta e a Distância (Nutead).

“As visitas às comunidades transformaram a mentalidade de nossos colegas da UEPG: foram muito bem acolhidos por comunidades indígenas, quilombolas, faxinalenses e caiçaras. Nossos colegas, que já atuaram nas inscrições e no desenvolvimento do Módulo I, querem logo voltar a visitar essas comunidades”, ressaltou o pró-reitor.

Mauro Rockenbach, superintendente geral de Diálogo e Interação Social do Estado, explica que a inclusão destes grupos é importante porque, além da possibilidade de fortalecer a frente da cultura, o programa leva ao trabalho da economia solidária em um momento de retomada econômica.

“Com o programa, você passa a dar condições melhores para quem já expressa sua cultura. Você dá vazão a uma das coisas que eles sabem fazer melhor, com qualidades que eles possuem e que muitos já não temos mais: a paciência, a contagem certa do tempo e o conhecimento ancestral. Eles aproveitam o material local, como bambu e cipó, transformam em produtos lindos e, com isso, conseguem mais uma fonte de renda”, explicou Rockenbach.

O programa

A Bolsa Qualificação Cultural é o maior programa do país na área, com 12 mil vagas para bolsas que pagarão um total de R$ 3 mil para cada participante, através da Lei Aldir Blanc. As aulas acontecem no formato EaD e são divididas em três módulos. Atualmente, os cursistas já estão no segundo módulo.

“Foi um recurso que veio na hora certa nesse tempo de pandemia”, contou Leandro Koatan dos Santos, uma das lideranças da aldeia urbana de Kanané-Porã (“Fruto Bom da Terra”, em Kaingang). A comunidade, localizada em Campo do Santana, em Curitiba, conta hoje com 170 pessoas, entre Guaranis, Xetás e Kaingangs, que utilizam o artesanato como fonte principal ou complementar de renda.

“A maioria (dos moradores) faz artesanato, e a gente expõe na Praça Osório, no calçadão, e no Largo da Ordem”, acrescenta Leandro. Ele explica que, com a pandemia, as comunidades indígenas perderam muito de sua renda. “Para quem trabalha com artesanato, as vendas foram pequenas. A Bolsa Qualificação é de grande ajuda. A equipe que não mediu esforços para trazer esse projeto para nós”, completa.

Para a superintendente-geral da Cultura, Luciana Casagrande Pereira, a Bolsa Qualificação é uma conquista da classe cultural. “Tivemos um número recorde de inscritos e conseguimos conceder o benefício para trabalhadores e trabalhadoras da cultura de todo o Paraná, incluindo os povos tradicionais. Isso é algo inédito que nos orgulha bastante”, declara.

O secretário de Comunicação Social e Cultura, João Evaristo Debiasi, reforça o ineditismo e a relevância da ação, que busca enfatizar a pluralidade de expressões culturais existentes no Paraná. “A capacitação tem o objetivo de valorizar a cultura enquanto atividade econômica que também promove geração de emprego e renda. Esse projeto visa auxiliar na estruturação de novos projetos, e isso precisa passar pelos diferentes setores culturais, dando visibilidade às diferentes culturas presentes no Estado”, acrescenta.

Texto: Agência Estadual de Notícias (adaptado) | Foto: Kraw Penas/Secretaria da Comunicação Social e da Cultura

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