UEPG dá início ao maior Encontro de Iniciação Científica da história da instituição

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Começou nesta terça-feira (29) o 31º Encontro Anual de Iniciação Científica (Eaic), maior evento de pesquisa da Universidade Estadual de Ponta Grossa (UEPG). O encontro vai até amanhã (30) e é coordenado pela Pró-Reitoria de Pesquisa e Graduação (Propesp) para apresentar as atividades de pesquisas desenvolvidas na instituição à comunidade acadêmica interna e externa. A cerimônia de abertura contou com a presença de centenas de alunos, professores e servidores, que lotaram o auditório do Centro Integrar, no Campus de Uvaranas.  

Durante os dois dias de Eaic, serão apresentados mais de 500 trabalhos nas grandes áreas de conhecimento do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq): Ciências Agrárias; Ciências Biológicas; Ciências da Saúde; Ciências Exatas e da Terra;  Ciências Humanas; Ciências Sociais Aplicadas; Engenharias; Linguística, Letras e Artes. 

Simultaneamente ao 31º Eaic, a Universidade promove também o 8º Encontro Anual de Iniciação Científica Júnior (Eaic Jr.). “São mais de 800 pessoas envolvidas nos dois eventos e serão apresentados 522 trabalhos no total, sendo 19 de apresentações em pôsteres do Programa Institucional de Bolsas de Iniciação Científica (Pibic Jr) com a participação de estudantes do ensino médio que estão concluindo os projetos de pesquisa e apresentam os resultados no evento”, explica Andressa Novatski, Diretora de Pesquisa da Propesp e uma das responsáveis pela organização do Eaic 2022.  

Os trabalhos da graduação, pós-graduação e ensino médio foram distribuídos na Central de Salas. A entrada é gratuita e aberta ao público externo. As atividades começam às 8h30 e seguem até às 17h30, com intervalo de almoço das 12h às 14h. 

“Com o Eaic, estamos iniciamos a carreira científica de jovens que vão se tornar dirigentes, pesquisadores sociais e atuar na área tecnológica. Muitos professores que estão aqui hoje já foram alunos da iniciação científica da própria UEPG, como é o meu caso”, complementa Andressa Novatski. “É importante ressaltar que é o primeiro evento presencial após dois anos de pandemia e muitos participantes ainda nem sabem como funciona. Mas espero que gostem porque foi preparado com muito carinho”, diz ela. 

Uma das inscritas é Achila Camila Almeida de Paula, estudante do 3º ano de Zootecnia que, pela primeira vez, participa do evento presencial.  “Vou apresentar o trabalho de pesquisa sobre a relação do peso da vaca com o peso corporal do bezerro no momento do parto, em gado de corte. É muito importante porque o Eaic vai abrir portas e oportunidades mais para frente, para que eu consiga me desenvolver como profissional, e isso vai refletir muito no meu futuro”. A estudante também vai aproveitar para circular pelos outros projetos. “Quero aprender porque é importante conhecer outras áreas e difundir conhecimentos, o que é muito essencial para nós como profissionais”. 

Para o reitor, Miguel Sanches Neto, o evento demarca o amadurecimento da Universidade que, ao longo desses 31 anos de Encontro de Iniciação Científica, mudou seu perfil. “Neste período, a UEPG deixou de ser uma universidade majoritariamente de graduação e extensão para se tornar de fato uma instituição de pesquisa”. O reitor reforça que o Eaic investe em grupos de alunos que têm potencial para pesquisa e para o ensino superior,  principalmente, para formar lideranças. “Esse talvez seja o principal fator diferencial da universidade pública, formar lideranças nas mais diversas áreas do conhecimento. Muitos dos nossos alunos que passaram pelo Eaic e pela pesquisa estão hoje em postos-chave dentro de agências de fomento e empresas no Brasil e no exterior”, enfatiza. 

O estudante do 3º ano de Direito Vinicius Fernandes da Silva pretende seguir carreira científica e enxerga o Eaic como uma grande oportunidade. Ele vai apresentar sua pesquisa sobre Gestão de Ativos de Patentes, que propõe entender as possibilidades de patentes na área do esporte e lazer. “Estou há pouco mais de um ano nesse trabalho e tive resultados interessantes. Decidi correr atrás da iniciação científica porque pretendo seguir a carreira acadêmica. Foi meu primeiro contato com a área, no sentido de entender esse funcionamento e estou satisfeito, é o que pretendo”, salienta o jovem pesquisador. 

Osvaldo Mitsuyuki Cintho, professor de Engenharia de Materiais, está com cinco alunos expondo no Eaic, em várias modalidades dentro do Programa Institucional de Bolsas de Iniciação Científica (modalidades PIBIC e BIC) e Programa Voluntário de Iniciação Científica (PROVIC). “São trabalhos na área de engenharia, com bastante inovação. Serão apresentados processos novos de processamento de ligas metálicas, principalmente processos criogênicos, em temperaturas baixas, isso em função da grande necessidade de aplicação na indústria espacial. Temos projetos junto ao Instituto Tecnológico da Aeronáutica (ITA) exatamente para desenvolver materiais com propriedades específicas”, conta o professor.  

A abertura contou com a presença de Nilceu Deitos, gerente de projetos da Fundação Araucária, que aproveitou a oportunidade para agradecer ao pró-reitor de Pesquisa e Graduação, Giovani Marino Favero, ao reitor, Miguel Sanches Neto, ao vice-reitor, Ivo Mottin Demiate, e a Diretora de Pesquisa da Propesp, Andressa Novatski, pela interlocução com a comunidade acadêmica e o trabalho muito bem realizado pela UEPG. “Gostaria de dizer o quanto vocês têm ajudado a Fundação Araucária a elevar as políticas e ações de fomento de pesquisa. O sentimento é de gratidão e reconhecimento frente a tantas demandas que sempre levamos a vocês. Muito obrigado pelas competências e pela disponibilidade em ajudar”. 

O pró-reitor de Pesquisa e Graduação, Giovani Marino Favero, reforça que, dos últimos 4 anos, este é o Eaic mais desafiador por ser o maior Encontro de Iniciação Científica da história da instituição, em número de participantes e pessoas envolvidas. “Além disso, tivemos várias situações que envolveram mudanças de datas, como o atraso, por parte do governo federal, do Pibic. Mas é na dificuldade que percebemos a positividade das pessoas que estão ao nosso redor, uma equipe coesa e que se ajuda”. Para Giovani, trata-se de um evento que celebra a ciência, no seu início. “Como aquela característica infantil de estar sempre questionando: o que é isso… por que é desse jeito? Queremos manter essa chama acesa porque quem entra na ciência e se apaixona, nunca mais abandona”. 

Um dos frutos célebres do Eaic é o professor e vice-reitor Ivo Mottin Demiate, que foi bolsista de iniciação científica enquanto estudante de Agronomia, participando do primeiro Eaic, em 1991. Demiate se formou e assumiu como professor do Departamento de Engenharia de Alimentos. Antes de se tornar vice-reitor, também foi reitor de Planejamento, e depois de Assuntos Administrativos. 

“Quero dizer que o futuro dessa instituição, dessa cidade, desse estado e desse Brasil está nas mãos dos estudantes. Aqui nós temos certamente as pessoas que vão estar no controle da política, da economia, da área social e de toda a gestão pública e privada da sociedade, se formos bem sucedidos. É isso que nós esperamos”, ressalta o vice-reitor. 

Após a solenidade de abertura do Eaic, foi ministrada a palestra ‘Arte, Ciência e Afetividades’, com o professor Jack de Castro Holmer, da Escola de Música e Belas Artes do Paraná (Embap Unespar). Holmer foi coordenador de Projeto Gráfico do Museu Oscar Niemeyer e abordou a metodologia científica no processo criativo. 

“O que a arte e a ciência tem a ver? O que junta tudo isso é a afetividade, pensar a metodologia tanto aplicada às ciências duras, como as exatas, quanto às humanidades. É tentar revelar que todos os processos científicos e tecnológicos têm relações afetivas neles. Por exemplo, quando você está no celular, conversando, você cria uma relação afetiva com pessoas através desse aparato tecnológico”, explica Holmer. 

O professor conta que usa toda a metodologia científica para desenvolver seus projetos e precisa das ciências exatas para desenvolver o trabalho artístico e poético. Atualmente sua pesquisa se aplica em Robôs Interativos, Seres Autônomos Virtuais, GameArt, CryptoArt e códigos de computador. “Não há uma separação entre ciências exatas e a arte. Desde sempre, pode-se encarar o desenvolvimento de um projeto matemático como poesia. Ele dá resultados concretos e exatos, mas consegue fazer uma visão poética também. As artes contemporâneas trabalham com ciência, poesia e metodologia científica junto”, afirma o professor que se propõe a compartilhar suas ideias e expandir a capacidade criativa dos participantes do Eaic. 

 

Texto: Sandrah Souza Guimarães | Fotos: Aline Jasper

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