



Tudo começou na cozinha de casa
“Eu comecei a fazer cerveja em casa em 2009. E na época eu tinha, assim, algum conhecimento prévio”, recorda Luiz Gustavo. Na época, o professor tinha uma cachorra – “e olha que história engraçada, eu não queria comprar, e para adotar a Nina eu dei um som de carro em troca, pra ela vir comigo”, ri. O nome dela era Nina, que naquele ano já estava com mais de 10 anos e com câncer. “Mas ela me acompanhava no processo produtivo da cerveja, ela sempre ficava do meu lado”. Para homenagear a companheira, as primeiras produções de cerveja caseira do professor levavam no rótulo o nome Nina Belgian Pale Ale. “Foi a primeira cerveja que eu fiz, com uma bandeirinha da Bélgica e o nome da Nina no rótulo”.




Quando Luiz Gustavo passou a integrar o corpo docente da UEPG, em 2015, os cães que moravam próximos ao prédio do curso de Engenharia de Alimentos também começaram a fazer parte da rotina do professor. “Eu lembro que sempre os via por lá, tinha o Véio, a Gisele, o Presidente, o Caolho… e à medida que eu dava aula, os alunos decidiam homenageá-los, fazendo cervejas e rótulos diferentes pra cada um”. E assim foram surgindo cervejas stalt, pilsen, lager, e cada uma recebia um nome de um cachorro do campus.


A ideia do curso é que as pessoas aprendam a fazer cerveja em casa. “Aqui geralmente a gente faz uma american pale ale, mas dependendo da época do ano eu ensino a fazer uma cerveja diferente. No inverno, a gente faz uma stout, que é uma cerveja mais de frio. Na primavera, é bom uma saison ou uma witbier, e no verão é bom uma cream ale ou pilsen“, explica. No mês de setembro, o professor planeja oferecer mais um curso, que acontecerá no laboratório de Engenharia de Alimentos.
Pesquisa sobre cerveja
A produção de cerveja também ganha destaque nas pesquisas que Luiz Gustavo conduz. Na Iniciação Científica (Pibic), ele orienta a aluna Gabriela Tkaczuk Silva, que busca alternativas sustentáveis para a fabricação da bebida. Uma das saídas pesquisadas pela dupla é utilizar a farinha de rosca como ingrediente. “A gente utiliza o pão com uma proposta sustentável, utilizando o carboidrato e o açúcar como formas de fermentação. Então a gente substitui parte do malte por essa farinha de rosca”, conta a Gabriela. 

Para a cerveja ficar pronta, várias etapas precisam ser seguidas. Segundo a dupla, o processo inicia separando o malte, analisando a formulação a ser utilizada e fazendo a moagem dos ingredientes, para que seja possível acessar o amido que está presente dentro do malte. “Esse amido é uma cevada maltada. A gente vai triturar ela, moer para conseguir acessar esse líquido de uma forma mais fácil”, informa a aluna. Depois, os ingredientes são levados até a panela com água, para transformar em açúcar que será consumido pela levedura. Os próximos passos são transferir o líquido para outra panela, para separar o malte, e iniciar o processo de fervura. “E é aí que a gente vai entrar com o lúpulo, que vai agregar muito no aroma e no amargor da cerveja”, acrescenta a pesquisadora.


A cerveja fabricada por Gabriela, a partir a farinha de rosca, é avermelhada e com sabor encorpado. “O pão, que origina a farinha de rosca, deixou a cerveja com cor mais escura, e percebemos que o sal desse pão até realçou o sabor”, explica o professor. A opção pela fabricação de cerveja com farinha de rosca se torna uma alternativa mais econômica, visto que o ingrediente vem de sobras de pães que ficaram na prateleira das padarias, como explica a dupla. “A gente conseguiu substituir parte do malte, que é um insumo nobre, com farinha de rosca, que é um insumo com baixo custo. É uma jogada incrível, né?”, defende o professor. Os pesquisadores ainda esclarecem que o estudo ainda é experimental, garantindo a qualidade com o uso do malte na receita.
Processo de produção
Para os cursos que Luiz Gustavo ministra, são necessários poucos ingredientes: malte, água, lúpulo e levedura. “E tem os equipamentos básicos, uma panela perfurada com válvula, termômetro e uma tela que serve de filtro”, acrescenta Luiz. Mesmo iniciando a produção em casa, antes de ser professor da UEPG, o docente destaca o total apoio do Departamento e do Programa de Pós-Graduação em Ciência e Tecnologia de Alimentos na iniciativa que une ciência e causa animal. A paixão pela cerveja é só em produzir? O professor garante: “fazer cerveja é uma terapia tão grande, porque demanda atenção em cozinhar, e tem a parte sensorial, porque o cheiro é muito característico. Mas beber mesmo eu bebo muito pouco”, brinca.
Texto e fotos: Jéssica Natal












