Impactos da Terapia Comunitária Integrativa são apresentados em evento com participação da UEPG

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Os impactos das ações de Terapia Comunitária Integrativa (TCI) desenvolvidas pela Universidade Estadual de Ponta Grossa (UEPG) foram apresentados no dia 23 de agosto, em um evento que destacou os resultados da primeira especialização em Terapia Comunitária Integrativa ofertada por uma universidade pública no Brasil. Realizada entre fevereiro e julho de 2025, a especialização evidenciou resultados concretos da formação de terapeutas e da condução de mais de 600 rodas de TCI, que alcançaram diretamente 6.800 participantes e impactaram indiretamente cerca de 20.400 pessoas.

Para a professora e chefe do Ambulatório de Saúde Integrativa (ASI) da UEPG, Milene Zanoni da Silva, do Departamento de Saúde Pública, o evento foi um espaço de celebração e sistematização dos impactos da Especialização em TCI integrada à pesquisa e à extensão universitária. “Para a comunidade acadêmica, o evento reforça o papel da universidade na produção de conhecimento aplicado, na formação de profissionais sensíveis às demandas sociais e na articulação entre ensino, pesquisa, extensão e comunidade,” aponta. “Desta forma, reafirmamos o valor da extensão universitária como transformadora de realidades.”

Os relatos de caso apresentados por Milene no evento destacaram o alcance da Terapia Comunitária Integrativa na vida dos participantes, com melhorias no bem-estar emocional, redução de sintomas de ansiedade e depressão e fortalecimento de vínculos sociais, maior autonomia e autocuidado. Também foram relatadas superações individuais de vícios e conflitos familiares e a ampliação do engajamento comunitário em diferentes espaços, como escolas, serviços de saúde, prisões e contextos de rua.

Segundo a professora, o encontro mostrou que a TCI atua como ponte entre universidade, saúde, assistência social e comunidade. “As rodas envolveram instituições de saúde, escolas, igrejas e comunidades em situação de vulnerabilidade, incluindo população em situação de rua, migrantes e privados de liberdade,” acrescenta Milene, que atualmente preside a Associação Brasileira de Terapia Comunitária (ABRATECOM). “Assim, a universidade não apenas forma terapeutas, mas também devolve à sociedade um instrumento de cuidado coletivo”, destaca.

Reconhecida como tecnologia social, a TCI se diferencia por ser acessível, replicável e por valorizar saberes populares, experiências de vida e a diversidade cultural. Milene pontua que os impactos confirmam a potência da TCI para a resiliência e transformação coletiva, “tanto no âmbito individual, com melhora na autoestima, motivação e superação de lutos, quanto no coletivo, com a criação de redes de apoio e a integração de diferentes grupos sociais.”

Entre os desafios para consolidar a TCI como política pública de saúde e assistência social, a professora aponta a necessidade de financiamento sustentável, formação contínua de terapeutas, efetiva implementação no Sistema Único de Saúde (SUS) e na Assistência Social e o enfrentamento da resistência cultural por conta da predominância dos modelos que reduzem o cuidado ao tratamento de doenças. “Esses desafios apontam para a necessidade de políticas intersetoriais que promovam um modelo onde o foco seja o fortalecimento da vida, do bem-estar e da cultura de paz”, conclui Milene.

Texto: Mariana Real | Foto: Tierri Angeluci


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