HU-UEPG orienta mulheres sobre cuidados com a saúde no Outubro Rosa

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O Outubro Rosa do Hospital Universitário da Universidade Estadual de Ponta Grossa (HU-UEPG) é mais em tons azuis. Essas são as cores que a auxiliar operacional Maria Roseli Ribeiro costuma visualizar todos os dias na Seção de Hotelaria Hospitalar do Hospital Universitário Materno-Infantil (Humai). Responsável pelas roupas de cama e “pijamas”, Maria sempre deixa tudo arrumado e organizado para os pacientes e demais profissionais.

Mas esse trabalho excepcional e relevante foi interrompido por um breve período quando ela descobriu um câncer de mama. “Sempre fiz exame preventivo, biópsia, mas o resultado era negativo”, conta. Mas em um novo exame um tempo depois o resultado foi positivo e o câncer já estava em grau 3 com metástase, segundo ela. Em junho e setembro do ano passado ela fez as cirurgias, e em novembro já começou a quimioterapia. “Fiz a vermelha e perdi todo o cabelo. Depois a branca. E em agosto deste ano finalizei a radioterapia e voltei ao trabalho após 9 meses afastada”, disse.

“É uma doença bem difícil. Se você não tiver fé, você se entrega mesmo”, comenta. E quando ela descobriu a doença, não contou para ninguém. “Quando precisei encaminhar um atestado para o Humai pedi para o meu filho. Ele pegou e leu e me disse – mãe, não acredito que você está com câncer e não contou pra mim”. No início, Maria conta que tinha decidido não fazer o tratamento, mas com o apoio da família ela fez! “Minha irmã disse que ia me levar arrastada. Nas primeiras vezes ela me acompanhou, depois conseguia ir sozinha. Meu filho me cuidava e não deixava faltar nada. Engordei 10 kg”, lembra. Durante o tratamento, um dos fatos mais marcantes é a perda de cabelo. Maria disse que não quis usar peruca e nem lenço, preferia colocar um boné e fazia tudo o que precisava. “Mas agora o meu cabelo nasceu branco”, lamenta.

A principal mensagem que Maria deixa para quem passa por esse momento difícil é esquecer a doença. “Fé, em primeiro lugar. E também não pode ficar pensando, fazer de conta que não tem. Se você pensa que está doente você vai ficar mais doente. Eu, graças a Deus, não me entreguei e fazia tudo. Limpava casa, lavava roupa, fazia comida. Tem que lutar até o último minuto”, comenta. Além disso, o apoio de amigos também foi muito importante. “Todo mundo que me encontrava dizia: ‘eu estou rezando por você; estou torcendo por você; você está na minha oração’. E todo o dia me mandavam mensagens. Meus amigos do hospital nunca me abandonaram”.

Tanto não abandonam que durante o bate-papo o coordenador do Pronto-Atendimento do Humai, Lindomar Nivaldo de Aguiar, foi até o setor de hotelaria conversar com ela. “A Maria com a doença ela foi a mesma pessoa. Um exemplo de persistência, de recuperação. Ela é uma pessoa extraordinária”, afirma Aguiar. “O ‘Lindo’ vem todo dia me ver, conversar comigo. Outras pessoas também. Os médicos todos vinham perguntar como eu estava”, conta, feliz. Por fim, Maria elogiou muito o atendimento que recebeu durante todo o tratamento na Santa Casa, referência em oncologia em Ponta Grossa. “O Maurício (enfermeiro oncológico) é um amor de pessoa. Ele me explicou tudo o que eu precisava. No final do tratamento ele falou para mim: ‘meu Deus, eu não acredito que você passou por isso tão rápido. Qualquer dia vou te chamar para dar um testemunho aqui para as pacientes’”, comenta, orgulhosa.

Antes do tratamento a prevenção: médicos e professores dos HU-UEPG orientam sobre cuidados com a saúde feminina

Quando se fala sobre o Outubro Rosa pensamos em problemas de saúde que afetam exclusivamente mulheres. Porém, existem muitos outros problemas. De acordo com a professora Janiceli Blanca Carlotto Hablich Silvestre, as doenças cardiovasculares são a principal causa de morte entre mulheres. Ela lembra, ainda de problemas de saúde mental, como depressão, ansiedade e distúrbios do sono, que são mais comuns em mulheres jovens e de meia idade, além de distúrbios metabólicos (obesidade e diabetes tipos 2). São comuns, também, doenças autoimunes, declínio cognitivo e demência e infecções (HIV/Aids).

“Como mastologista tenho que colocar o câncer de mama, devido ao aumento da incidência, principalmente em mulheres jovens no centro do problema, mas ainda dentro do escopo da oncologia temos que olhar para o câncer de colo uterino, que mesmo sendo um tumor prevenível pelo diagnóstico em fase da doença precursora ainda temos a disponibilidade da vacina contra o HPV, ainda é a terceira neoplasia mais incidente na mulher brasileira”, destaca o professor Fábio Postiglioni Mansani sobre as principais doenças que afetam principalmente as mulheres. O médico destaca também o câncer de cólon como a segunda neoplasia, o crescimento descontrolado de células que podem formar um tumor, e para qual não tem se dado a devida atenção.

Sobre a prevenção das doenças tipicamente femininas, a professora Janiceli faz um alerta importante: apalpar os seios e a região da axila, conhecido como autoexame, não é mais recomendado para detectar o câncer de mama há mais de uma década pelo Ministério da Saúde e o Inca (Instituto Nacional do Câncer). Ou seja, não é considerado como um exame preventivo. “O autoexame não é capaz de identificar lesões pré-malignas, lesões muito pequenas, antes de se tornarem câncer, propriamente dito, ou seja, não consegue descobrir as lesões quando elas podem ser tratadas mais facilmente. Ao apalpar os seios a mulher só encontra tumores com mais de 2 cm, o que significa que o câncer já pode estar em um nível avançado”, alerta. Ela disse ainda que a mamografia é o exame de rastreamento recomendado para mulheres a partir dos 40 anos, outra mudança importante nos últimos anos.

Além disso, o professor Mansani garante que o controle de peso e atividades físicas evitam que o organismo desenvolva células com potencial de se tornarem tumores. “Quando se fala em rastreamento (prevenção secundária), o que falta em nosso meio é rastreamento organizado, quando o sistema público acompanha a população alvo evitando que se deixe de cumprir as recomendações do programa. No nosso país temos o que chamo de rastreamento desorganizado, mas a população tem que conhecer as regras e procurar o atendimento”, completa.

“A conscientização sobre o câncer de mama é essencial para aumentar as taxas de diagnóstico precoce. Conhecer os sinais e sintomas pode salvar vidas. Realizado mundialmente durante o mês de outubro, o movimento Outubro Rosa intensifica esforços para sensibilizar e educar sobre a prevenção do câncer de mama. Incentivar e enfatizar a detecção precoce por meio de exames como a mamografia, e aumentar o engajamento da população em relação à prevenção e ao diagnóstico oportuno do câncer de mama são os principais objetivos deste movimento”, afirma a professora Janiceli. “Temos que lembrar que o Outubro Rosa que funciona é aquele que ocorre todos os dias e não apenas em outubro!”, finaliza o professor Mansani.

Texto e fotos: Tierri Angeluci


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