Projeto da UEPG implanta pela primeira vez sistema silvipastoril na Fazenda Escola

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Um verdadeiro laboratório a céu aberto. A Fazenda Escola Capão da Onça da Universidade Estadual de Ponta Grossa (Fescon-UEPG) agora terá um sistema silvipastoril, tecnologia que combina árvores, pastagens e animais na mesma área, simultaneamente. A iniciativa inédita é fruto do trabalho que une ensino, pesquisa e extensão dos Programas de Pós-Graduação em Zootecnia (PPGZ) e de Bioenergia (PPGB). Neste ano, foram plantadas 785 mudas de árvores, em um espaço de 14 hectares, o que corresponde 90 árvores por hectare. A ação fornece maior conforto térmico aos animais e por consequência melhora a produção de leite e carne e resgata a emissão de carbono no ar.

Os professores do PPGZ, Vanderley Porfírio da Silva, Adriana de Souza Martins e Raquel Abdallah da Rocha Oliveira, em parceria com outros docentes da instituição, implantaram o projeto de integração pecuária e floresta na Fescon. A iniciativa conta com apoio da Embrapa Florestas e está vinculada ao Programa de Extensão da Educação Superior na Pós-Graduação (Proext-PG). Nesta primeira etapa, foram plantadas mudas de eucalipto, mas o planejamento também inclui árvores nativas, frutíferas e de essência. Para a implantação do sistema silvipastoril, as árvores podem ser das mais diferentes espécies, como explica o professor Porfírio. “Todas elas vão exercer um papel, que é prover conforto térmico ao animal que está em campo, ou seja, vão fazer sombra”. Para além do conforto térmico, o sistema tem outras vantagens, segundo ele: possibilidade da extração da madeira e o sequestro de carbono do ar. “As árvores vão crescer em taxas altas e o eucalipto cresce rápido, para que possa capturar esse carbono na taxa mais rápida possível”.

Outras vantagens do sistema são a possibilidade de melhor escoamento da água e nutrição do solo, por conta das folhas que caem das árvores; aumento de circulação de aves e da população de insetos, que realizam a reciclagem das fezes dos animais e evitam a reprodução de moscas. “Isso tudo dentro de uma Fazenda Escola. Esse sistema já acontece em algumas áreas de produção, mas dentro da Universidade é algo inovador, trazendo este conceito de laboratório a céu aberto”, destaca, Porfírio, “e aí você pode dizer que você tem um sistema resiliente com relação a mudanças climáticas”.

“Os nossos animais, tantos ovinos quanto os bovinos, vão a pasto, mas o estresse térmico impacta diretamente na produção de leite e de carne, então nós decidimos iniciar a implantação desse sistema aqui na Fazenda Escola”, ressalta a professora Adriana. “Nós temos visto a questão do aquecimento global e como isso afeta na criação animal, inclusive na questão reprodutiva, então com esse conforto térmico poderemos avaliar as melhorias e passar os resultados para os produtores”, explica. A professora Raquel complementa que o sistema silvipastoril irá contribuir para avaliação de verminoses. “O grande problema da criação de ovinos é a verminose, porque os anti-helmínticos já não funcionam mais, então a gente pretende verificar se realmente com isso a gente consegue conviver com o parasita, estamos bem confiantes de que com esse sistema a gente vai ter uma melhor produção dos ovinos”.

O diretor da Fazenda Escola, professor Orcial Bortolotto, destaca que a iniciativa poderá contribuir para a construção de conhecimento em outras áreas para além da Zootecnia e Agronomia. “Pesquisadores de outras áreas poderão contribuir, colocando a Fescon dentro dessa filosofia de um laboratório multiusuário, sendo um polo de referência para produtores da região”. São parceiros envolvidos no projeto: Prefeitura de Ponta Grossa; Viveiro Florestal da UEPG; Arbogen; Datamars; Águia Florestal; Embrapa Florestas; Instituto de Desenvolvimento Rural do Paraná; e Agroceres.

Texto e fotos: Jéssica Natal


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