Protocolos técnicos, boas práticas voltadas à coleta, armazenamento, transporte, prescrição, administração e monitoramento de hemocomponentes. Assim foi a Oficina de Qualificação sobre Ato Transfusional, ofertada pelo Centro de Hematologia e Hemoterapia do Paraná (Hemepar), em parceria com os Hospitais Universitários da Universidade Estadual de Ponta Grossa (HU-UEPG). O evento foi realizado no Centro Integrar da UEPG, dias 25 e 26 de junho, e todas as 70 vagas disponibilizadas foram ocupadas pelas equipes dos HU e de demais hospitais da cidade.
“A direção destaca a importância da parceria entre o Hemonúcleo de Ponta Grossa e os HU-UEPG não só na assistência, mas em todo o trabalho desenvolvido voltado ao atendimento. Neste caso, no desenvolvimento das necessidades de transfusão dos pacientes. Esse evento em parceria demonstra que estamos alinhados para que os profissionais atendam cada vez melhor e de forma mais segura”, afirma a diretora-geral dos HU-UEPG, professora Fabiana Postiglioni Mansani.
De acordo com o coordenador da Diretoria Acadêmica dos HU-UEPG, professor Leandro Martinez Vargas, o foco do evento foi a segurança do processo transfusional nas unidades atendidas pelo Hemepar, reforçando a importância da atuação multiprofissional nesse processo. “Participaram da capacitação residentes e profissionais dos Hospitais Universitários da UEPG das áreas de Enfermagem, Farmácia, Bioquímica e Medicina, além de servidores de unidades de saúde de Ponta Grossa e municípios da região”, destaca.
Segundo ele, o evento foi positivo, com excelente adesão e engajamento dos participantes. “A troca de experiências e a atualização técnica proporcionadas durante os dois dias de atividades foram fundamentais para a qualificação dos serviços prestados, promovendo maior segurança e eficiência nas práticas transfusionais”, garante.
Por fim, Vargas destaca o compromisso da UEPG com a formação continuada de seus profissionais e residentes, além de refletir diretamente a qualidade da assistência prestada à população. “A Direção Acadêmica reforça, ainda, a relevância de ampliar esse tipo de ação para outras áreas estratégicas da saúde, consolidando os HU-UEPG como espaços de ensino, pesquisa e formação profissional integrada”, finaliza.
Agência Transfusional dos HU-UEPG preparou 6.854 bolsas de hemocomponentes em 2024
Responsável pelo suporte hemoterápico aos pacientes internados, assegurando a disponibilidade de hemocomponentes com qualidade e segurança, a Agência Transfusional dos HU-UEPG executa um trabalho essencial para o Hospital Universitário. Vinculada à Seção Técnica Assistencial, a Agência atua de forma integrada com a equipe assistencial multiprofissional (Médicos, Enfermeiros, Laboratório, entre outros) e com o Hemepar, contribuindo para o atendimento de urgências, cirurgias e tratamentos clínicos.
Para a coordenadora da Seção, Amanda Gabrieli Schuber Spósito Rangel, além de realizar testes imuno-hematológicos para garantir a compatibilidade entre doador e receptor, a equipe técnica da agência é responsável por avaliar criteriosamente as requisições transfusionais (RTs), interagir com os prescritores sobre a real necessidade da transfusão e preparar adequadamente as bolsas, assegurando que o paciente receba o sangue de forma rápida e com segurança.
“Os HU-UEPG detém também um Comitê Transfusional que realiza reuniões mensais para discussão de casos, promoção de ações preventivas e corretivas, análise de indicadores sobre o consumo de hemocomponentes, taxas de reações, eventos adversos, compatibilidade e conformidade das requisições e também o monitoramento da hemovigilância”, explica Amanda. Segundo ela, “o Comitê Transfusional do HU-UEPG desempenha um papel estratégico na melhoria da qualidade assistencial, na segurança do paciente e na gestão eficiente e racional dos recursos hemoterápicos”.
Com aumento exponencial de atendimentos nos últimos anos, a Agência Transfusional dos HU-UEPG atendeu 1.962 em 2024. Quem conta sobre os dados e os números de atendimentos é a farmacêutica Gabriela Oelmüller, coordenadora da Agência. Segundo ela, no ano passado foram preparadas 6.854 bolsas de hemocomponentes, uma média de 571 por mês. “Foram efetivamente transfundidas em 2024 4.389 bolsas. A diferença é dada pelas reservas cirúrgicas que a gente faz, mas felizmente o paciente acaba não precisando transfundir”, explica.
Além dela e da responsável técnica pela Agência, a médica hematologista Erica Sabrine Ângelo Lisboa, outros 11 farmacêuticos e/ou bioquímicos atuam no setor, além de seis professores da UEPG que realizam plantões em algumas oportunidades e também os residentes multiprofissionais. “Nossa demanda cirúrgica é bastante elevada. Ainda assim, graças à estrutura que possuímos atualmente e ao suporte contínuo — com insumos, reagentes, equipamentos e um estoque adequado de hemocomponentes — temos capacidade para executar, com eficiência, um protocolo de reserva cirúrgica. Nesse modelo, as bolsas são previamente preparadas e reservadas para os pacientes, caso haja necessidade de transfusão durante o ato cirúrgico”, destaca Gabriela.
Segunda ela, outro diferencial importante dos HU-UEPG diz respeito a equipamentos automatizados que a Agência possui e isso auxilia na rotina de trabalho como, por exemplo, cartões de imunoglutinação com tecnologia em gel que poucos lugares na região possuem. Somente em 2024, foram investidos quase R$ 100 mil. Destaque para novos refrigeradores científicos, freezer, homogeneizador de plaquetas e seladora de bancada.
Por fim, Gabriela explica que todo o estoque de bolsas de hemocomponentes da Agência Transfusional é preparado pela Hemepar e, quando necessário, solicitado pelos HU-UEPG. Porém, existem testes pré-transfusionais obrigatórios por legislação que precisam ser feitos antes que as bolsas fiquem disponíveis para uso. De acordo com Gabriela são: tipagem sanguínea do paciente, retirarem da bolsa, prova cruzada, pesquisa de anticorpos irregular e o teste de hemólise da bolsa. Outras atribuições importantes da Agência no Hospital Universitário Materno Infantil (Humai) são o fracionamento de hemocomponentes, já que pacientes pediátricos, recém-nascidos, e prematuros precisam de uma quantidade menor do que de uma bolsa padrão; e a tipagem de gestantes e bebês que acabaram de nascer.
Texto: Tierri Angeluci / Fotos: Larissa Godoy, Aline Jasper e Tierri Angeluci
