

A coordenadora do Nevin, Maria Cristina Rauch Baranoski, apresentou o núcleo e destacou o propósito de conscientização e prevenção da iniciativa. “A violência intrafamiliar e as violências de modo geral não são problemas só do Estado ou só da outra pessoa. A violência é um problema de todos nós. É sempre em primeira pessoa! E também é de todos nós, porque vivemos numa sociedade violenta. Nós temos um fenômeno complexo, multifacetado”, declarou.
O pró-reitor de Pesquisa e Pós-Graduação (Propesp), Renê Hellman, celebrou a presença de todos, especialmente dos Poderes Legislativo e Judiciário, ressaltando a importância dessa união para promover mudanças sociais. “A universidade pública, quando se abre para ouvir a sociedade e busca solução para um problema social, está cumprindo esse mister de servir ao público. A universidade pública se realiza porque tem, justamente, essa capacidade de mapear problemas sociais, intervir em problemas sociais e criar soluções para esses problemas”, disse ele.
A vereadora Joce Canto é autora da Lei 15.504/2025, que institui a Semana Municipal de Combate à Violência Intrafamiliar, a ser realizada anualmente na primeira semana de agosto. Ela explicou que o Nevin impulsionou a criação da medida, cabendo a ela a proposição do projeto na Câmara Municipal, onde foi aprovado por unanimidade.
A parlamentar defendeu que, além do trabalho com os adultos, as crianças também devem ser conscientizadas, considerando as escolas como peças-chave nesse processo. “Quantas vezes nós vemos que é dentro da escola que saem as denúncias de abuso sexual e violência, pois a criança denuncia que a mãe está passando por violência doméstica, por exemplo. Então, a escola tem um papel fundamental”, defendeu.
Exposição
Os relatos da exposição são impactantes. “Eu trouxe a roupa da pessoa mais nova que sofreu violência sexual, que é uma criança de três meses. Está ali”, relatou Godoy, contando que, nesse caso específico, a criança era amamentada pela mãe enquanto esta era estuprada pelo próprio marido. O casal se separou.
As vestimentas e as histórias foram cedidas pela Polícia Civil e também coletadas pela professora Marcela, que utiliza as vestimentas preservando as identidades dos envolvidos fossem preservadas. Embora o conteúdo seja chocante, a professora ressaltou a necessidade de abordar o tema. “A gente tem dialogado, eu acho que a gente está no comecinho”, declarou.
Marcela também comentou que a idade dos agressores é diversa, composto não somente de pessoas adultas. “Hoje, adolescentes em redes sociais praticam desafios misóginos e violência. Já tivemos relatados casos de irmãos mais velhos abusando dos mais novos, por conta desses desafios de Internet, por exemplo”, explica.
Programação diversa
A programação da semana incluiu, no dia 05 de agosto, a palestra “Enfrentamento da Violência Intrafamiliar: Mulher, Criança e Adolescente, Pessoa Idosa, Pessoa com Deficiência e Comunidade LGBTQIAPN+”. O debate contou com a participação das professoras Dirceia Moreira e Maria Cristina Rauch Baranoski, além de Guilherme Portela, Gislaine Simões e Geraldo Baranoski.
Hoje, dia 06, as ações se concentraram em Itaiacoca, distrito de Ponta Grossa, com visitas de orientação sobre o tema. No dia 07, uma panfletagem no centro da cidade e em bairros dará continuidade às atividades de conscientização.
Para encerrar a semana, no dia 08 de agosto, às 14h, ocorrerá o lançamento da Cartilha sobre Violência Intrafamiliar, seguido por um grupo de discussão a respeito dos principais aspectos que envolvem a problemática. A atividade será realizada na Câmara Municipal de Ponta Grossa, localizada na Avenida Visconde de Taunay, 880.
Sobre a iniciativa
Vinculado ao Departamento de Direito Processual, o Nevin tem como objetivo geral oferecer acolhimento e orientação a grupos socialmente vulneráveis (crianças, adolescentes, mulheres, idosos, pessoas com deficiência e a população LGBTQIAPN+) em situação de violência intrafamiliar, encaminhando-os aos órgãos competentes para a efetivação das medidas legais. O núcleo também promove ações socioeducativas e de prevenção em escolas e outros espaços, com foco nas áreas periféricas de Ponta Grossa (especialmente o Distrito de Itaiacoca) e no município de Imbaú.
O financiamento do projeto provém do Programa Universidade Sem Fronteiras, da Secretaria da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior do Paraná (Seti), com gestão na UEPG realizada pela Pró-reitoria de Extensão e Assuntos Culturais (Proex).
Texto: Helton Costa / Fotos: Helton Costa e Jairo C.P. de Souza
Exposição “O que você estava vestindo?”
Palestra “Enfrentamento da Violência Intrafamiliar: Mulher, Criança e Adolescente, Pessoa Idosa, Pessoa com Deficiência e Comunidade LGBTQIAPN+”