

O Guia Prático de Implantação da Terapia Comunitária Integrativa (TCI), desenvolvido com a participação da Universidade Estadual de Ponta Grossa (UEPG) e lançado em julho deste ano, foi apresentado nesta terça-feira (19) durante a 5ª Conferência Nacional de Saúde do Trabalhador e da Trabalhadora, evento que acontece nesta semana em Brasília, promovido pelo Ministério da Saúde.
De acordo com a professora do Departamento de Saúde Pública (Desp), Milene Zanoni, uma das organizadoras da publicação, a importância de apresentar o guia durante o evento está em divulgar, perante a maioria dos municípios brasileiros, a TCI como recurso de saúde mental. “A nossa meta é que os 5.570 municípios brasileiros tenham acesso a esse guia e que haja uma mobilização por parte da população, dos conselheiros de saúde municipais, estaduais e nacional, que a gente consiga sensibilizar os gestores, secretárias e secretários de saúde dos municípios, que a gente consiga, de fato, promover alternativas sustentáveis e desmedicalizadoras para o cuidado ampliado da saúde mental e autocuidado das pessoas”, destaca.
Outra questão trazida pela professora diz respeito à saúde mental de trabalhadores e trabalhadoras, tema da conferência. Segundo ela, o guia é uma forma de conscientizar a sociedade quanto ao adoecimento mental no mundo do trabalho. “As empresas, as instituições também estão doentes. Então, a nossa ideia é fazer um grande movimento pra que seja olhada a saúde do trabalhador e da trabalhadora, porque instituições não são instituições se as pessoas não estão bem. A gente precisa urgentemente olhar para a saúde mental de quem carrega o Brasil e leva ele pra frente, que são os trabalhadores e as trabalhadoras”, pontua.
A UEPG é uma das instituições responsáveis pela elaboração do guia, ao lado da Universidade Federal do Paraná (UFPR), da Associação Brasileira de Terapia Comunitária Integrativa (Abratecom) e do Mestrado Profissional em Saúde da Família (Profsaúde-Fiocruz). A publicação é uma iniciativa vinculada à Fundação Banco do Brasil, com o objetivo de fortalecer as práticas integrativas no Sistema Único de Saúde (SUS) em todo o país.
Reconhecida nacionalmente por seu protagonismo na área, a UEPG foi a primeira Universidade pública brasileira a ofertar uma especialização em Terapia Comunitária Integrativa, por meio do Desp. Desde então, mantém ações permanentes de cuidado coletivo em saúde mental, como as rodas semanais de TCI realizadas pelo Ambulatório de Saúde Integrativa (ASI), abertas à comunidade interna e externa da instituição.
No segundo semestre de 2025, a Universidade deve ampliar ainda mais sua atuação na área, com a oferta de cursos de capacitação em TCI para profissionais da saúde e lideranças comunitárias, em parceria com a Fundação Municipal de Saúde de Ponta Grossa e a Fundação de Apoio da UEPG (Fauepg). As formações visam expandir o acesso à prática em municípios da região e fortalecer redes locais de cuidado em saúde mental.
O Guia Prático de Implantação da Terapia Comunitária Integrativa pode ser acessado gratuitamente neste link.
A TCI é uma Prática Integrativa e Complementar em Saúde (Pics) que surgiu na década de 1980, em Fortaleza, na comunidade do Pirambu, fruto de um trabalho coletivo realizado pelos irmãos José Airton de Paula Barreto e Adalberto de Paula Barreto. Atualmente, além do Brasil, está presente em diversos países do continente africano, das Américas e da Europa.
Trata-se de uma prática terapêutica coletiva, que ocorre em espaços abertos e envolve os membros da comunidade em atividades de construção de redes sociais solidárias para a promoção da vida, além da mobilização de recursos e competências dos indivíduos, famílias e comunidades.
Em 2024, a TCI foi uma das vencedoras — a única na categoria Saúde e Educação — da 12ª edição do Prêmio Fundação BB de Tecnologia Social, que visa certificar, premiar e difundir tecnologias sociais já aplicadas e em atividade.
Texto: Gabriel Spenassatto | Fotos: Thiago Lustosa (Ascom/CNS)

