

A Universidade Estadual de Ponta Grossa (UEPG) realizou, dias 2 e 3 de junho, o 17º Fórum das Licenciaturas, que teve como tema central “Ser professor é…”. O evento, que aconteceu no Campus Uvaranas, reuniu estudantes e professores dos cursos de licenciatura da instituição, docentes da educação básica e representantes das redes públicas de ensino municipal e estadual.
A proposta foi discutir, de maneira coletiva e interdisciplinar, a identidade docente e os desafios da formação de professores na atualidade. O Fórum abriu com a conferência “Sobre a boniteza de ser professor”, ministrada pelo professor Júlio Emílio Diniz Pereira, da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). Nos dois dias de programação, mesas temáticas, rodas de conversa e atrações culturais envolveram a comunidade acadêmica e convidados externos.
A professora do curso de Pedagogia da UEPG, Gisele Brandelero Camargo, membro da Comissão de Coordenação Geral das Licenciaturas (Copelic), considera que o evento é um convite para que os acadêmicos das licenciaturas participem de um movimento formativo e reflitam sobre as questões éticas e pedagógicas da sua profissão. “Ser professor, infelizmente, ainda é uma profissão desvalorizada na nossa sociedade. Mas nós estamos lutando para que isso mude. É uma das profissões mais importantes, porque é a partir dela que nascem todas as outras”, defende.
Representante do curso de Música da UEPG na Copelic, o professor Egon Eduardo Sebben destacou que o Fórum é um espaço de troca de experiências entre diferentes áreas da licenciatura. “É uma oportunidade de compreendermos as semelhanças e as particularidades de cada formação. E é um evento que já tem uma caminhada longa, são 17 edições, sempre buscando dialogar com temas atuais e relevantes para a profissão, especialmente para os acadêmicos”, afirma.
Ser professor é…
Hoje, atuando tanto na educação básica quanto no ensino superior, Edilson enxerga a docência como um compromisso e uma luta diária, mas lembra que nunca sonhou em ser professor. “Eu sempre vi a profissão com muita admiração, mas como algo impossível de ser alcançado, considerando que eu vim da periferia, estudei em escola pública e sou filho de pais semialfabetizados”, relata. A virada aconteceu no terceiro ano do ensino médio, quando teve contato com acadêmicos de Educação Física do PIBID (Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência) e professores da Universidade. “Me fizeram acreditar que eu tinha algo a ensinar e capacidade para isso”.
“Eu acredito que ser professor é muito mais do que estudar para ensinar. Não existe o dom de ser professor, mas existe o gostar de ensinar. Eu sempre gostei de ver pessoas aprendendo a partir das coisas que eu conseguia compartilhar”, define Iago Oliveira Costa, professor de História formado pela UEPG e mestrando em Educação (PPGE-UEPG).
Também mestranda em Educação pela UEPG, Estefani de Oliveira ingressou na Licenciatura em Ciências Biológicas com o objetivo de se tornar professora e atuar na educação tanto básica quanto da educação superior. “É importante que a gente tenha esses espaços de discussão sobre questões que hoje são emergentes e norteiam a nossa educação”, declara.
Para a secretária municipal de Educação de Ponta Grossa, Joana D’Arc Panzarini Egg, a docência é uma profissão em constante transformação. “Ser professor é exercer uma função multifacetada. Ele faz tudo, realiza multifunções. Mas, acima de tudo, precisa estar sempre se renovando. A educação transforma, a tecnologia transforma, e o professor não pode ficar parado. Ele precisa inovar sempre”, ressalta.
A secretária destacou ainda a importância de dialogar com a universidade sobre a formação docente e as demandas da rede municipal: “Foi muito significativo poder apresentar aos alunos como funciona a nossa rede, como se dá o ingresso e quais são os fundamentos que orientam nosso trabalho. Isso aproxima universidade e escola e contribui para a formação de professores mais preparados para a realidade da educação pública”.
Representando a Secretaria da Educação do Paraná (Seed), a professora Gilmara de Fátima Weingärtner, chefe de departamento da Diretoria de Educação, reforçou a importância da aproximação entre as universidades e o Governo do Estado. “Ao estarmos presentes em fóruns como esse, conseguimos mostrar às universidades quais são as nossas necessidades. Precisamos de professores com uma visão mais prática, com foco no aprendizado do aluno”, explica.
Gilmara também ressaltou as parcerias já existentes com universidades estaduais, como o PDE (Programa de Desenvolvimento Educacional) e o projeto Ganhando o Mundo Professor. “São iniciativas que fortalecem a formação continuada e que podem crescer ainda mais. Temos uma relação muito positiva com as universidades públicas”, completa.
Texto: João Pizani | Fotos: Erica Fernanda, João Pizani e Larissa Godoy