

Fora do horário de expediente, porém, Karla mantém um cotidiano bastante regrado, que inclui cuidados constantes com a voz, ensaios e aprendizado contínuo. Esse compromisso começou há 19 anos, quando decidiu se dedicar ao canto, integrando os corais da cidade. Desde então, as apresentações e a vida nos palcos se tornaram parte de um hobby que virou paixão. “Aos nove anos, minha avó me matriculou no curso de violão clássico, no conservatório Maestro Paulino. Não gostei muito. Então, com 10 anos, fui para o violão popular. Ali, me identifiquei mais. Sempre gostei de música”, explica.
O tempo passou e Karla ingressou na UEPG, no curso de História. A paixão pela música continuava, mas ainda não era uma rotina fixa de preparação e estudos na área, afinal, a vida acadêmica demandava grande dedicação. Mesmo assim, já no terceiro ano da graduação, foi aprovada em um concurso para a área administrativa da instituição. “Nesse meio tempo, também lecionei na rede estadual por dois anos e meio. No entanto, acabei optando por me dedicar apenas ao trabalho administrativo”, comenta.
A chegada do canto
Contudo, a entrada não foi imediata. “Me inscrevi para fazer o curso de técnica vocal no Conservatório, mas não passei. Em seguida, fiquei sabendo que a instituição tinha um coral, regido pelo maestro Maurício Haas, no qual ingressei em 2006. A partir de 2010, esse grupo se tornou um projeto de extensão da UEPG e do Conservatório, coordenado pela maestrina e professora Carla Irene Roggenkamp, recebendo o nome de Coro em Cores”, destaca.
Karla também participou do Coral Santa Cecília até 2009. “Quando você entra no mundo da música, quer saber mais detalhes, entender como tudo funciona. É aí que se dá conta de que seu corpo é um instrumento que emite som. Você quer aprimorar a qualidade dessa sonoridade, aprender a usar melhor o corpo para produzir um timbre mais bonito. É uma parte bem técnica”, define a coralista.
Persistência e amizades
Simultaneamente, Karla conciliava a participação no Coro em Cores, da UEPG. Ela elogia o projeto de extensão. “É aberto à comunidade, então não é preciso ter conhecimento de teoria musical, basta gostar de cantar. Muitas pessoas, inclusive, chegam com depressão e saem dali muito melhores. A socialização é enorme, com gente de idades variadas. Existe um coleguismo, uma vontade de ajudar! É muito legal essa atmosfera”, lembra, sorrindo. Na classificação do naipe de vozes, Karla é soprano dois.
Rotina de estudos e a pandemia
Para manter o ritmo e progredir em sua jornada musical, Karla ensaia nos grupos que integra atualmente: às segundas-feiras no Coral da Copel e às terças no Coro em Cores. Isso sem contar o tempo dedicado aos estudos em casa, que se aproxima de duas horas semanais. “Excepcionalmente, perto das apresentações, temos um ensaio extra”, completa a vocalista. Além disso, a servidora se apresenta por temporadas no Coro Madrigal Maestro Gabriel de Paula Machado, regido pela mesma maestra, Carla Irene Roggenkamp.
Com o fim do isolamento, os ensaios presenciais voltaram, e a animação do grupo também. “Quando retornamos, foi um reencontro de alegria imensa! Ao longo dos anos, muita coisa mudou. Muitos entraram, outros saíram, e alguns permaneceram. Nós comemoraríamos 10 anos do Coro em Cores em 2020 e planejávamos uma grande celebração. Veio a pandemia e não pudemos festejar. Somente este ano conseguimos realizar o concerto comemorativo de 15 anos”, recorda.
Cantando um pouco de tudo
E cada grupo tem suas especificidades. “O Coral da Copel é voltado para um público mais leigo e o estilo das canções é diferente, mais focado na Música Popular Brasileira (MPB), que eu também adoro. Já o Coro em Cores, em alguns repertórios, tende mais para o lírico e para canções de diferentes povos, com um repertório sempre renovado”, explica.
Na memória da cantora, uma apresentação marcante foi a de “Carmina Burana”, de Carl Orff, acompanhada por uma orquestra e junto de outro coral. “Foi maravilhoso. Foi a primeira vez que, como coro, nos apresentamos com um grupo de músicos. Uma experiência singular”, relembra.
Curitiba, Carambeí, Castro, Palmeira, Rebouças e Ortigueira são algumas das cidades que Karla já conheceu graças à sua paixão pela música. Para o futuro, ela pretende continuar participando dos corais e, daqui a cinco anos, quando se aposentar, já tem uma meta definida. “Quero viajar ainda mais e ter uma presença ainda mais constante nos corais. Amo ser coralista”, planeja.
UEPG Extraordinária
Esta reportagem faz parte de uma série que conta o que servidores – professores e agentes universitários – fazem de notável ou excepcional em seu tempo livre – hobbies, esportes, atividades culturais, habilidades, voluntariados… Para sugerir pautas e histórias para a série “UEPG Extraordinária”, é só entrar em contato pelo e-mail ccom@uepg.br.
Texto: Helton Costa/Fotos: Helton Costa e arquivo pessoal de Karla Falcão de Souza.