Mestra em Geografia pela UEPG realiza exposição oriunda de dissertação em Curitiba

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Até o dia 11 de janeiro, o Museu Municipal de Arte (Muma), em Curitiba, recebe a exposição coletiva “Modelo Contrata Artista”, que deriva de um artigo baseado da dissertação apresentada pela acadêmica Bruna Sassi na Pós-Graduação em Geografia da UEPG, que busca inverter a lógica dos ateliês e questionar as hierarquias que envolvem o nu artístico dentro do campo das artes.

A pesquisadora da UEPG e autora, Bruna Sassi, explica o que a dissertação e a exposição procuram responder e mostrar ao público “A dissertação investigou a experiência do modelo vivo como um fenômeno geográfico, filosófico e artístico. Compreender como o corpo, em situação de modelo vivo, produz espaço a partir da presença, da relação com o outro e da vivência sensível”. Segundo ela, as principais perguntas foram: “como o corpo habita a sala de desenho, como se configura a relação entre o corpo do modelo e o corpo do outro, e como se dá a composição espaço-tempo própria dessa prática artística”.

Bruna ainda comenta que, quando entrou no mestrado, o seu projeto inicial tratava da relação entre corpo e cidade, mas percebeu que a prática de modelo vivo – algo que já fazia antes de ingressar na Universidade – reunia as informações de espacialidade e sensibilidade que a acadêmica procurava. Segundo ela, a mudança de tema foi amadurecida em diálogo com seu orientador e orientada pelo próprio percurso da pesquisa. “Optamos por um caminho fenomenológico e pela escrita em primeira pessoa, estruturando a dissertação como uma “dissertação-habitada”. Ou seja, um trabalho no qual a minha própria experiência como modelo vivo não apenas atravessava a investigação, mas também se tornava um instrumento metodológico legítimo”.

Bruna destaca também o processo prático durante a criação da mostra. “O trabalho de campo foi extenso e incluiu minha participação ativa enquanto modelo vivo, a realização de grupos focais ao final das sessões e entrevistas com 19 modelos vivos, além das percepções de 16 participantes. Esse conjunto permitiu compreender as geografias compartilhadas que emergem da prática — relações com o espaço, com o outro, com o próprio corpo, com presença e pensamento”, explicou.

Voltando à área acadêmica, a artista comenta a importância que a Universidade teve para ela para conseguir tirar a ideia da mostra do papel. “A Universidade e meu orientador ofereceram a estrutura necessária para desenvolver esse percurso, especialmente no que diz respeito ao método fenomenológico e à liberdade para explorar uma escrita mais encarnada, que depois se tornou central para a pesquisa.”

A modelo também pontua quais inspirações utilizou durante o seu processo de criação tanto do trabalho quanto da mostra. “Trabalhei a partir de um olhar fenomenológico, inspirado especialmente em Merleau-Ponty, compreendendo o quiasma — essa unidade por oposição — como estrutura fundamental para pensar a relação entre quem posa e quem observa. Essa abordagem revelou um espaço geográfico marcado pela carnalidade e pela performatividade das trajetórias humanas que se encontram nas sessões de modelo vivo”, destacou ela.

A exposição continua até o dia 11 de janeiro. Os horários de funcionamento são das 10h às 19h de terça-feira a domingo, a entrada é gratuita.

Texto: Gabriel Ribeiro | Fotos: Marcela Müller e Iara Maica


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