

A coordenadora do evento, professora Augusta Pelinski Raiher, conta que a ideia do Encontro é aproximar a teoria mostrada em sala de aula com a vivência profissional. “Nesta edição, nós estamos trazendo profissionais da área para falar sobre a economia na prática”, explica. Para Augusta, o curso de Ciências Econômicas da UEPG vai muito além da percepção inicial que muitos vestibulandos têm antes de ingressarem no curso. “Claro que envolve aprender a lidar com finanças, mas não é só isso. O curso projeta o aluno como cientista das ciências sociais, alguém que pode atuar diretamente para melhorar o bem-estar da sociedade. É uma área muito fértil, que abre várias possibilidades de atuação”, comenta.
Formada pela própria UEPG, Augusta conhece de perto o caminho percorrido pelos estudantes que hoje participam do Encontro. Ela conta que escolheu o curso pela afinidade com as disciplinas de exatas, mas também pela possibilidade de atuação além da sala de aula: “Entre as opções que eu tinha, a economia foi a que me pareceu mais viável. Eu gostava de matemática, mas queria atuar no mercado de trabalho, executar na prática”. A relação com a profissão foi se transformando ao longo do tempo, e hoje a professora se dedica a outro campo. “Meu foco atual não é tanto quantitativo. Hoje eu sou uma pesquisadora de desenvolvimento econômico e social, o que vai muito além do que eu imaginava quando entrei no curso”, relata.
Retorno à UEPG
Para James, retornar à UEPG é uma experiência gratificante. “A professora que me convidou para o evento me deu aula aqui no curso, era uma das minhas favoritas. Estar do outro lado, agora como convidado, traz um senso de retribuição”, conta. Segundo ele, a participação no Encontro de Economia trouxe memórias da época de faculdade: “Alguns palestrantes foram meus colegas. Eu acabo lembrando de momentos da graduação, como quando ouvi pela primeira vez sobre a láurea acadêmica, justamente nos corredores desse departamento. É um prazer vir aqui trazer para os alunos as coisas que aprendi ao longo dos anos de pesquisa e docência”.
O primeiro contato mais direto de James com a área veio quando ele ainda era aluno do curso de Artes, e recebeu um livro de economia de presente do pai de um amigo, que trabalhava em um banco. “Eu sempre tive aptidão pela matemática e pelo raciocínio lógico. Na época, comentava-se muito na Nigéria que os economistas ganhavam bem, que era uma área promissora em termos de salário e demanda”, lembra. O convênio educacional com o Brasil abriu a oportunidade para cursar a graduação fora do país.
A adaptação, no entanto, não foi simples, já que James ainda não dominava o português. “O que me ajudou foi a matemática. O nível de ensino na Nigéria é muito mais rigoroso do que no Brasil, por isso coisas que eu via de matemática aqui na graduação, eu já tinha visto lá no ensino médio. Então eu sofria um pouco nas outras disciplinas, mas nas de cálculo conseguia ir bem”, relembra.
Quatorze anos depois de vir ao Brasil estudar Ciências Econômicas na UEPG, James considera que fez a escolha certa: “É um curso que me abriu muitas portas. Eu já fui a vários países para pesquisar sobre temas como saúde pública, segurança pública, roubo de carga. Dois meses atrás, eu estava no México falando sobre transição energética. A economia atravessa várias áreas, então eu acredito que quem levar o curso a sério e aproveitar oportunidades como essa, poderá perceber muitas portas se abrindo”.
Depois de formado, Bruno construiu carreira no mercado financeiro, passando por gestoras de capital, fundos de investimento e, mais recentemente, tornou-se sócio de uma boutique de fusões e aquisições. Esse é o segundo ano consecutivo que Bruno participa do Encontro de Economia, relatando sua experiência profissional. Para ele, retornar ao curso e conversar com os atuais estudantes é uma forma de mostrar possibilidades que vão além da academia. “É muito importante poder trazer um novo horizonte. Então vir para cá, contar um pouco da minha vivência e das coisas que o curso pode proporcionar em termos de carreira, é para mim um misto de orgulho e agradecimento”, afirma.
Segundo o coordenador do curso de Ciências Econômicas, professor Cárliton Vieira dos Santos, boa parte dos calouros chegam ao curso motivada pela ideia de trabalhar no mercado financeiro, mas com o tempo descobrem outras possibilidades de atuação: “É muito comum ouvir dos alunos que escolheram economia pensando em análise de investimentos. Mas ao longo do curso eles percebem que tem várias oportunidades que a formação oferece. E acabam se surpreendendo com a própria capacidade de adaptação, porque conseguem assimilar e aplicar os conhecimentos de maneira rápida em diferentes áreas”. Essa percepção também é reforçada pelo contato com egressos. “No Encontro de Economia do ano passado, tivemos uma mesa com egressos que foi muito marcante, porque os alunos veem a trajetória profissional de alguém que saiu do mesmo lugar em que eles estão agora e percebem que existe a possibilidade de seguirem esse caminho, então conseguem se imaginar ou sonhar com uma trajetória parecida”, conta.
“A Universidade é para vocês”
Nascido em Visconde do Rio Branco e criado em Ubá, ambas cidades do interior de Minas Gerais, Cárliton foi o primeiro do seu círculo familiar a cursar graduação. Quando iniciou os estudos em Ciências Econômicas, na Universidade Federal de Viçosa, não tinha clareza sobre a profissão. Com o tempo, descobriu a afinidade com a área e percebeu o impacto que a formação teria em sua vida. “Não foi uma opção fácil, sair da cidade onde morava, vindo de uma família que não tinha boas condições financeiras para isso. Por isso, eu sou um grande defensor de que a educação e o ensino formal podem mudar vidas”, afirma. O professor acredita que uma formação superior cria possibilidades que vão além da realidade imediata de cada estudante.
Segundo ele, muitos alunos que estão no ensino médio hoje, principalmente de escolas públicas e de periferias, pensam que a Universidade é algo muito distante deles, porque às vezes não tem familiares no ensino superior. Então, a primeira coisa é que os alunos entendam que a Universidade também é para eles e não se excluam desse processo. “A própria UEPG tem uma política muito forte de permanência de alunos com bolsas de auxílio, seja de assistência direto ao estudante, seja bolsas de monitoria, iniciação científica ou extensão; além de facilidade de acesso ao Restaurante Universitário a preços muito baixos ou gratuitos, dependendo da condição do aluno. Enfim, há uma série de oportunidades para que o aluno permaneça dentro da instituição”, comenta o professor.
Ao longo de mais de três décadas de carreira, o professor Cárliton acompanhou as mudanças na formação e no trabalho do economista. Quando ingressou no curso em 1989, o Brasil ainda enfrentava hiperinflação e sucessivos planos econômicos. O tema dominava os noticiários e chegava à vida cotidiana, com o bloqueio das poupanças no governo Collor e a instabilidade que só seria contida com o Plano Real, em 1994. “Esse contexto provavelmente aumentou meu interesse pelo curso. A temática da economia estava em todo lugar, e a minha monografia de TCC acabou sendo sobre o Mercosul, que era um assunto central na época”, relembra.
No curso da UEPG, Cárliton destaca a formação generalista como diferencial. Os estudantes transitam por áreas como matemática, história, geografia e ciência política, desenvolvendo uma visão ampla da realidade. “A matemática é uma ferramenta importante usada pelo economista para aprimorar determinadas análises, mas o curso não é matemática pura nem um bicho de sete cabeças”, afirma o professor. O mercado de trabalho, segundo ele, oferece múltiplas possibilidades. Bancos e cooperativas são destinos frequentes de egressos da UEPG, assim como empresas da região ligadas ao agronegócio. O setor público também apresenta oportunidades, com concursos que demandam economistas em áreas como energia, abastecimento e planejamento.
“É uma profissão que abre muitas janelas. Durante a graduação, o estudante percebe que a economia está em tudo, até as menores decisões do dia a dia envolvem questões econômicas. É uma área uma área apaixonante, desafiadora e que abre várias oportunidades”, afirma. Aos futuros estudantes, o coordenador deixa um incentivo: “Vale a pena abrir mão de uma renda presente para investir no curso superior, porque ele abre a possibilidade de uma renda futura mais elevada. Eu faço um convite para que venham a Universidade e, se for da vontade de vocês, para o curso de Ciências Econômicas da UEPG. Teremos muita alegria de recebê-los aqui, torcer para que fiquem com a gente durante o período de quatro anos e que tenham uma carreira e uma vida profissional brilhante”.
Um projeto de quase três décadas
Antes da primeira divulgação, foi necessário um período de preparação. Desde 1994, Alexandre se dedicou a estudar metodologias e adaptar o projeto às condições locais. O objetivo era garantir que os dados pudessem ser produzidos sem interrupções, preservando a credibilidade do índice. “Eu sabia que, uma vez iniciado, não poderia parar. O índice não tem férias. Se parar, perde o histórico”, explica. Com quase 30 anos de trabalho contínuo, a regularidade do ICB exige planejamento da equipe, que organiza revezamentos para que a pesquisa semanal aconteça mesmo em períodos de feriados e recessos.
O trabalho não foi interrompido nem durante a pandemia de Covid-19. Sem a possibilidade de visitar presencialmente os estabelecimentos, a equipe passou a levantar os preços por meio de plataformas digitais e serviços de entrega. “Naquele momento, havia um interesse muito grande de saber como os preços estavam se comportando. Tivemos que adaptar o formato, mas não podíamos suspender o Índice”, relata. Para Alexandre, esse é um dos maiores potenciais do projeto: oferecer dados consistentes para entender transformações econômicas e sociais no nível local a longo prazo.
A produção do ICB envolve também a participação de estudantes do curso de Ciências Econômicas. Ao longo dos anos, dezenas de acadêmicos colaboraram no projeto. “O aluno que trabalha com o índice tem a oportunidade de atuar efetivamente como economista. Essa experiência é valorizada pelo mercado porque envolve contato direto com dados e metodologias de pesquisa”, comenta Alexandre. Ao falar sobre a profissão de economista, ele destaca as diversas áreas que podem ser seguidas pelos formados. “Muitos acham que economia é só matemática, mas o curso é muito mais do que isso. Ele é generalista e permite atuar em áreas como finanças, planejamento, políticas públicas, perícia judicial, pesquisa de mercado, empreendedorismo. É difícil um aluno que entra em Ciências Econômicas não se encontrar”, avalia.
Futuros economistas
Entre os atuais estudantes de Ciência Econômicas o interesse por diferentes áreas se destaca. André Luis Fagundes da Silva, aluno do quarto ano, vê no curso uma forma de unir matemática e política. “Eu sempre gostei muito de matemática e também do debate político. E, na época em que escolhi o curso, as discussões políticas eram muito ligadas à economia. Isso me atraiu bastante”, contou. Ao longo da graduação, André se aproximou de áreas como a economia comportamental e a chamada economia do crime, tema escolhido para seu Trabalho de Conclusão de Curso. Para o futuro, ele não descarta seguir a carreira acadêmica, mas também considera buscar uma oportunidade no setor privado. “Se levar a sério e procurar estudar e se especializar, há muitas oportunidades de trabalho no mercado financeiro”, comenta.
Texto e Fotos: João Pizani