



O evento encerrou nesta manhã com a jornada de estudos “Olhares cruzados sobre o jornalismo: as inflexões da escrita científica”. A atividade contou com a presença da pesquisadora Myrian Regina Del Vecchio de Lima, da Universidade Federal do Paraná (UFPR), Colette Brin, da Université Laval, e Juliette De Maeyer, da Université de Montréal, ambas no Canadá, que repensaram as práticas jornalísticas.
A professora do Departamento de Comunicação da UFPR buscou estabelecer uma relação entre a consolidação da cultura digital e a possibilidade de popularização de saberes que superem a lógica científica. “A divulgação científica precisa ser feita por jornalistas e também por pesquisadores, sobretudo os da comunicação. Os novos formatos digitais permitem uma aproximação com os públicos, e isso é mais importante quando consideramos os jovens. Com a divulgação científica pelas redes sociais há mais potencialidades para que a escrita científica seja ‘traduzida’ para públicos não especializados”, explicou.
Divulgação científica


Já Colette Brin apresentou os resultados de uma pesquisa com jornalistas, professores e especialistas que participaram da concepção de “A Plataforma”, um jogo voltado à educação midiática de estudantes de escolas de Quebec de nível secundário. “Em geral, o jogo tem maior potencial de estimular os jovens. É um universo conhecido e que pode ser, às vezes, uma forma de conhecer e transmitir conhecimentos e, sobretudo, criar um espírito crítico”, ressaltou. Para ela, o projeto possibilitou o desenvolvimento de competências transversais dos adolescentes participantes: “O jogo permite explorar informações, resolver problemas, exercer julgamento crítico, explorar tecnologias da informação e, claro, comunicar de forma adequada”.
Potencialidades do jornalismo literário
Para encerrar o debate, a pesquisadora da Universidade de Montreal Juliette De Maeyer apresentou os resultados de uma pesquisa realizada com jornalistas que atuam na imprensa alternativa canandense. O trabalho, realizado em coautoria com Clara Champagne (Université de Montréal), Charlotte Biron (Université du Québec à Montréal, Canada) e Frédérick Lavoie (journaliste indépendant), procurou, a partir de oficinas de criação com jornalistas, discutir as potencialidades do jornalismo literário.
Abertura do 15º JPJor
Ainda na manhã desta quarta (05), no Campus Centro, aconteceu a abertura do 15º Encontro de Jovens Pesquisadores em Jornalismo (JPJor). A primeira atividade teve como palestrantes convidadas a presidenta da Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo (Abraji), Katia Brembatti, que também atua como editora no Estadão Verifica e como professora de Jornalismo. Além dela, participou também a diretora-executiva da Federação Nacional dos Jornalistas e do Sindicato dos Jornalistas do Paraná (Sindijor-PR), Márcia Raquel de Oliveira. As convidadas abordaram o tema “Os desafios do Jornalismo na conjuntura política e econômica do Sul Global”.
Mediada pela professora Drª Karina Gomes Barbosa, da Universidade Federal de Ouro Preto (Ufop), a mesa de debates pautou a importância do Jornalismo em âmbito social, mesmo em meio à precarização da profissão e cenários de violência contra os profissionais da área. Para Brembatti, fazer jornalismo hoje é mais fácil do que antigamente, ainda que o número de casos de violências contra jornalistas reforce como a categoria é desvalorizada. “Gosto de usar a teoria do ‘copo meio cheio, ou meio vazio’. Há o lado bom e o ruim da profissão. Quando eu era estudante de jornalismo na UEPG, era difícil até de escrever um texto, porque usávamos máquinas de escrever, mas naquela época eu não imaginava que seria perigoso fazer cobertura eleitoral, por exemplo”, refletiu.
Violência contra jornalistas
A diretora-executiva da Fenaj alertou que o ano de 2022 foi o que mais registrou casos de denúncias de violência contra os profissionais, que chegaram a 430. Dados da Federação mostram que houve um aumento de casos de violência contra jornalistas, de 2018 para 2024, mas que, desde 2023, o relatório identificou uma queda nestes registros. “Enquanto em 2018 houve o registro de 135 casos, em 2024 foram registrados 144 casos”, mencionou.
A mesa de debates reforçou o comprometimento dos órgão sindicais e de pesquisas voltadas à categoria com o objetivo de defender a prática jornalística. A conversa integrou parte da programação de eventos científicos realizados em parceria com a Associação Brasileira de Pesquisadores em Jornalismo, Programa de Pós-Graduação em Jornalismo (PPGJor) e Departamento de Jornalismo da Universidade Estadual de Ponta Grossa (UEPG).
Programação 23º SBPJor
A partir das 14h desta quarta-feira (05), ocorrem as apresentações de trabalhos dos Jovens Pesquisadores. Confira a programação completa aqui. Na parte da noite, a partir das 19h, será realizada a conferência de abertura do 23º Encontro Nacional de Pesquisadores em Jornalismo (SBPJor), com a fala do professor Dr. Julio César Arrueta, da Universidad Nacional de Jujuy (UnJu), da Argentina.
Texto: Hendryo André e Leriany Barbosa, com ajustes de Jéssica Natal | Fotos: Jéssica Natal, João Pimentel e Amanda Los.





































