Egresso da UEPG realiza doutorado sanduíche em Harvard

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Olhar além, aproveitar as oportunidades e encarar de frente os desafios. Assim pensa Fabio Caixeta, egresso do curso de Engenharia de Materiais da Universidade Estadual de Ponta Grossa (UEPG), que está realizando um período de seu doutorado sanduíche na Divisão de Engenharia em Medicina da Universidade de Harvard.

Formado em 2019, Fabio sempre sonhou com a carreira acadêmica. Desde os primeiros anos na Engenharia de Materiais, participou ativamente da Empresa Júnior do curso (EMa-Jr). “Minha trajetória na EMa-Jr foi de grande crescimento, culminando na posição de Diretor Presidente em 2018, o que me permitiu representar a empresa em eventos por todo o estado do Paraná e em âmbito nacional”, relata. 

Mestre pela Universidade de São Paulo (USP) e doutorando pela mesma instituição, Caixeta recorda o tempo que passou na UEPG com carinho. “Minha escolha por essa área foi impulsionada, principalmente, pela curiosidade inerente em desvendar os pormenores da produção e composição dos materiais”, comenta. “Adquiri [na UEPG] uma sólida base em diversos tipos de materiais, processos e aplicações”, enfatiza. 

De Taguaí a Ponta Grossa 

“A UEPG me ofereceu a oportunidade de integrar o terceiro curso de Engenharia de Materiais mais tradicional do Brasil, amplamente reconhecido por sua excelência”, declara Caixeta. Natural do município de Taguaí (SP) – uma cidade com pouco mais de 12 mil habitantes, o menino que mudou de cidade para cursar o ensino superior revela que as melhores lembranças que guarda da Universidade são, sem dúvida, os grandes amigos. “Estando longe de casa pela primeira vez, encontrei ali um ambiente acolhedor e inclusivo, que fez toda a diferença na minha jornada”.

Ao longo de sua trajetória na graduação, Caixeta foi bolsista de iniciação científica e teve seu Trabalho de Conclusão de Curso (TCC) publicado em uma revista internacional de destaque na área, a Journal of Applied Polymer Science. “Foi a minha primeira publicação”, comenta com orgulho. “Ela nos ajudou a sair das fronteiras da UEPG, porque conseguimos internacionalizar o nosso conhecimento, extrapolar as fronteiras da Universidade e transmitir a mensagem”. O egresso comenta que a pesquisa utilizou uma estratégia inovadora, conseguindo desenvolver um material novo, “o que era uma lacuna na literatura”. Para Caixeta, a contribuição foi inestimável, pois provou que é possível trabalhar com pesquisas de alto nível na UEPG.

A partir do interesse pela pesquisa veio a motivação para seguir a carreira acadêmica em outra cidade e, posteriormente, em outro país. “Sempre sonhei em chegar a Harvard”, relata Fabio. “O suporte multidisciplinar da UEPG me preparou para enfrentar novos desafios”.

De Ponta Grossa a São Paulo

Caixeta iniciou sua jornada na pós-graduação como um aluno exemplar: passou em primeiro lugar no Mestrado do Programa de Pós-graduação em Engenharia e Ciência dos Materiais na USP. Esse destaque rendeu ao egresso uma bolsa de estudos pela Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes).

Inicialmente, “a pesquisa de mestrado foi dedicada, principalmente, ao desenvolvimento de nanocompósitos cerâmicos aplicados na bioengenharia tecidual, cujos resultados foram publicados em periódicos internacionais”, explica. 

Após dois anos de Mestrado, Fabio prestou o processo seletivo para o Doutorado, conquistando novamente a primeira colocação, também no programa da USP. “No Doutorado, mantive o foco em biomateriais — materiais dedicados à área da saúde —, mas incorporei a impressão 3D para a obtenção de estruturas cerâmicas porosas”. Caixeta foi bolsista da Capes durante um ano e, na sequência, teve sua bolsa de Doutorado aprovada pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp).

De São Paulo a Harvard

Para o egresso, ver brasileiros capazes de realizar pesquisas de alto nível no exterior é motivo de orgulho. “Eu acredito que podemos incentivar mais estudantes que sonham com a internacionalização”, conta. “Mesmo antes de vir pra cá, eu soube que seria um desafio enorme, devido ao alto nível de exigência dos candidatos, ao rigor da pesquisa, à metodologia de trabalho e ao choque cultural, entre outros fatores”.

A escolha pelo programa de Harvard partiu de um estudo detalhado de possíveis grupos de pesquisa nos quais ele pudesse se encaixar durante o período em que receberia a Bolsa Estágio de Pesquisa no Exterior (Bepe) da Fapesp.

Fabio enfatiza que o que fez diferença no seu processo de candidatura foi a preparação. Somente após muito estudo, ele entrou em contato com o seu atual supervisor via e-mail, demonstrando planos e alinhando o projeto do Brasil à linha de pesquisa do grupo em Harvard. “Acredito que só tive retorno desse e-mail, que resultou no convite para uma breve reunião de apresentação, porque estudei detalhadamente o grupo e suas principais linhas de pesquisa, evitando um contato genérico”, complementa.

Atualmente, Caixeta faz parte de um grupo de cerca de 60 pesquisadores multidisciplinares provenientes de diversos países e culturas. “A internacionalização sempre foi um sonho e uma meta muito bem estabelecida para mim, mas nunca tive condições de realizá-la antes”, relata. “Anteriormente, tive a oportunidade de apresentar meu trabalho de Doutorado na Bélgica, em um congresso da minha área, onde permaneci por uma semana. A ideia de trazer tecnologias de ponta, técnicas avançadas e perspectivas do exterior para o Brasil é muito interessante e garante que nosso país esteja sempre acompanhando as novas tendências”.

Fabio termina seu período no exterior em 30 de junho de 2025, trazendo na bagagem experiências de valor inestimável e a paixão pela área acadêmica renovada: o pesquisador deseja continuar contribuindo para a produção e divulgação do conhecimento científico.

Um legado de interesse e dedicação

Vindo de uma família de professores, Caixeta afirma que carrega a arte de ensinar no sangue. “A perspectiva de atuar em áreas interdisciplinares, onde o conhecimento na área de materiais é aplicado em conjunto com diferentes profissionais, é muito atrativa”, exalta Fabio, que sugere aos estudantes de Engenharia de Materiais da UEPG que explorem todas as oportunidades que o curso oferece para além da sala de aula.

Após a conclusão do doutorado, Caixeta afirma que tem uma inclinação natural a buscar uma vaga de pós-doutorado. “Nessa fase, geralmente assumimos um papel fundamental no suporte aos professores, contribuindo diretamente para o desenvolvimento das pesquisas”, explica. “É como um preparo para, no futuro, liderar o próprio grupo de pesquisa. Ao mesmo tempo, também cultivo o desejo de exercer a docência, já que foi justamente essa a principal razão que me motivou a seguir na vida acadêmica”, finaliza. 

Texto: Domi Gonzalez. Fotos: arquivo do egresso.


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