Seti e UEPG debatem boas práticas no ensino superior

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A Universidade Estadual de Ponta Grossa (UEPG) foi palco de um importante espaço de debate sobre o ensino superior no Paraná. Nos dias 13 e 14 de maio, o Fórum de Boas Práticas do Ensino Superior Estadual do Paraná foi realizado pela Secretaria de Ciência, Tecnologia e Ensino Superior (Seti) e reuniu as sete universidades estaduais no grande auditório do Campus Centro da UEPG para debater o impacto dos investimentos do Governo do Estado no sistema estadual de ensino superior, nos últimos anos.

Estavam presentes reitores, pró-reitores e gestores para uma troca de experiências e apresentação de resultados, nos anos de 2023 e 2024, em quinze programas de fomento ao ensino, extensão, pesquisa, infraestrutura e outros setores estratégicos para as instituições. No período abordado pelo Fórum, foram investidos mais de R$ 119 milhões com recursos do Fundo Paraná, da Seti.

Na abertura do evento, o secretário da Seti, professor Aldo Nelson Bona, destacou que o evento é uma síntese do impacto que as universidades estaduais desempenham na sociedade paranaense. Em seu discurso, Bona ressaltou a capacidade das instituições de ensino em se reinventar frente aos desafios contemporâneos, como as novas tecnologias e demandas da sociedade.

Durante as boas-vindas aos visitantes, o reitor da UEPG, professor Miguel Sanches Neto, celebrou a importância da Universidade abrir suas portas para o debate sobre os rumos do ensino superior no Paraná. “É uma honra muito grande para nós. A temática do Fórum tem uma relevância que vai além dos nossos muros e aproxima nossas universidades da comunidade”. O reitor reforça que a UEPG e suas universidades coirmãs integram um sistema que atua conjuntamente, sob coordenação da Seti: “Os programas aqui discutidos são resultado de uma construção conjunta, com o objetivo de desenvolver ensino, pesquisa e extensão com qualidade”.

“Nossas universidades estaduais estão presentes em todas as regiões do Paraná e neste momento elas mostram um trabalho fantástico, uma troca de experiências para compreender o que funciona e o que precisa melhorar”, comenta o presidente da Associação Paranaense das Instituições de Ensino Superior (Apiesp) e reitor da Universidade Estadual do Oeste do Paraná (Unioeste), professor Alexandre Webber. O presidente exalta os ganhos oriundos do trabalho integrado entre as instituições para a superação dos desafios causados pelas rápidas mudanças na produção de conhecimento.

Discussões 

Após a cerimônia de abertura, teve início a apresentação de projetos desenvolvidos pelas universidades com os recursos das encomendas governamentais. Representando a UEPG, a pró-reitora de Assuntos Estudantis, professora Ione Jovino, apresentou dados do Programa de Formação do Estudante Empreendedor (PFEE), instituído em 2023 para fomentar a permanência de acadêmicos de baixa renda. Os professores Eduardo Pereira e Rosângela Bujokas trouxeram um panorama dos programas “Preparando  Engenheiros Cidadãos” e “Aurora: Condomínio Viver Mais”, respectivamente.

Na tarde do primeiro dia, os pró-reitores de Extensão e Cultura apresentaram as ações que aproximam as universidades das suas comunidades e impactam a vida nas cidades onde estão sediadas. “A extensão da UEPG atinge mais de um milhão de pessoas em todo o Estado, em ações de saúde, cultura e educação. Essas ações são possíveis graças aos investimentos confiados a nós para melhorar a qualidade de vida da população”, explica a pró-reitora de Extensão e Assuntos Culturais da UEPG, professora Beatriz Gomes Nadal.

Em seguida, as universidades apresentaram as ações realizadas para a melhoria da infraestrutura por meio do Programa de Inclusão e Acessibilidade. A pró-reitora de Planejamento, professora Andrea Tedesco, explica que desde que a UEPG implementou cotas para pessoas com deficiência, houve um salto no número de alunos que demandam adequações para sua permanência. “Agradecemos a Seti pelos recursos, pois com as obras de acessibilidade já estamos transformando a nossa universidade”. Em seguida, foi a vez dos coordenadores do programa Paraná Fala Idiomas. “O Programa promove equidade e acessibilidade no ensino de idiomas, dando preparo aos nossos alunos para a vida acadêmica”, destaca a coordenadora do Paraná Fala Inglês na UEPG, professora Mariza Túlio.

No segundo dia do Fórum de Boas Práticas do Ensino Superior Estadual do Paraná, as discussões foram centradas em temas ligados ao ensino, pesquisa, pós-graduação e iniciativas inovadoras. “Este evento é um espaço para que uma universidade aprenda com a outra e para que possamos construir futuras políticas públicas, porque a Seti é uma indutora, quem executa as políticas públicas são as universidades”, explica Michel Jorge Samaha, diretor de Ensino Superior da Seti e professor no Departamento de Economia da UEPG.

Confira, na íntegra, o discurso do secretário Aldo Bona:

Estar hoje aqui, na Universidade Estadual de Ponta Grossa, é mais do que uma satisfação institucional — é um ato simbólico de fé no poder transformador da educação pública. Ao abrirmos oficialmente este Fórum de Boas Práticas do Ensino Superior do Paraná, promovido pela Secretaria da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior, reconhecemos que pensar, avaliar e compartilhar experiências é um exercício de coragem e compromisso com o bem comum.
Vivemos um tempo de complexidade acelerada.
As transformações tecnológicas, os novos arranjos econômicos, a crise ambiental que nos interpela moralmente, o avanço da inteligência artificial que redefine os contornos do humano, as mudanças nas formas de trabalhar e viver, e as profundas alterações demográficas — tudo isso nos lembra que o presente exige muito mais do que eficiência: exige consciência histórica, ética e sensibilidade institucional. Diante desses deslocamentos, a universidade pública é desafiada a repensar sua missão. Não se trata apenas de ensinar conteúdos ou gerar pesquisa. Trata-se de formar sujeitos capazes de compreender e transformar a realidade. De criar pontes entre saber e ação, entre conhecimento e cuidado, entre ciência e compromisso com a sociedade.
E, neste esforço, nossas Instituições Estaduais de Ensino Superior enfrentam desafios que não são apenas operacionais — são profundamente civilizatórios. É preciso modernizar a gestão sem perder o espírito público. É preciso garantir a permanência estudantil não apenas como dado numérico, mas como expressão do direito à esperança. É preciso tornar os projetos de extensão e pesquisa mais efetivos — não apenas eficientes — no encontro com os territórios e suas dores. E é preciso articular a formação acadêmica com o desenvolvimento regional, unindo saber, trabalho e vida em um mesmo horizonte.
Nesse cenário, identificamos três frentes essenciais de enfrentamento:
A urgência de responder com inovação à era digital, à transição ecológica e à redefinição das profissões;
A necessidade de reconfigurar profundamente a relação entre formação e mundo do trabalho, permitindo uma educação ao longo da vida, plural, flexível e significativa;
A superação de limites institucionais históricos, como a fragmentação de dados, a desconexão com egressos e a ausência de estruturas para qualificação permanente.
Esses desafios orientam a política pública da Seti. Não como respostas prontas, mas como tentativas sérias de escuta, indução e transformação. É nesse espírito que concebemos as encomendas governamentais: não como meros editais, mas como dispositivos de construção de futuro com intencionalidade pública.
Este Fórum é, portanto, mais do que uma prestação de contas: é uma celebração do esforço coletivo, da inteligência compartilhada e da vontade política de construir um ensino superior que seja ponte entre o presente e o possível.
Para os anos finais deste ciclo de gestão, elencamos cinco problemas prioritários que demandam atenção pública estratégica:
A ausência de sistemas integrados de dados, capazes de iluminar decisões com base em evidências;
A falta de estruturas permanentes de inserção profissional, que permitam à universidade conectar-se ao mundo real do trabalho;
A baixa oferta de formação continuada, sobretudo em áreas vitais para o desenvolvimento sustentável;
A necessidade de qualificação científica e tecnológica dos servidores públicos, como condição para um Estado mais inteligente;
A urgência de formar sujeitos capazes de agir sobre a realidade com responsabilidade, técnica e humanidade.
É com base nesses diagnósticos que hoje anunciamos quatro novas Encomendas Governamentais, que totalizam mais de R$ X milhões em investimentos estratégicos do Fundo Paraná:
EG UNIDATA – um passo fundamental para transformar dados em sabedoria, utilizando inteligência artificial na construção de decisões mais justas, eficazes e humanas;
EG NIP – para criar Núcleos de Inserção Profissional em todas as universidades, fortalecendo a ponte entre o saber acadêmico e o mundo do trabalho com propósito e orientação;
EG MICROCREDENCIAIS – para democratizar o acesso ao conhecimento em formatos flexíveis e ágeis, respondendo às necessidades reais da sociedade e à urgência da formação contínua;
EG PROTAG – para qualificar servidores públicos por meio da pós-graduação stricto sensu, promovendo uma administração pública orientada por evidências e comprometida com a transformação social.
Essas encomendas são expressões concretas de uma visão: uma universidade pública que forma com excelência, que pesquisa com propósito, que dialoga com os territórios e que sustenta um projeto civilizatório de longo prazo.
Este é o compromisso da Seti: fazer da política pública um exercício de planejamento, sensibilidade e responsabilidade intergeracional. Olhar para os dados, sim. Mas, sobretudo, olhar para as pessoas.
Que este Fórum seja espaço de escuta ativa, de renovação de pactos e de fortalecimento da convicção de que a educação pública é, ainda e sempre, nossa melhor ferramenta de futuro.
Muito obrigado.

 

Texto: Gabriel Miguel | Fotos: Erica Fernanda, Gabriel Miguel, Helton Costa, João Pizani e Luciane Navarro


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