

A homenagem foi proposta pelo vereador Dr. Erick e aprovada por unanimidade pelos demais vereadores presentes na sessão de 04 de agosto de 2025. O manual produzido na UEPG atende a uma demanda expressa há anos pelos coletivos dos povos indígenas que estudam na instituição. O protagonismo na tradução e adequação do conteúdo foi integralmente dos primeiros paranaenses. O material pode ser baixado gratuitamente em: http://u.uepg.br/cihe.
O proponente da honraria, Dr. Erick, parabenizou a equipe pelo trabalho e se disse “muito feliz” por ver os indígenas ocupando os espaços e desenvolvendo trabalhos científicos na universidade pública. Ele afirmou também que a moção “é apenas um gesto simbólico que nós precisamos multiplicar na nossa cidade e no nosso país, porque o nosso país é indígena”. “Nós crescemos em cima de uma terra construída com trabalho indígena. Então, é o mínimo que podemos fazer”, declarou.
A diretora da Biblioteca Central Professor Faris Michaele (Bicen), Maria Lúcia Madruga, agradeceu o tributo. “Em nome da Biblioteca e da UEPG, agradeço pelo reconhecimento do trabalho desenvolvido em benefício dos povos originários. Como diretora da biblioteca, fico e estou muito feliz, pois sempre digo e acredito que temos que ter uma visão social e humana. Uma nova norma de normalização bibliográfica para trabalhos científicos nos idiomas Kaingang e Guarani, materializa essa convicção”, afirmou.
Rosilene Gynprag Abreu, pedagoga kaingang da Terra Indígena de Faxinal, falou representando os colegas que trabalharam na escrita, tradução e revisão do material. “A UEPG abriu portas para mim, para fazer esse trabalho tão lindo que foram essas normas da ABNT com a tradução da língua Kaingang. Porque, para nós indígenas, falantes de outra língua, é muito difícil entender e compreender a língua portuguesa. Então, para mim foi um desafio muito grande. Mas, nós conseguimos”, destaca.
As homenagens
Idiomas indígenas no Brasil
Quando os europeus desembarcaram no Brasil, em 1500, estima-se que moravam no território nacional entre dois e cinco milhões de pessoas, falantes de aproximadamente 1.200 idiomas e dialetos diferentes. O processo de ocupação do território nos séculos seguintes levou à morte de grande parte da população original do país. As causas foram diversas, incluindo doenças trazidas pelos recém-chegados, guerras, escravização, deslocamentos forçados e outras formas de violência. Como resultado, atualmente, estima-se que existam aproximadamente 274 línguas indígenas, preservadas por 305 povos, somando um total de 896,9 mil indivíduos.
Pelo menos até a metade do século XVIII, o tupi antigo com suas variações (principalmente a Língua Geral Paulista e a Língua Geral Amazônica/Nheengatu) era a principal forma de comunicação entre os habitantes do território. Foi o “Alvará de 28 de junho de 1758”, assinado por Sebastião José de Carvalho e Melo, o Marquês de Pombal, na época Secretário de Estado dos Negócios Interiores do Reino e Secretário de Estado dos Negócios Estrangeiros e da Guerra na corte portuguesa, que proibiu o uso das línguas gerais indígenas no ensino e nos atos oficiais, impondo o português no Brasil.
O idioma português foi tomando o lugar das línguas indígenas ao longo do tempo e só se tornou oficial, do ponto de vista legal, com a Constituição de 1988. Foi essa mesma Constituição que garantiu o direito de falar e ser ensinado nos idiomas indígenas em todo o país, um direito que foi reforçado pela Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB – Lei nº 9.394/1996) e reafirmado pela Convenção nº 169 da Organização Internacional do Trabalho (OIT) sobre Povos Indígenas e Tribais, de 2004, da qual o Brasil é signatário.
No Paraná, as duas línguas indígenas mais faladas são o Kaingang e o Guarani Mbya, uma vez que o idioma Xetá é considerado pela maioria dos linguistas dormente ou criticamente ameaçado, por apresentar um número reduzido de falantes (menos de 10 pessoas).
Texto e fotos: Helton Costa