Aconteceu, nos últimos dias 25 e 26, no grande auditório do Campus central da UEPG, o 3º Seminário Surdidade. O tema deste ano foi “Mãos em Cena: Arte e Literatura Surda”, que colocou em destaque a expressão artística e literária da Língua Brasileira de Sinais (libras) no campo dos poemas e encenações artísticas.
A terceira edição deste ano contou com a parceria entre a Universidade Estadual de Ponta Grossa (UEPG) e a Universidade Tecnológica Federal do Paraná (UTFPR) e trouxe palestrantes de diversas universidades, como UFLA, UTFPR e Unicentro. Os dois dias de seminário contaram com palestras participativas e encenações com os acadêmicos da UEPG e demais ouvintes no evento.
Rubia Carla da Silva, professora do curso de Letras e coordenadora de Português-Libras, comenta sobre a importância do evento para a comunidade surda e o mês de Setembro para a Língua de Sinais. “Setembro é considerado o mês dos surdos, o mês da resistência dos surdos, o dia 23 de setembro é o Dia Internacional das Línguas de Sinais e o dia 26 de setembro é o Dia Nacional dos Surdos. É um mês de comemoração para nós enquanto processo histórico das comunidades surdas.” ressaltou Rúbia.
A professora também fala sobre a relevância do seminário para a interação com os ouvintes: “Cada ano, a gente traz uma temática que possa estimular a comunidade ouvinte, a sociedade que não convive com surdos, que não tem esse conhecimento, para passar a ter a empatia, aprender a respeitar e a entender essa comunidade”. Segundo ela, a primeira etapa é mostrar questões bem fundamentais do que é surdo e o que é uma língua na modalidade visual gestual, para em seguida ser abordada a questão do capacitismo, muito presente na vida da pessoa surda. A última etapa do processo de ensino consiste em mostrar evidências profissionais em Ponta Grossa e região para que as pessoas entendam a pessoa surda “e entendam que ela pode fazer o que bem entender e pode ser o profissional que quiser”.
A professora também relatou sobre a importância da presença da disciplina de Libras em todos os cursos de licenciatura na UEPG. “Nós fomos, gradativamente, ampliando para que todas as licenciaturas pudessem ter a disciplina de Libras. A partir dessa experiência, o que que nós podemos verificar? Que é necessário se adequar à comunidade acadêmica para o respeito e a compreensão da comunidade surda e da importância da Língua de Sinais. E, nesse gradativo, nós tivemos até 2025 essa possibilidade de que todas as licenciaturas pudessem ter a disciplina de Libras como a lei exigia” afirmou a coordenadora.
“A ideia do Surdidade é colocar o surdo como protagonista. Então, ver a realidade surda para fortalecer a identidade e cultura. Com isso, tivemos vários surdos de Ponta Grossa que vieram contar as suas experiências profissionais e como atuam aqui em Ponta Grossa para mostrar a realidade dessas pessoas mesmo”, comenta Vinicius Heitor Pereira, professor da área de Libras e Literatura Surda, sobre a proposta do seminário para a comunidade surda de Ponta Grossa.
Para a acadêmica de Letras Jennifer Yasmin, que ajudou na organização do evento, o evento aborda a valorização, tanto da língua quanto da cultura e da arte surda, que é muito muito desconhecida entre as pessoas. “E como o curso de Letras- Libras, que está começando agora, a gente contribui trazendo mais visibilidade, valorização e integração tanto para o ouvinte quanto para o surdo. E quando os surdos vêm para esse ambiente acadêmico é uma forma de eles se identificarem e terem gosto por querer fazer também o curso”, declarou Jennifer.
Texto: Gabriel Ribeiro | Fotos: Erica Fernanda e Gabriel Ribeiro
