O Programa de Pós-Graduação em Estudos da Linguagem da Universidade Estadual de Ponta Grossa (PPGEL-UEPG) realizou, no último dia 25, a aula inaugural do semestre, em conjunto com o início das atividades acadêmicas da primeira turma de Doutorado do programa. O evento aconteceu no Grande Auditório do Campus Centro e reuniu alunos da graduação, pós-graduação, docentes e a comunidade externa. A aula ficou por conta do professor André Cechinel, da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), que abordou o tema “A obra literária como alteridade enfática”.
Na abertura da aula inaugural, o reitor da UEPG, professor Miguel Sanches Neto, destacou o papel democrático da literatura: “Escrever e ler são atos de se colocar no lugar do outro para descobrirmos o nosso próprio lugar. A alteridade permite que, no ato da leitura, nós experimentemos outras identidades, o que amplia a nossa percepção do humano”.
Professor do Departamento de Letras, provisoriamente afastado por conta do exercício da Reitoria, Sanches Neto também reafirmou o compromisso com a valorização do ensino público e da área de Letras. “Temos orgulho do nosso curso, temos orgulho de sermos das licenciaturas, das ciências humanas e da universidade pública, a mais importante instituição de transformação social que existe no Brasil”, declarou.
O reitor destacou a importância histórica do início do Doutorado em Estudos da Linguagem e lembrou que a pós-graduação em Letras era uma demanda antiga da região. “O PPGEL foi um projeto muito esperado pela comunidade dos Campos Gerais, porque nós tínhamos uma quantidade muito grande de egressos dos cursos de Letras que não encontravam espaço aqui na instituição para fazer a sua pós-graduação”, afirmou.
A coordenadora do PPGEL, professora Lucimar Araújo Braga, ressaltou a trajetória do programa ao longo dos anos e destacou que a reformulação em 2017 ampliou a abrangência teórica do programa. “Desde a sua criação em 2010, até sua consolidação sob o nome atual, a proposta sempre foi clara: produzir saberes críticos que entrelacem a linguagem, a cultura e a identidade”, afirmou. Segundo Lucimar, a qualidade do trabalho é atestada pela avaliação da CAPES, que atribui conceito 4 ao programa, considerado um bom desempenho em nível nacional, e pela recente aprovação do doutorado, cuja primeira seleção ocorreu no ano passado.
A diretora do Setor de Ciências Humanas, Letras e Artes da Universidade (SECIHLA), professora Silvana Oliveira, destacou a relevância do momento para a consolidação do PPGEL. “É muito bom ver o Auditório cheio novamente. A entrada dos doutorandos do programa, junto com os mestrandos, compõe um grupo ativo e deliberativo dentro do nosso conjunto de trabalho. É uma alegria estar vivendo esse momento de consolidação do PPGEL com o curso de doutorado”, afirmou.
Aula inaugural
O professor convidado, André Cechinel, destacou a alegria de estar pela primeira vez de forma presencial na UEPG. “Tenho um contato de longa data com a instituição e com vários colegas que estudaram comigo e vieram trabalhar aqui na UEPG. Acompanho o trabalho do PPGEL há muitos anos e estou conhecendo fisicamente o espaço que em alguma medida eu já conhecia”, afirmou.
A escolha do convidado foi feita de forma coletiva entre os os estudantes do programa. “Eu fiquei super feliz com o convite, especialmente por saber que foi uma decisão dos alunos, motivado pela leitura de uma obra que eu escrevi. É uma grande responsabilidade e, de alguma maneira, uma experiência inédita para mim”, relatou André.
Na aula, o professor defendeu que, por meio da literatura, é possível ter acesso a uma espécie de “outro” que não é acessível no cotidiano. “Queria abordar a própria ideia de obra literária como alteridade, principalmente em uma sociedade como a nossa, que tem muita dificuldade com a leitura de obras literárias”, explicou.
Integrante da primeira turma de doutorado, Rictor de Oliveira Dantas, que também é mestre pelo programa e egresso do curso de Letras da UEPG, destacou o caráter desafiador dessa etapa acadêmica. “Estou ansioso por ser a primeira turma, aquela que marca. A gente vai estar sempre num processo de aprendizagem, sobre o regulamento, sobre as disciplinas”, contou. O doutorando comentou ainda sobre o processo de escolha do professor André Cechinel como palestrante. “Nós levantamos alguns nomes de professores que poderiam estar aqui hoje, trazendo temas interessantes inclusive para as dissertações e teses dos próximos mestrandos e doutorandos, junto com os currículos para que os alunos pudessem conhecer as pesquisas de cada um. A partir desses nomes, fizemos uma votação”, explicou. Segundo Rictor, a escolha de Cechinel ocorreu por conta de sua trajetória acadêmica e da relevância da temática. “Acredito que o professor foi escolhido muito pelo currículo dele e pelo tema de pesquisa, que os alunos gostam bastante e acham bem interessante”, detalhou.
Texto e Fotos: João Pizani
