

A Universidade Estadual de Ponta Grossa (UEPG) sediou, entre os dias 21 e 23 de agosto, a 13ª edição do Congresso Nacional de Ecoturismo (Conecotur) e a 9ª edição do Encontro Interdisciplinar de Ecoturismo em Unidades de Conservação (Ecouc). Os eventos reuniram gestores públicos, profissionais da área, estudantes, professores e pesquisadores de diferentes estados brasileiros, com o objetivo de fomentar o debate e a troca de conhecimentos sobre o ecoturismo no Brasil, promover inovação, práticas sustentáveis e integração entre diferentes setores.
Na abertura do congresso, a diretora de Extensão Universitária da UEPG, professora Marina Tolentino Marinho, representando a reitoria, destacou que a cidade e a instituição oferecem “a casa ideal para um evento dessa magnitude”. Para ela, a soma entre o patrimônio natural dos Campos Gerais, o potencial turístico regional e a capacidade acadêmica da UEPG cria “um ambiente inspirador, ávido por debater novas ideias e boas práticas no campo do ecoturismo”. Marina ressaltou ainda que sediar a primeira edição do Conecotur no Sul do Brasil é motivo de orgulho para a instituição: “É uma conquista que representa o reconhecimento da UEPG no cenário nacional”.
O professor Zysman Neiman, da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), um dos idealizadores do Congresso, relembrou o histórico dos eventos, cuja primeira edição foi realizada em 2005 pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj). “Foi lá que eu sugeri que a gente saísse do âmbito da Uerj e começasse a percorrer o Brasil. Até o momento, foram quatro eventos na região Sudeste, três eventos na Amazônia e um na região Nordeste. Agora, estamos muito contentes por estar pela primeira vez na região Sul. Precisamos fazer no Centro-Oeste em algum momento, e certamente haverá oportunidades para outros estados também”, declarou.
Também estiveram presentes na cerimônia de abertura o secretário municipal de Turismo de Ponta Grossa, Paulo Stachowiak; a diretora do Setor de Ciências Sociais Aplicadas da UEPG, Sandra Maria Scheffer; a chefe do Departamento de Turismo da UEPG, Valéria de Meira Albach; e a coordenadora-geral da 13º edição do Congresso, Jasmine Cardozo Moreira.
Segundo a professora Ja
O diretor de Políticas Ambientais da Secretaria de Desenvolvimento Sustentável do Paraná, Rafael Andreguetto, ressaltou que o estado tem seus principais atrativos turísticos em unidades de conservação, como o Parque Nacional do Iguaçu e também os localizados na região dos Campos Gerais. Para ele, eventos como o Conecotur são fundamentais para aproximar academia e governo na busca por soluções de preservação e uso público das áreas naturais. “Quando nós falamos do uso público, não se trata apenas de atividade turística, nós estamos falando também de educação ambiental e pesquisa científica, que é um espaço que precisa ser apropriado pela academia. Então é importante que as universidades estejam presentes e busquem o governo também para entender suas demandas”, afirma.
O gestor executivo do Parque Estadual de Vila Velha, Leandro Ribas, participou da programação do Conecotur e destacou a importância da aproximação entre a unidade de conservação e a comunidade acadêmica. “É uma honra poder participar de um evento de uma instituição como a UEPG, conduzido brilhantemente pelo curso de Turismo, que é uma área onde a gente está inserido aqui no município”, afirmou. Segundo Ribas, abrir as portas do Parque para os participantes do congresso representa uma forma de valorizar o patrimônio natural da cidade e fortalecer o ecoturismo em âmbito nacional. “A geodiversidade é muito importante. Não é só o solo que a gente pisa, mas sim possibilidades de aprendizado, de conhecimento e de uma interação maior com a natureza”.
Convidados de outros estados
Do Instituto de Geografia da Universidade Estadual do Rio de Janeiro (Uerj), a professora Nadja Maria Castilho da Costa esteve presente no evento e ressaltou que o ecoturismo precisa ser conduzido de forma responsável, considerando limites e potencialidades de cada área. “A importância deste evento é mostrar como essa atividade, tão propagada principalmente pela mídia, deve ser feita da maneira mais correta possível, levando em conta o trinômio do que é potencial, o que é limitante e a inserção social”.
De acordo com a professora, apesar de avanços, a prática ainda está aquém do necessário, especialmente no que diz respeito à inclusão da comunidade local e à educação para a conservação. Para Nadja, é fundamental capacitar visitantes, moradores, guias e até gestores de unidades de conservação, muitos dos quais ainda não sabem como conduzir práticas adequadas de ecoturismo. “Esse fórum nos permite discutir e levar o debate a gestores, guias, alunos e professores, reforçando que, apesar de três décadas de debate sobre o tema, ainda temos um longo caminho a percorrer”, defendeu.
Uma oportunidade para os alunos
Larissa Mongruel, professora do curso de Turismo da UEPG e integrante da comissão organizadora, ressalta a importância do evento para os estudantes da graduação. “A ideia de trazer o Conecotur para Ponta Grossa foi da professora Jasmine, e o Departamento de Turismo abraçou essa ideia porque propicia a oportunidade dos nossos acadêmicos participarem de um evento nacional”, comenta. “Temos convidados de diversas regiões do país, incluindo Maranhão, São Paulo, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul e Pernambuco. Então os maiores pesquisadores da área de ecoturismo estão envolvidos e vem apresentar palestras e trabalhos aqui”, destaca.
O Congresso também foi uma oportunidade de aprendizado prático para estudantes do curso de Turismo que participaram da organização. É o caso de Carla Eloisa Camargo, aluna do terceiro ano, que pretende trabalhar com organização de eventos depois que se formar. “É o motivo de eu ter entrado no curso de turismo. E essa experiência nos dá a ideia de como lidar com o financeiro e com partes burocráticas, como convidar pessoas e fazer ofícios. A gente aprende o que precisa fazer dentro de um evento, coisas que quem está de fora não vai enxergar. Acho que isso é o que mais agrega pra mim”. Segundo Carla, a experiência envolve um tema com o qual os alunos já têm familiaridade. “A questão do ecoturismo está bastante presente durante a nossa formação, inclusive com disciplinas de Sustentabilidade e Turismo em Áreas Naturais”, relata.
Acadêmicos da graduação e da pós-graduação também tiveram espaço para compartilhar pesquisas durante o Conecotur, ao lado de professores e pesquisadores de outras instituições. Para Tatiane Ferrari do Vale, doutoranda em Geografia na UEPG, a oportunidade foi enriquecedora. “A experiência foi muito boa porque a gente veio apresentar diferentes trabalhos”, disse. Ela destacou, entre eles, pesquisas sobre turismo científico, o Parque Estadual de Vila Velha e a interpretação ambiental, ressaltando o valor das discussões culturais e de valorização promovidas no encontro. A professora Sandra Dalila Corbari, da Universidade Federal do Pampa (Unipampa) que também apresentou e coordenou um dos eixos do evento, avaliou a participação como produtiva e necessária. “Foi uma experiência prazerosa, o evento é bastante interessante para a minha área de pesquisa”, afirmou. Segundo ela, a retomada do Conecotur representou uma oportunidade importante de troca acadêmica e divulgação científica.
O evento terminou no sábado (23), com uma saída de campo para o Parque Estadual de Vila Velha e o Parque de Natureza Buraco do Padre (Parque Nacional dos Campos Gerais), onde os participantes puderam conhecer atrativos turísticos da região dos Campos Gerais e observar na prática a importância da preservação e da discussão sobre o ecoturismo.
Texto: João Pizani e Mariana Real | Fotos: João Pizani, Gabriel Ribeiro e Divulgação (Conecotur)