UEPG recebe o 13º Congresso Nacional de Ecoturismo

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A Universidade Estadual de Ponta Grossa (UEPG) sediou, entre os dias 21 e 23 de agosto, a 13ª edição do Congresso Nacional de Ecoturismo (Conecotur) e a 9ª edição do Encontro Interdisciplinar de Ecoturismo em Unidades de Conservação (Ecouc). Os eventos reuniram gestores públicos, profissionais da área, estudantes, professores e pesquisadores de diferentes estados brasileiros, com o objetivo de fomentar o debate e a troca de conhecimentos sobre o ecoturismo no Brasil, promover inovação, práticas sustentáveis e integração entre diferentes setores.

A última edição do Congresso havia sido realizada em 2019, em Porto Nacional (TO). Após seis anos, o evento retornou em parceria entre a UEPG, a Sociedade Brasileira de Ecoturismo e o Grupo Universitário de Pesquisas Espeleológicas (Gupe). A programação, realizada no Campus Centro da Universidade, contou com palestras, mesas-redondas, apresentações de pesquisas, workshops, minicursos e atividades de campo em atrativos da região, como o Parque Estadual de Vila Velha e o Buraco do Padre.

Na abertura do congresso, a diretora de Extensão Universitária da UEPG, professora Marina Tolentino Marinho, representando a reitoria, destacou que a cidade e a instituição oferecem “a casa ideal para um evento dessa magnitude”. Para ela, a soma entre o patrimônio natural dos Campos Gerais, o potencial turístico regional e a capacidade acadêmica da UEPG cria “um ambiente inspirador, ávido por debater novas ideias e boas práticas no campo do ecoturismo”. Marina ressaltou ainda que sediar a primeira edição do Conecotur no Sul do Brasil é motivo de orgulho para a instituição: “É uma conquista que representa o reconhecimento da UEPG no cenário nacional”.

O professor Zysman Neiman, da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), um dos idealizadores do Congresso, relembrou o histórico dos eventos, cuja primeira edição foi realizada em 2005 pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj). “Foi lá que eu sugeri que a gente saísse do âmbito da Uerj e começasse a percorrer o Brasil. Até o momento, foram quatro eventos na região Sudeste, três eventos na Amazônia e um na região Nordeste. Agora, estamos muito contentes por estar pela primeira vez na região Sul. Precisamos fazer no Centro-Oeste em algum momento, e certamente haverá oportunidades para outros estados também”, declarou.

Também estiveram presentes na cerimônia de abertura o secretário municipal de Turismo de Ponta Grossa, Paulo Stachowiak; a diretora do Setor de Ciências Sociais Aplicadas da UEPG, Sandra Maria Scheffer; a chefe do Departamento de Turismo da UEPG, Valéria de Meira Albach; e a coordenadora-geral da 13º edição do Congresso, Jasmine Cardozo Moreira.

Segundo a professora Jasmine, trazer o Conecotur para Ponta Grossa era um desejo antigo. Ela lembra que o professor Zysman Neiman sempre defendeu a realização de uma edição no Sul do país e que a proposta ganhou força após sua visita à UEPG em 2023. “Então, nós fomos atrás de patrocínios e recursos, e conseguimos reunir todos os palestrantes que desejávamos”, contou. Para Jasmine, o momento atual da cidade favorece o debate a respeito do ecoturismo: “Ponta Grossa está num momento muito diferente, se compararmos com 20 anos atrás. Hoje temos atrativos como a Vila Velha e o Buraco do Padre, que obviamente já existiam antes, mas que não estavam tão organizados para o uso pelo público. Também tem um papel importante do curso de Turismo da UEPG, que ajudou a profissionalizar o setor”.

O diretor de Políticas Ambientais da Secretaria de Desenvolvimento Sustentável do Paraná, Rafael Andreguetto, ressaltou que o estado tem seus principais atrativos turísticos em unidades de conservação, como o Parque Nacional do Iguaçu e também os localizados na região dos Campos Gerais. Para ele, eventos como o Conecotur são fundamentais para aproximar academia e governo na busca por soluções de preservação e uso público das áreas naturais. “Quando nós falamos do uso público, não se trata apenas de atividade turística, nós estamos falando também de educação ambiental e pesquisa científica, que é um espaço que precisa ser apropriado pela academia. Então é importante que as universidades estejam presentes e busquem o governo também para entender suas demandas”, afirma.

O gestor executivo do Parque Estadual de Vila Velha, Leandro Ribas, participou da programação do Conecotur e destacou a importância da aproximação entre a unidade de conservação e a comunidade acadêmica. “É uma honra poder participar de um evento de uma instituição como a UEPG, conduzido brilhantemente pelo curso de Turismo, que é uma área onde a gente está inserido aqui no município”, afirmou. Segundo Ribas, abrir as portas do Parque para os participantes do congresso representa uma forma de valorizar o patrimônio natural da cidade e fortalecer o ecoturismo em âmbito nacional. “A geodiversidade é muito importante. Não é só o solo que a gente pisa, mas sim possibilidades de aprendizado, de conhecimento e de uma interação maior com a natureza”.

Convidados de outros estados

Entre as participantes do Congresso estava Catarina Coutinho, professora do curso de Turismo da Universidade Federal do Maranhão (UFMA), no Campus de São Bernardo. “Vir do Nordeste até aqui é um desafio de logística, é muita conexão, muito transporte rodoviário, mas a gente tem essa sede de troca de conhecimentos”, relata. Segundo Catarina, ela busca discutir questões de ecoturismo e sustentabilidade a partir da sua experiência trabalhando em uma unidade de conservação litorânea. “É a minha primeira vez participando desse evento, mas eu conheço seu histórico e os grandes profissionais que já participaram dele, por isso que eu vim com muito prazer representar a Federal do Maranhão e o projeto Tartarugas do Delta”, afirma. 

Do Instituto de Geografia da Universidade Estadual do Rio de Janeiro (Uerj), a professora Nadja Maria Castilho da Costa esteve presente no evento e ressaltou que o ecoturismo precisa ser conduzido de forma responsável, considerando limites e potencialidades de cada área. “A importância deste evento é mostrar como essa atividade, tão propagada principalmente pela mídia, deve ser feita da maneira mais correta possível, levando em conta o trinômio do que é potencial, o que é limitante e a inserção social”.

De acordo com a professora, apesar de avanços, a prática ainda está aquém do necessário, especialmente no que diz respeito à inclusão da comunidade local e à educação para a conservação. Para Nadja, é fundamental capacitar visitantes, moradores, guias e até gestores de unidades de conservação, muitos dos quais ainda não sabem como conduzir práticas adequadas de ecoturismo. “Esse fórum nos permite discutir e levar o debate a gestores, guias, alunos e professores, reforçando que, apesar de três décadas de debate sobre o tema, ainda temos um longo caminho a percorrer”, defendeu. 

Uma oportunidade para os alunos

Larissa Mongruel, professora do curso de Turismo da UEPG e integrante da comissão organizadora, ressalta a importância do evento para os estudantes da graduação. “A ideia de trazer o Conecotur para Ponta Grossa foi da professora Jasmine, e o Departamento de Turismo abraçou essa ideia porque propicia a oportunidade dos nossos acadêmicos participarem de um evento nacional”, comenta. “Temos convidados de diversas regiões do país, incluindo Maranhão, São Paulo, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul e Pernambuco. Então os maiores pesquisadores da área de ecoturismo estão envolvidos e vem apresentar palestras e trabalhos aqui”, destaca.

O Congresso também foi uma oportunidade de aprendizado prático para estudantes do curso de Turismo que participaram da organização. É o caso de Carla Eloisa Camargo, aluna do terceiro ano, que pretende trabalhar com organização de eventos depois que se formar. “É o motivo de eu ter entrado no curso de turismo. E essa experiência nos dá a ideia de como lidar com o financeiro e com partes burocráticas, como convidar pessoas e fazer ofícios. A gente aprende o que precisa fazer dentro de um evento, coisas que quem está de fora não vai enxergar. Acho que isso é o que mais agrega pra mim”. Segundo Carla, a experiência envolve um tema com o qual os alunos já têm familiaridade. “A questão do ecoturismo está bastante presente durante a nossa formação, inclusive com disciplinas de Sustentabilidade e Turismo em Áreas Naturais”, relata.

Acadêmicos da graduação e da pós-graduação também tiveram espaço para compartilhar pesquisas durante o Conecotur, ao lado de professores e pesquisadores de outras instituições. Para Tatiane Ferrari do Vale, doutoranda em Geografia na UEPG, a oportunidade foi enriquecedora. “A experiência foi muito boa porque a gente veio apresentar diferentes trabalhos”, disse. Ela destacou, entre eles, pesquisas sobre turismo científico, o Parque Estadual de Vila Velha e a interpretação ambiental, ressaltando o valor das discussões culturais e de valorização promovidas no encontro. A professora Sandra Dalila Corbari, da Universidade Federal do Pampa (Unipampa) que também apresentou e coordenou um dos eixos do evento, avaliou a participação como produtiva e necessária. “Foi uma experiência prazerosa, o evento é bastante interessante para a minha área de pesquisa”, afirmou. Segundo ela, a retomada do Conecotur representou uma oportunidade importante de troca acadêmica e divulgação científica.

Saída de campo

O evento terminou no sábado (23), com uma saída de campo para o Parque Estadual de Vila Velha e o Parque de Natureza Buraco do Padre (Parque Nacional dos Campos Gerais), onde os participantes puderam conhecer atrativos turísticos da região dos Campos Gerais e observar na prática a importância da preservação e da discussão sobre o ecoturismo.

Texto: João Pizani e Mariana Real | Fotos: João Pizani, Gabriel Ribeiro e Divulgação (Conecotur)


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