Uma empresa pré-incubada pelo Centro de Educação Empreendedora da Universidade Estadual de Ponta Grossa (CEE-UEPG) ganhou o Prêmio de Inovação do Polo da Saúde de Londrina, na categoria de Tecnologia Inovadora. A startup Blue Rise Health Tech participou do evento internacional Health Connect Summit, promovido pela Associação Londrinense de Indústrias da Saúde, dias 13 e 14 de agosto, em Londrina. A startup, liderada por Marcos Rogério Fertonani, desenvolve soluções inovadoras em diagnóstico médico assistido por inteligência artificial, com foco na integração entre tecnologia e componente humano na tomada de decisões clínicas.
Para Marcos, estar pré-incubado no CEE–UEPG foi decisivo para o amadurecimento do projeto. “Eu já trabalhava em casa há um ano e meio e queria ter um local onde eu pudesse não só buscar networking e aprendizado, mas ter um ambiente de troca,” explica. “Acho que esse é o ponto mais importante que uma universidade pode proporcionar para uma empresa. A professora Cleise é uma professora muito dedicada, ajuda muito, e tem muito networking,” adiciona. “As relações que se estabelecem ali são muito importantes para você desenvolver uma ideia, uma empresa. E, acho que todo mundo aprende. Todos os estagiários que estão ali, a própria professora Cleise, nós, a equipe da Blue Rise, todo mundo está em constante aprendizado.”
Para Marcos, a conquista é um marco na trajetória da start-up. “Para nós foi muito importante esse reconhecimento. A gente vem trabalhando muito duro durante esses três anos em que a Blue Rise existe. Esse prêmio mostra que estamos no caminho certo e que a nossa tecnologia pode ajudar a salvar vidas”, afirma.
Origem
A motivação para desenvolver a Blue Rise teve origem em experiências pessoais. Marcos recorda o diagnóstico tardio de sua irmã, Eloísa, quando ainda adolescente, e as dificuldades enfrentadas pelo pai em um processo de investigação clínica que demorou meses. Essas vivências familiares, segundo ele, foram determinantes para a criação da Blue Rise e para o direcionamento da tecnologia ao apoio em diagnósticos médicos. “Quando eu decidi que a Blue Rise ia ser o que ela é, a minha visão inicial sempre foi ter uma tecnologia que pudesse ajudar a melhorar a vida das pessoas. E eu entendo que a gente encontrou essa tecnologia”, ressalta.
Atualmente, a startup já conta com um algoritmo próprio, desenvolvido internamente, que auxilia o médico na formulação de hipóteses diagnósticas. “Quem decide é o médico. Nós apenas apresentamos uma hipótese, que ele pode aceitar e se não aceitar, perguntar ao sistema como chegou àquela resposta e a inteligência artificial mostra toda a linha de raciocínio. É uma tecnologia inovadora e certificada por padrões globais”, destaca o empreendedor.
O reconhecimento em Londrina coloca a Blue Rise em evidência dentro do cenário nacional de inovação em saúde. Segundo o fundador, a start-up já tem planos claros para os próximos passos. “Nós conquistamos um espaço importante, mas ainda temos muito a avançar. A nossa tecnologia pode reduzir em até 40% o tempo de espera por diagnósticos em hospitais públicos,” afirma. “Muitas pessoas vão em uma primeira consulta e o médico identifica que aquela especialidade que ela está procurando ou que ela foi orientada não é a melhor para ela naquele momento e ela precisa buscar outro especialista, nós vamos encurtar esse caminho e vai evitar que as pessoas tenham um dispêndio de tempo e de recursos,” continua. “Como nós temos um sistema de triagem, nós podemos avançar muito para que quando essas pessoas busquem um ambiente de saúde, elas sejam atendidas mais rápido.”
Além do impacto direto sobre pacientes e profissionais de saúde, a solução também deve beneficiar pesquisas médicas e a indústria farmacêutica. “Com os registros gerados pelo sistema, será possível identificar quais medicamentos se mostram mais eficazes em determinados tratamentos. Então a a Blue Rise não é só uma plataforma de diagnóstico médico, ela pode contribuir com a pesquisa, com o desenvolvimento de novos tratamentos, de novas soluções para que as pessoas possam ser tratadas de forma mais rápida, acelerando a pesquisa e o desenvolvimento de novas terapias”, finaliza.
Garage by Sebrae Startups
Para criar suas próprias startups, acadêmicos da graduação e pós-graduação da UEPG podem participar do Garage, programa do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae), em parceria com o CEE. Para a diretora do CEE–UEPG, Cleise Maria de Almeida Tupich Hilgemberg, o programa excede os limites da sala de aula e convida os estudantes a explorarem o universo da inovação e do empreendedorismo. “Duas turmas presenciais foram inauguradas nesta terça-feira, 19 de agosto”, destaca Cleise. “E, de forma especial, será ofertada uma turma remota voltada aos alunos do projeto Talento Tech, coordenado pela UEPG, com início previsto para o dia 27 de agosto,” adiciona.
Com oito encontros semanais programados entre os meses de agosto e outubro, o programa busca despertar o espírito empreendedor nos jovens universitários. De acordo com a diretora, as equipes formadas por estudantes de diferentes áreas terão acesso a workshops, mentorias especializadas e ferramentas estratégicas que estimulam a validação de ideias e a construção de modelos de negócio. “Para o CEE, essa parceria representa uma oportunidade valiosa de conectar o saber acadêmico à prática empreendedora, ampliando horizontes e fortalecendo a inserção dos alunos no mercado de trabalho”, avalia Cleise. “A proposta é mostrar que a trajetória profissional pode ir além do emprego formal, abrindo espaço para a construção de negócios inovadores e sustentáveis,” ressalta.
Ela acrescenta que o Garage também se destaca pela capacidade de criar vínculos entre as instituições parceiras e os participantes. “A participação no programa não apenas promove o aprendizado, mas também fomenta redes de colaboração e conhecimento, um verdadeiro catalisador de talentos e ideias.” As inscrições para os encontros presenciais foram encerradas, mas ainda é possível se inscrever em encontros remotos destinados aos alunos do Talento Tech, até esta sexta-feira, por meio de formulário on-line.
Texto: Mariana Real | Fotos: Érica Fernanda