

Por isso, profissionais da área estão cada vez mais atentos, de olho no passado e no presente, para buscar compreender e compartilhar conhecimentos que respondam às demandas contemporâneas. “A função do historiador é problematizar a sociedade, entendendo-a não como um conjunto homogêneo, mas formada por grupos com valores, propósitos, trajetórias diversas. Sendo assim, narrativas que buscam uniformizar como verdades absolutas sempre precisam ser problematizadas a partir de outras perspectivas dessa mesma sociedade”, explica a coordenadora do bacharelado em História, Elizabeth Johansen,
Elizabeth expõe também que a existência e a presença dos profissionais de História se torna ainda mais necessária no contexto presente, muito por conta da negação do conhecimento científico produzido nas universidades e da criação de narrativas históricas falsas, “que maquiam ou manipulam informações com interesses político-ideológicos”. “O profissional de História, seja licenciado ou bacharel, é fundamental para lembrar a todos o que grupos sociais buscam negar ou invisibilizar, solapando direitos sociais duramente conquistados, que é o direito à memória”, ensina.
Para Elizabeth, “o historiador é o profissional, que ao trabalhar com contextos sociais passados, analisa a sociedade com critérios cronológicos, políticos, religiosos, econômicos, etários, de gênero, étnicos, espaciais, culturais, enfim, por uma ampla ótica não restritiva, buscando compreender a sociedade analisada dentro de sua complexidade e diversidade”.
Nos livros, outro obstáculo
Outro desafio para quem é do campo da História, é a presença ainda comum de textos oficiais para tentar explicar de fatos históricos nos materiais didáticos, o que pode fazer com que sejam apresentadas teses que trazem versões já superadas pela historiografia, ou que privilegiam um grupo econômico ou social em detrimento de outros
Nesse sentido, o coordenador do curso de Licenciatura em História, Erivan Cassiano Karvat, comenta que a formação de egressos cada vez mais preparados se apresenta como o caminho para o combate aos materiais que ainda apresentam informações equivocadas ou enviesadas. “Para mudar o quadro em relação aos materiais didáticos é fundamental formar profissionais qualificados para atuarem na docência e na elaboração de políticas públicas na área da educação (elaboração de currículos e editais) e na produção de materiais para atendimento a essas políticas públicas”, defende.
Para que esse aprendizado se efetive, segundo Karvat, é necessário que já na graduação seja priorizada “a formação de um profissional crítico e embasado, com capacidade aprofundada de compreensão sobre as dinâmicas de produção do conhecimento histórico e sobre as diferentes formas de usos do passado”. “Um profissional que compreenda, inclusive, os meandros da persistências históricas que nos assolam – e que se traduzem, entre outros, em preconceitos, estereótipos, negacionismos e revisionismos infundados”, explica o professor.
As armas do conhecimento
A docente completa que há também formações específicas para a atuação social no mercado de trabalho, inclusive com a previsão da carga horária específica para o estágio curricular.
Quantos aos livros didáticos, Erivam conta que na UEPG, essa persistência de histórias oficiais, são abordadas com aulas que proporcionam “instrumentos aos acadêmicos e acadêmicas para se posicionarem em relação à diversidade de histórias e narrativas que surgem na sociedade contemporânea”. “E para que consigam reconhecer e denunciar criticamente o prejuízo que versões falseadas da realidade histórica acabam promovendo; para que tenham condições profissionais de produzir conhecimento histórico de ensinar uma história comprometida com a diversidade das experiências históricas já vividas e com o seu próprio tempo”, completa.
Dia do historiador
A data de 19 de agosto foi escolhida em homenagem ao nascimento de Joaquim Nabuco, escritor, diplomata e historiador, que foi relevante também no movimento abolicionista nacional, além de um dos fundadores da Academia Brasileira de Letras. A Lei nº 12.130/2009 instituiu a comemoração.