

Intitulado “Avaliação dos Centros de Especialidades Odontológicas referentes à confecção de prótese por meio de tecnologia analógica frente à implementação e monitoramento do fluxo digital”, o estudo terá início com a definição de protocolos clínicos e a análise do custo-benefício da adoção de tecnologias digitais na confecção de próteses.
De acordo com o professor da UEPG e assessor da Coordenação-Geral de Saúde Bucal do Ministério da Saúde, João Victor Inglês de Lara, o projeto para a inclusão do fluxo digital em prótese dentária no SUS faz parte da Política Nacional de Saúde Bucal (Brasil Sorridente), sancionada pela Lei 14.572/2023. “A reabilitação através de próteses dentárias em fluxo digital de pacientes que perderam um ou mais dentes é uma importante ação para apoiar o tratamento dentário, reduzir o tempo de espera e ampliar o acesso ao atendimento especializado no Brasil”, destaca.
Segundo ele, a UEPG foi escolhida como referência nacional para o projeto por possuir expertise na área, e será responsável por realizar apoio técnico e científico aos profissionais cirurgiões-dentistas do SUS. A Universidade irá desenvolver pesquisas para avaliar a efetividade do fluxo digital no sistema público de saúde, com execução na UEPG e no Centro de Especialidades Odontológicas (CEO) de Ponta Grossa. “Além disso, o projeto trará novas bolsas de iniciação científica e mestrado para a UEPG, integrando o ensino, a pesquisa e a comunidade através do apoio à prestação de serviços aos usuários do SUS com o maior nível de tecnologia disponível”, afirma de Lara.
A odontologia digital, de acordo com o professor João Victor, quando comparada à convencional, apresenta benefícios significativos: maior precisão diagnóstica, conforto ao paciente, agilidade no atendimento e menor impacto ambiental. “Para tornar isso possível, serão implementados equipamentos de ponta no Centro de Especialidades Odontológicas de Ponta Grossa, temporariamente instalados na UEPG: escâner intraoral, escâner de bancada, impressora 3D, fresadora, forno de sinterização de zircônia, notebooks e um sistema completo de digitalização de imagens”, finaliza.
A iniciativa na UEPG envolve, além de João Victor, os professores Alfonso Sánchez Ayala, Nara Hellen Campanha Bombarda e Vanessa Migliorini Urban da área de Reabilitação Oral do Departamento de Odontologia em colaboração com os pesquisadores Patricio Runnacles e Rosana Marques Silva Figueroa.
Docentes também apresentaram outros três projetos para o PPSUS
O projeto do professor Alfonso tem como objetivo comparar o método convencionais com o método condensado “One-step approach” para confecção de dentaduras completas com foco em qualidade técnica, função mastigatória, estética e qualidade de vida. Segundo ele, o objetivo será determinar se o novo método oferece resultados equivalentes ou superiores ao convencional. “Métodos simplificados têm sido desenvolvidos com o objetivo de reduzir o tempo clínico e laboratorial, assim como o gasto de recursos. Estes métodos se limitam a moldagem anatômica preliminar, eliminando a necessidade de moldagem seletiva e funcional. Aparentemente, esta alternativa tornaria o tratamento mais imediato. No entanto, a ausência de passos determinantes pode resultar em um trabalho menos preciso, quando comparada ao método convencional”, explica.
Já a professora Nara propôs desenvolver um estudo no Hospital Universitário (HU-UEPG) com placas miorrelaxantes impressas em 3D para pacientes com Desordens Temporomandibulares (DTM). Ela vai acompanhar por 18 meses as alterações observadas por ressonância magnética. “Utilizaremos escaneamento intraoral para registrar os arcos dentários e a relação cêntrica do paciente, seguido da impressão 3D da placa oclusal, substituindo o método convencional — que exige múltiplas etapas manuais, como moldagem, confecção de modelos de gesso, enceramento e polimento — por um fluxo digital mais direto, preciso e viável no contexto do SUS”, destaca. Segundo ela, essa abordagem permitirá um número amostral maior e maior agilidade na produção das placas, além de reduzir a necessidade de mão de obra especializada, cada vez mais escassa e onerosa, já que com o uso de softwares específicos, a tarefa pode ser realizada por profissionais treinados.
Texto e fotos: Tierri Angeluci