Promigra-UEPG realiza formatura da terceira turma do curso de português para migrantes

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As portas se abriram para uma nova vida aos migrantes que chegaram a Ponta Grossa. Por meio do projeto de extensão Processos Migratórios e Intercâmbio: Inclusão Social e Diversidade Cultural (Promigra), da Universidade Estadual de Ponta Grossa (UEPG), 63 pessoas finalizaram o curso de Língua Portuguesa, em formatura realizada na última segunda-feira (24). Com o certificado do curso em mãos, os participantes agora podem agilizar o processo de naturalização no país.

Foi a terceira turma que se formou pelo projeto. As aulas, neste ano, se dividiram em turmas de iniciantes, com 53 alunos, e uma intermediária, com 10 participantes. Na solenidade realizada no Grande Auditório da UEPG, Joan Alejandro Gonzalez Calveno estava sentado na primeira fileira. Feliz por ter conseguido o certificado de conclusão do curso de iniciantes, ele celebrou o fato de estar em Ponta Grossa com seus pais, irmão e avó. “Eu vim de Cuba há nove meses, aqui é muito acolhedor, comida boa, vocês brasileiros têm muita energia, estou gostando muito”, conta sorrindo. 

Conseguir responder à entrevista em português só foi possível graças às aulas no Promigra. “Quando eu cheguei ao Brasil, não sabia nada de português, e agora consegui perder a vergonha de me expressar e entendo o que as pessoas falam comigo”. O próximo passo para o cubano de 19 anos é estudar para o Vestibular da UEPG. “Gostei muito da Universidade, vou me preparar para estudar Artes Visuais aqui em 2027”.

Maria Laura Amodío Ramos, venezuelana, mora há cinco anos no Brasil e há um ano em Ponta Grossa. Desde que pisou pela primeira vez em solo brasileiro, se apaixonou pelo país. “Uma coisa boa no Brasil é que tem portas abertas para os estrangeiros, [com ajuda na] documentação, na vida pessoal, no trabalho… nossa, eu tô apaixonada, quero viver pra sempre aqui com minha filha”, contou animada. Sobre o que a faz grata por estar no Brasil, Maria citou uma lista: a comida, a cultura, a estrutura, a boa educação para a filha de sete anos, além do acolhimento pelos brasileiros. E sobre o curso de Português que participou ao longo do ano, ela foi enfática: “me ajudou um monte, se não houvesse feito esse curso, eu estava perdida, porque foi assim que consegui trabalho e estou fazendo vários cursos para aprender uma nova profissão”.

Neste ano, o Promigra inovou e ofereceu atividades para além das aulas de Língua Portuguesa: os participantes tiveram aulas de história do Paraná, passeios em pontos turísticos e encontros para trocas culturais entre os migrantes. Os participantes também tiveram contato com alunos do curso de Letras, que ministraram aulas de Português, e do curso de Serviço Social, que prestaram apoio durante todo o período letivo. O Promigra ainda tem parceria com a Cáritas Diocesana, que acolhe refugiados na cidade. Dentre os docentes  do curso, a professora Pascoalina Saleh ganhou muitos aplausos durante a solenidade de abertura. “Eu até tinha preparado uma fala diferente pra hoje, mas depois das falas de vocês, decidi abrir o coração aqui”, iniciou o discurso.

Para Pascoalina, o Promigra é muito mais do que aprender a Língua Portuguesa: “aqui tem vivência, tem orientações sobre documentação, sobre arranjar emprego. E teve muita troca, vocês passaram uma energia muito boa pra gente, então eu agradeço a todos e parabenizo os formandos”, comemora.

Quando o Promigra foi criado há três anos, o objetivo era acolher refugiados, recorda a coordenadora, professora Lenir Mainardes. “E naquele momento, pensamos que a maior necessidade seria suprir a barreira linguística, e foi bem diferente pensar num curso voltado a pessoas que já possuem formação superior, como muitos dos participantes”. Foi ensinando que a organização também aprendeu com os alunos. “Começamos a entender melhor as culturas, aprender que o espanhol é falado de formas diferentes em cada país, foi uma troca muito interessante, porque nossos alunos da UEPG também saem ganhando muito com a experiência”. Lenir ressalta que, agora que os migrantes já dominam o português, o próximo passo é inseri-los na agenda política do Paraná, para debate sobre direitos e inserção na sociedade.

“Gratidão” é a palavra que Grace Boada mais gostou de aprender no curso. É o que ela ressaltou, emocionada, durante o discurso em nome dos formandos: “É isso que resume tudo o que passamos aqui, muita gratidão por tudo o que aprendemos”. 

Texto e fotos: Jéssica Natal


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