

O Mexilhão-dourado (Limnoperna fortunei) é um molusco de espécie invasora que causa a destruição da vegetação aquática, aumenta a disputa por alimentos com moluscos nativos, entupimentos em dutos de água e prejuízos às navegações e comunidade pesqueira. Como toda pesquisa, o projeto da UEPG é construído por tentativas e suposições. Ao todo, são 16 etapas/metas para entender como funciona a reprodução do Mexilhão-dourado, e as condições favoráveis para a sua sobrevivência, informações base para o processo de patenteação metodológica, como a triploidização de cromossomos, técnica utilizada para testar a esterilidade. Já foram registradas a simulação do ambiente para indução da reprodução e o pacote tecnológico desenvolvido para a coleta e transporte desses mexilhões, processo de extrema importância para o andamento das pesquisas, de acordo com a bióloga bolsista do projeto, Seth Wiens Marques.
“Entender como ele vive e sobrevive nos ajuda a transportá-lo com segurança e mantê-lo vivo nos laboratórios de Genética Evolutiva e de Reprodução de Organismo Aquáticos da UEPG. Ou seja, o transporte nos oportuniza a observação nos laboratórios ao invés de ser apenas no local onde foram encontrados os mexilhões, e isso reduz os custos de pesquisa com deslocamento”, finaliza Seth.
Com o transporte feito, começam as análises. Outro bolsista do programa, o oceanógrafo Augusto Luiz Ferreira Junior explica a análise de mexilhões férteis e inférteis. “Imagine que há uma casa com um casal que pode ter filhos e outro casal que não pode ter filhos. Este último irá ocupar o espaço mas não irá construir outras casas e nem terá novos filhos, diferente do outro casal, que pode construir mais casas e reproduzir mais filhos”, explica Augusto. Com isso, é possível realizar a troca de casais entre um fértil e um infértil, mas com extrema cautela. “O que a gente tem que tomar muito cuidado é que os casais podem virar trisais que podem ter filhos, e aí no lugar da gente conter, a gente pode acelerar”, finaliza Augusto.
A pesquisa, que cumpre os Objetivos 12 e 14 de Desenvolvimento Sustentável da Organização das Nações Unidas (ONU), Consumo e Produção Responsáveis e Vida na Água, respectivamente, busca entender as características do Mexilhão-dourado para controlar a sua proliferação. “Esse bichinho, muito pequenininho, asiático, entrou na América do Sul na década de 90, e até hoje ninguém conseguiu controlar ele. Em três anos, conseguimos avançar bastante em um produto potente e sem impactos para o meio ambiente”, comenta o professor do Departamento de Biologia Estrutural, Molecular e Genética Coordenador, e coordenador do projeto, Roberto Ferreira Artoni.
Texto e fotos: Erica Fernanda.